Dark (2017-2020) é uma daquelas séries que você tem que assistir com um caderninho anotando nomes e datas ou consultando uma wiki que explique toda a enrolada trama.
O plot envolve quatro famílias em uma pequena cidade alemã na qual um misterioso buraco de minhoca (um fenômeno quântico afetando o próprio tecido do espaço-tempo) se formou numa caverna abaixo de uma usina nuclear.
Este buraco de minhoca acabou por se tornar uma espécie de gatilho para o apocalipse, desestabilizando o ciclo da história, além de ser um portal de viagem no tempo. E é com base nisso que se desenrola toda a complicação de linhas do tempo, com personagens viajando para o passado e o futuro, encontrando suas versões mais novas ou mais velhas, o filho encontrando o próprio pai quando este ainda era criança e por aí vai.
A história começa em 2019, mas o seu desenrolar envolve os anos de 1921, 1954, 1987 e até 2053, num futuro distópico e desolado.
Assisti à série incentivado pelo hype que se formou em volta dela, mas sinceramente (afinal é pra isso que escrevo essas resenhas, para dar minha humilde impressão pessoal) achei um tanto maçante e não acrescentou nada de novo ao clichê da viagem temporal.
O que fizeram para impressionar o público foi aumentar o número de variáveis. Enquanto no clássico Back to the Future (1985) nós vemos um protagonista lidando com uma timeline relativamente simples, em Dark misturam o curso de vida de quatro famílias em pelo menos cinco datas diferentes, nos saturando com informação. Além disso, os personagens estão sempre repetindo o mote de que "o tempo é cíclico, tudo se repete". Dão tanta ênfase a esse conceito que ele acaba se tornando vazio.
Isso me lembra Cloud Atlas (2012), um ousado filme da dupla Wachowski (Matrix), que conseguiu interligar seis timelines diferentes distribuídas ao longo de cinco séculos num encadeamento profundo, criando uma história cíclica. Cloud Atlas foi de fato genial nesse aspecto, apesar de ter flopado. Quanto a Dark, bom, não chega aos pés de Cloud Atlas, mas valeu a tentativa.
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