"Não é sinal de saúde estar bem ajustado a uma sociedade profundamente doente”.
(Krishnamurti)
Dizem que os loucos não costumam saber que são loucos e muitas vezes se irritam se você os chama de loucos. "Eu não sou maluco" é o bordão do maluco. Ser chamado de maluco é recebido como uma ofensa.
Existe, porém, um tesouro para quem atravessa esse vale sombrio da aceitação da loucura. Descobrir-se louco pode ser, para a pessoa habituada a se achar normal, um grande choque, um grande susto ou até decepção e vergonha consigo mesma. Quem ultrapassa essa fronteira da reação negativa, pode encontrar a bem-aventurança e o alívio de aceitar a loucura.
É como a perda da vergonha do corpo que o nudista possui. O nudista transcende a barreira imposta da normalidade e a vergonha que deveria sentir, segundo a norma do pudor. A loucura é uma nudez existencial, é desfazer-se das fantasias da normalidade e enxergar a real aparência do seu espírito.
No tarô há duas cartas claramente associadas ao louco: a principal é nada menos do que a primeira carta do baralho, o arcano zero, chamada justamente de O Louco. Nela nota-se um andarilho caminhando feliz em um dia ensolarado, levando apenas uma trouxa. Ele desapegou-se das coisas que o prendiam à normalidade e aventurou-se neste mundo da loucura.
A outra carta é o arcano doze, O Pendurado, ou O Enforcado. Nela o sujeito está pendurado pelo calcanhar, de cabeça para baixo. Ele está experimentando uma nova perspectiva, uma nova maneira de enxergar o mundo, uma inversão de mente. Assim é o louco, enxerga as coisas de outra maneira, uma maneira nova e não convencional.
Sob certa perspectiva, o tarot inteiro pode ser lido como a jornada do personagem que surge no primeiro arcano, a jornada do Louco. Neste percurso, ele por se tornar o brilhante Mago, os poderosos Imperador e Imperatriz, o sábio Eremita, o hedonista Diabo, os apaixonados Amantes, até mesmo a santa Temperança. Há um Mundo de possibilidades no caminho do Louco.
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