Qaligrafia
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A arte de Star Trek estava na vanguarda da astronomia

Star Trek, Earth view

Atualmente os efeitos especiais e os cenários de Star Trek nos parecem bem ultrapassados, mas existe algo em que a série realmente estava à frente de seu tempo e mesmo hoje ainda preserva uma beleza e verossimilhança científica: os cenários espaciais.

Earth 1968 by Apollo 8
Primeira imagem do globo terrestre, tirada pela Apollo 8 em 1968.

Nos anos 60 não existiam fotos próximas de planetas. Havia imagens com baixa resolução captadas por telescópios. As primeiras sondas espaciais só viriam na década de 70 e até mesmo a primeira foto do globo terrestre só foi tirada em 1968 pela missão Apollo 8. 

Star Trek, Earth view

É curioso, então, ver como Star Trek conseguiu retratar a Terra no ano de 1967 sem ter qualquer foto real para se basear. Estas artes conceituais eram feitas usando apenas a imaginação e criatividade e ainda hoje parecem convincentes, como se o artista realmente tivesse visto a Terra do espaço.

Recentemente tivemos outro caso em que a ficção se antecipou à ciência na representação gráfica. Em 2014 o filme Interstellar apresentou um buraco negro que na época era apenas uma imagem conceitual desenvolvida por artistas gráficos.

Acabou que no fim das contas esta criação imaginária era bem semelhante ao que hoje a NASA considera ser a aparência real de um buraco negro, como vemos na imagem elaborada pela agência usando algoritmos e dados matemáticos.

Gargantua, Interstellar (2014)

Black Hole by NASA

Iron Man: Armored Adventures, uma série teen do Homem de Ferro

Iron Man: Armored Adventures (2008-2012)

Em comparação com a DC, a Marvel não tem produzido boas séries animadas, mas vez ou outra eles acertam. Este é o caso de Iron Man: Armored Adventures (2008-2012).

Iron Man: Armored Adventures (2008-2012)

Essa série se passa em um mundo alternativo, nomeado na Marvel database como Earth-904913. Lembremos que o "universo oficial" da Marvel, onde vivem os personagens das revistas clássicas, é o Earth-616, enquanto o universo do cinema e séries mais recentes, o chamado MCU, é o Earth-199999. Tanto a Marvel como a DC são extremamente organizadas em catalogar os mundos de seus personagens.

Iron Man: Armored Adventures (2008-2012)

Pois bem, nesse mundo, vemos um Tony Stark ainda adolescente se tornando o Iron Man. O desenho tem uma qualidade decente e o mais interessante dos episódios é o fato de haver constantes crossovers, de modo que ao longo das duas temporadas vemos vários outros personagens, heróis e vilões, em suas versões deste universo alternativo.

Iron Man: Armored Adventures (2008-2012)

Temos, por exemplo, a participação do Máquina de Combate (seu clássico parceiro), Hulk (verde e depois cinza), Pantera Negra, Nick Fury e a S.H.I.E.L.D., Doutor Destino, Ghost, uma interessante versão do Mandarim (que age como o maior rival e às vezes aliado ao longo da série) e tantos outros. No episódio 19 da segunda temporada ele encontra até o Homem de Ferro 2099, que é seu bisneto vindo do futuro.

Iron Man 2099, Iron Man: Armored Adventures (2008-2012)

Rescue Armor, Iron Man: Armored Adventures (2008-2012)

Também acompanhamos a evolução da tecnologia Stark e a sua coleção de armaduras como MK I (aquela que tem um círculo no peito), MK II (a que tem um triângulo no peito), Silver Centurion, Stealth Armor, Space Armor, Arctic Armor e a querida e parruda Hulkbuster. Além disso, há a armadura feminina feita para a Pepper Potts, a Recue, que tem um design bem elegante.

Iron Man: Armored Adventures (2008-2012)

Doom, Iron Man: Armored Adventures (2008-2012)

Star Trek ou Que cara é essa, Vina?

Star Trek, Vina

No famoso episódio zero de Star Trek, chamado The Cage, o Capitão Pike (antecessor do Kirk) é aprisionado em um planeta por uns aliens com cara de bunda e lá existe outra cativa humana: Vina.

Os aliens têm poderes mentais e mantêm os dois em um mundo imaginário. Certo momento, Vina insiste para que Pike se esconda com ela porque tem algum monstro se aproximando. Ela insiste e insiste e ele fica apenas elucubrando se aquilo era real ou fantasia. 

Star Trek, Vina

É nesse momento que ela faz uma expressão que por décadas tem sido um mistério para o público de Star Trek. Ela faz uma careta e sai correndo e fica aí a dúvida: a intenção era expressar um grito de medo com a aproximação do monstro? Ela fez um muxoxo do tipo "Ah, dane-se se você não quer vir, eu vou sair daqui"? Ou foi uma piscadela do tipo "Vem, eu tenho um plano"? Nunca saberemos.

Meu nome não é Zelda!

Alguns personagens cujos nomes são confundidos com o título de suas séries:

O Zelda, Zeldinha, de fato se chama Link. Zelda na verdade é o nome da princesa do mundo fantástico em que vive o Link.

Zelda

Akira não é o nome do protagonista, mas do antagonista. O herói, conhecido por sua moto estilosa, se chama Kaneda.

Akira

Todo mundo sabe que o nome da bela e gelada princesa é Elsa, mas o título do filme acabou lhe rendendo o apelido carinhoso de Frozen.

Frozen

O nome do Shazam é uma looonga história. Quando foi criado na década de 30, ele pertencia à editora Fawcett Comics. O personagem originalmente se chamava Capitão Marvel e seus poderes lhe foram concedidos pelo Mago Shazam. 

O nome SHAZAM é um acrônimo que mistura as iniciais dos nomes de vários seres mitológicos (Salomão, Hércules, Atlas, Zeus, Aquiles e Mercúrio) e é uma palavra mágica usada pelo Capitão Marvel para invocar seus poderes.

Acontece que a DC Comics achou o personagem parecido com o Superman e rolou um longo processo entre as duas editoras e no fim das contas a DC comprou o Capitão Marvel. Esse nome sempre gerou confusão na cabeça das pessoas, já que Marvel é o nome de outra editora (que inclusive tem a sua Capitã Marvel). Não à toa a DC tem gradativamente colocado em destaque o nome Shazam nos títulos das revistas e agora no filme. Maaas ele ainda é o Capitão Marvel.

Shazam!

A feiticeira Eva Green está de volta como astronauta em Proxima

Proxima (2019)

Estes dias está rolando o Ad Astra no cinema, que com certeza assistirei um dia, afinal astronomia é um de meus temas favoritos, mas eis que agorinha fiquei sabendo de um filme do qual nada tinha ouvido falar. Só fiquei sabendo por causa de um tuíte do perfil da própria NASA fazendo a divulgação.

Estou falando de Proxima. Bom, por ser uma produção indie francesa, é compreensível que não tenha um alcance tão amplo na publicidade. De toda forma, me chamou atenção a beleza do trailer (regado com uma música do M83 que fora tema do filme Oblivion) e, claro, a presença da minha amada Eva Green (que me conquistou lá nos tempos de Penny Dreadful). Com certeza assistirei.

Dark, uma trama emaranhada e repetitiva

Dark (2017)

Dark (2017-2020) é uma daquelas séries que você tem que assistir com um caderninho anotando nomes e datas ou consultando uma wiki que explique toda a enrolada trama.

O plot envolve quatro famílias em uma pequena cidade alemã na qual um misterioso buraco de minhoca (um fenômeno quântico afetando o próprio tecido do espaço-tempo) se formou numa caverna abaixo de uma usina nuclear.

Dark (2017)

Este buraco de minhoca acabou por se tornar uma espécie de gatilho para o apocalipse, desestabilizando o ciclo da história, além de ser um portal de viagem no tempo. E é com base nisso que se desenrola toda a complicação de linhas do tempo, com personagens viajando para o passado e o futuro, encontrando suas versões mais novas ou mais velhas, o filho encontrando o próprio pai quando este ainda era criança e por aí vai.

A história começa em 2019, mas o seu desenrolar envolve os anos de 1921, 1954, 1987 e até 2053, num futuro distópico e desolado.

Dark (2017)

Assisti à série incentivado pelo hype que se formou em volta dela, mas sinceramente (afinal é pra isso que escrevo essas resenhas, para dar minha humilde impressão pessoal) achei um tanto maçante e não acrescentou nada de novo ao clichê da viagem temporal. 

O que fizeram para impressionar o público foi aumentar o número de variáveis. Enquanto no clássico Back to the Future (1985) nós vemos um protagonista lidando com uma timeline relativamente simples, em Dark misturam o curso de vida de quatro famílias em pelo menos cinco datas diferentes, nos saturando com informação. Além disso, os personagens estão sempre repetindo o mote de que "o tempo é cíclico, tudo se repete". Dão tanta ênfase a esse conceito que ele acaba se tornando vazio.

Isso me lembra Cloud Atlas (2012), um ousado filme da dupla Wachowski (Matrix), que conseguiu interligar seis timelines diferentes distribuídas ao longo de cinco séculos num encadeamento profundo, criando uma história cíclica. Cloud Atlas foi de fato genial nesse aspecto, apesar de ter flopado. Quanto a Dark, bom, não chega aos pés de Cloud Atlas, mas valeu a tentativa.

Dark (2017)

Agents of S.H.I.E.L.D., a mais longa série do MCU

Agents of S.H.I.E.L.D. (2013-2020)

A primeira fase do MCU, o universo compartilhado de filmes da Marvel, durou de 2008 a 2012, começando com o filme do Homem de Ferro (2008), depois o Incrível Hulk (2008), Homem de Ferro 2 (2010), Thor (2011), Capitão América (2011) e culminando no grande e inesquecível crossover dos Vingadores (2012).

Lady Sif, Agents of S.H.I.E.L.D.

Então eis que surgiu a primeira série baseada neste universo, Agents of S.H.I.E.L.D. (2013). A ideia era produzir uma série que adotasse o mesmo princípio de universo compartilhado dos filmes. O primeiro grande exemplo disso foi a aparição da Lady Sif na primeira temporada, ela que é uma personagem dos filmes do Thor, uma guerreira asgardiana. Na segunda temporada vimos a Agent Carter, vinda dos filmes do Capitão América.

Agent Carter, Agents of S.H.I.E.L.D.

Todavia, essa coisa de fazer crossovers com personagens dos filmes não foi muito além disso. O principal crossover, claro, envolve o próprio protagonista da série, o agente Coulson, que sempre esteve ali nos filmes do MCU ao lado do Nick Fury, foi quase morto pelo Loki, inclusive.

Aconteceu então que, apesar das ocasionais menções aos eventos do MCU, Agents of S.H.I.E.L.D. foi seguindo um caminho próprio e cada temporada se tornou uma saga envolvendo algum vilão criado na própria série, como o Ward, a inumana Raina, a androide Aida, etc.

Falando em inumanos, é interessante que os inumanos de Agents of S.H.I.E.L.D. acabaram sendo melhor desenvolvidos que os inumanos da própria série intitulada Inumanos (2017). Comentei sobre essa série em outro post (aqui). 

Kree, Agents of S.H.I.E.L.D.
Basicamente os kree são humanos pintados de azul.

Com sete temporadas de mais de vinte episódios cada, Agents of S.H.I.E.L.D. é até o momento a maior série da Marvel, a de mais longa vida e que teve oportunidade de apresentar muitos personagens além da equipe principal, sem contar que trouxe uma civilização alienígena bem conhecida dos quadrinhos: os kree

Ghost Rider, Agents of S.H.I.E.L.D.
A gente chama de "Motoqueiro", mesmo ele dirigindo um carro.

De todos os personagens, porém, o melhor foi o Motoqueiro Fantasma. Ele veio na quarta temporada como algo de uma natureza bem diferente do costumeiro na série. Não era alien, nem inumano, nem alguma criatura tecnológica, mas sim uma entidade mística.

O CGI do personagem ficou muito bom e o ator também encarnou bem o papel, de modo que pode-se dizer que esse Motoqueiro Fantasma é melhor do que aquela primeira versão do Nicolas Cage, de 2007. Fenômeno semelhante aconteceu com o Justiceiro, cuja versão da série também é melhor que qualquer outra do cinema. Sobre o Justiceiro, falei em outro post também (aqui). Como prova de seu sucesso, o Motoqueiro, o Ghost Rider, ganhará seu próprio spin-off em 2020.

(Aaand, algumas horas depois que postei isso, veio a notícia que a Hulu havia desistido da série do Ghost Rider. Ok né).

Existe um episódio em particular que pra mim se tornou memorável e considero o melhor de toda a longa série: o quinto episódio da terceira temporada, intitulado 4,722 Hours, é como um conto à parte, mostrando uma peculiar aventura da Jemma Simmons que ficou aprisionada em um planeta hostil por 14 anos com um estranho. Ao longo dos anos essa dupla solitária naquele planeta se torna um casal, mas Jemma nunca se esquece do Fitz, que está lá na Terra.

É um pequeno romance épico de 40 minutos e que deu profundidade emocional à Jemma, além de mais complexidade e firmeza ao relacionamento dela com Fitz, pois sobreviveu ao exílio de 14 anos. Não à toa Jemma e Fitz são o casal mais shippado da série e mais na frente acabariam se casando, para fan service de todos que torceram por eles.

Agents of S.H.I.E.L.D. deu uma grande contribuição para enriquecer o MCU, enchendo-o de novos personagens, incluindo o Motoqueiro, e esse será o legado da série que chegará a seu fim em 2020. Talvez seu grande problema, ao menos pra mim, é o excesso de episódios.

Hoje em dia, com tantas séries pra se assistir, 22 episódios por temporada é demais. Agora temos um "padrão Netflix" de 10-13 episódios que é mais adequado, permite histórias sem muita encheção de linguiça e que podem ser rapidamente maratonadas. Nas duas últimas temporadas, aliás, eles já passaram a adotar o formato de 13 episódios.

Stan Lee, Agents of S.H.I.E.L.D.


Star Wars, um resumão dos filmes e séries

Star Wars

A primeira vez que assisti algo de Star Wars foi lá na década de 80 (é, sou véio), quando a trilogia clássica (1977-1983) começou a passar na TV. Eu era uma criança em um mundo que não tinha internet nem computadores nas nossas casas, muito menos celulares. O video game da época era o Atari.

Para nós, crianças dos anos 80, tudo nos filmes impressionava. Star Wars e o ET eram para nós o auge dos efeitos especiais. Quanto à história, absorvi bem pouco e lembro que só guardei algumas cenas dispersas na memória, como aquela em que o Luke está em um planeta gelado e abre as entranhas de um bicho pra se manter aquecido dentro. Eu já era fascinado por um gore desde cedo.

Star Wars
Miniaturas usadas nos efeitos especiais.

Ao longo dos anos cheguei a assistir os filmes vez ou outra na TV, incluindo a segunda trilogia (1999-2005), que foi dirigida pelo próprio George Lucas, mas é aquele negócio: muitas das coisas que vemos na televisão é com a atenção dispersa. Às vezes a gente deixa a TV ligada e fica fazendo outras coisas, saindo pra cozinha, pro banheiro, e não tem como pausar. Assistir filmes pela TV era uma experiência fragmentada.

Então só uma década depois, lá por volta de 2014, já com as facilidades da internet, resolvi rever as duas trilogias com mais atenção e também algumas séries animadas. E estes dias, cinco anos depois, novamente me dediquei a assistir tudo de novo na ordem cronológica, a fim de refrescar a memória e me preparar para os filmes e séries que ainda não vi.

Yoda and the Muppets

George Lucas foi o autor da trilogia clássica, mas felizmente deixou a direção nas mãos de profissionais experientes. Já a trilogia dirigida por George Lucas me parece realmente estranha. Os atores parecem entediados ou "tímidos", os diálogos soam forçados e mecânicos, como uma conversa entre estranhos em um elevador. E tenho impressão que isso foi por causa da direção do Lucas. Ele não é lá um cara habilidoso em lidar com pessoas. Faz mais o tipo do nerd reservado. Isso deve ter afetado a performance dos atores.

Acho que os efeitos especiais da "trilogia Lucas" foram decentes para os anos 90-2000. Usaram o melhor que tinham no momento e conseguiram fazer coisas grandiosas, como batalhas campais com centenas de droides e naves, etc. Os efeitos especiais da trilogia clássica não tiveram o luxo do CGI, mas contaram com uma arte outrora já estabelecida e madura no cinema, que eram os efeitos práticos usando miniaturas e bonecos de borracha.

A pior coisa do Episódio 1 todos sabem: Jar Jar Binks. A ideia era ser um alívio cômico, um papel que já era desempenhado pela dupla R2-D2 e C-3PO, mas Jar Jar Binks é totalmente sem graça. É apenas um cara bem atrapalhado. Se bem que ele tem lá as suas falas memoráveis que viraram memes do universo Star Wars, como a saudação "hello, boyos".

Darth Maul

Cada filme costuma ter um chefão, um grande oponente para os jedi. No Episódio 1 temos o Darth Maul, que foi um vilão bem marcante por conta da sua aparência diabólica e do sabre com duas lâminas. Maul pode ser contado como a melhor coisa desse filme e depois foi até aproveitado em uma série animada.

Conde Dookan/Darth Tyranus

O Episódio 2 dá uma grande contribuição à mitologia da série, mostrando a fabricação dos clones, o Jango Fett e seu filho Bobba Fett, e é daí que vêm os famosos stormtroopers. Já o vilão da vez foi o Christopher Lee (no papel do Conde Dookan/Darth Tyranus) que não precisa de maquiagem nem de um figurino foda como o Darth Maul, afinal é o Christopher Lee.

General Grievous

O Episódio 3 tem um salto de qualidade no CGI. Afinal já era o ano de 2005 e a essa altura George Lucas estava nadando em dinheiro, podendo investir bastante nos efeitos especiais, cenário, figurantes. Não à toda ele aproveitou os recursos que tinha pra criar um vilão digital, o General Grievous, que tem um conceito visual bem interessante.

Wookies

Além disso, vemos uma fucking batalha de wookies!

Darth Vader

O Episódio 3, além de ser o melhor da trilogia do Lucas, é extremamente importante para toda a série. Nele é apresentado o maior vilão de toda a franquia, Palpatine (que transforma a República em um Império), e, claro, vemos a transformação de Anakin em Darth Vader. Ok, Vader é o maior vilão de todos, mas de certa forma ele pode ser um anti-herói (e convenhamos que ele não teria se envolvido tão profundamente no Império se não fosse a manipulação de Palpatine). Também é aí que tem início a construção da Estrela da Morte.

É o filme mais trágico da série, pois a maioria dos jedi é massacrada e Anakin chega até a matar as crianças aprendizes de jedi. Para completar a tragédia, Padmé morre durante o parto, o estopim para consolidar a loucura de Anakin.

Até Obi Wan, que tinha a imagem de um personagem equilibrado e pacífico, passa dos limites quando luta contra Anakin. Depois de cortar as pernas do discípulo, Obi Wan simplesmente fica vendo o coitado ser queimado vivo numa lenta e torturante morte perto da lava.

Ele podia ter usado a força e puxado o corpo de Anakin um pouquinho mais pra longe do rio de lava? Podia né. Ou, se ele queria que Anakin morresse, podia ter dado uma morte misericordiosa com um golpe. Obi Wan teve seu momento de sadismo.

O Episódio 4 é o começo de tudo. Não o começo da cronologia, mas foi o primeiro filme lançado em 1977. Começa no "meio" de toda a saga, com os personagens que então se tornaram clássicos e os grandes ícones da franquia: Luke, Leia e Han Solo, além de seus "pets" R2-D2, C-3PO e Chewbacca.

R2D2, C3PO

Os destinos convergem. Leia, no espaço, rouba segredos da Estrela da Morte e envia por meio do R2-D2 para o planeta Tatooine que, coincidentemente, é onde Luke foi criado e também onde Obi Wan Kenobi se refugiou como eremita, adotando o brilhante e irreconhecível apelido de Ben Kenobi.

Aí Luke encontra Obi Wan, recebe o sabre de luz de herança, vão num bar e contratam Han Solo e vão pro espaço com os robôs para encontrar Leia e entregar o "pen drive" com os dados da Estrela da Morte, então a inteligência dos rebeldes planeja o ataque do qual Luke participa e, despertando sua intuição de jedi, ele consegue acertar no buraquinho que vai direto pro núcleo da Estrela. Parabéns para o engenheiro que deixou esse ponto fraco tão crítico. A estrela explode e vira purpurina.

Death Star 1

Seguindo um formato clássico de space opera, nesse filme há várias dog fights, batalhas de naves, e também luta de espadas, no caso, o confronto entre Obi Wan e Darth Vader, quando o Obi Wan vira "fantasma". Essa capacidade de se tornar um espírito imortal e quase onipresente é uma arte dominada por poucos jedis. Obi Wan aprendeu isso com Qui-Gon. O Yoda também aprendeu, o que foi narrado na série animada Clone Wars.

Blizzards

O Episódio 5 é cheio de aventuras e personagens novos. Começa com Luke naquele planeta de gelo, Hoth, quando é atacado por um "pé grande" e depois resgatado por Han Solo. É nessa ocasião que Han Solo abre as entranhas da montaria e enfia o Luke lá dentro pra mantê-lo aquecido. Rola uma batalha no gelo com aqueles tanques quadrúpedes, os blizzards.

Luke Skywalker
É, as cicatrizes são reais.

Um detalhe sobre essa cena em que Luke é atacado pelo monstro. Ela foi elaborada como uma forma de justificar as cicatrizes reais no rosto do ator Mark Hamill, que na época havia sofrido um acidente de carro. Bom que a "maquiagem" ficou bem realista hein.

Luke, Yoda

É quando conhecemos Yoda, que já está bem velhinho e gagá, mas aceita treinar o Luke. Também vemos Lando, o maior cafajeste da galáxia, e por causa dele Han Solo é congelado. Pra enciumar Han Solo, Leia beija Luke na boca, o que é bem bizarro depois que é revelado que são irmãos.

Lando, Han Solo, Leia, Luke

E falando em família, é nesse filme que Darth Vader faz a famosa e novelística revelação: "eu sou seu pai" (curiosamente, ele não fala o nome "Luke" nessa frase, mas acabou se popularizando na memória da cultura pop a frase "Luke, eu sou sei pai", numa espécie de efeito Mandela).

No Episódio 6 há duas tramas paralelas. Luke é capturado e encontra pessoalmente Darth Vader e Palpatine, o que é o clímax da sua jornada heroica na trilogia clássica. Quando entra no covil dos sith, enfrenta o próprio pai e resiste à tentação de ir para o lado negro.

Ewok

Enquanto isso, os demais estão na selva da lua Endor com a missão de desligar o gerador do escudo que protege a segunda Estrela da Morte, ainda em construção. Na ocasião somos apresentados aos ewoks, bichinhos pequenos peludos que provam que o George Lucas tinha um negócio de gostar de colocar vááários anões no elenco. Aliás, George Lucas parece que gostou tanto dos ewoks que até dedicou a eles dois filmes spin-offs e uma série animada.

Sarlacc

Outra criatura bem mais interessante, apresentada nesse episódio, foi o Sarlacc, uma espécie de verme gigante das dunas que ao engolir suas vítimas leva mil anos para digeri-las, mantendo-as vivas e conscientes. Na ocasião assistimos à ridícula morte de Bobba Fett.

It's a trap!
"É uma cilada, Bino!"

O Episódio 6 rendeu uma fala que se tornou um dos maiores memes já extraídos de Star Wars, quando o almirante Ackbar fala "It's a trap!". Além disso, temos a slave Leia, que até hoje inspira belíssimos cosplays.

Slave Leia

O Episódio 7 é totalmente diferente de tudo o que foi feito antes. A franquia retornou após um hiato de 10 anos (o último filme da antiga hexalogia foi em 2005) e agora nas mãos da Disney. Até então, Star Wars era propriedade exclusiva da Lucasfilm e distribuída pela Fox. A Disney jogou 4 bilhões na mão de George Lucas e assumiu o negócio.

A Disney deu a Star Wars a possibilidade de ter filmes literalmente mais ricos em produção, com direito a efeitos especiais de ponta e tudo mais. Enfim, agora Star Wars deixou de ser uma obra indie que dependia essencialmente da mente de George Lucas e virou uma superprodução. Colocaram J. J. Abrams na direção e assim teve início uma fase totalmente nova que vai se desenvolver pelos próximos anos ou décadas.

Essa nova fase, a fase Disney, tem sido bem produtiva e já foram lançados os filmes O Despertar da Força (2015), Os Últimos Jedi (2017) com os spin-offs Rogue One (2016) e Han Solo (2018). O episódio 9, A Ascensão de Skywalker (2019) está vindo aí.

As séries animadas

As animações de Star Wars são mais antigas do que se pensa. A primeira foi Star Wars: Droids (1985-1986) focada em R2-D2 e C-3PO. Também na mesma época teve uma série baseada nas criaturinhas Ewoks (1985-1986), que sucedeu os filmes live action Caravan of Courage (1984) e The Battle for Endor (1985).

Houve duas séries intituladas Clone Wars. A primeira foi de 2003 a 2005 e a segunda de 2008 a 2014 e deve retornar em 2020 no Disney +. No Youtube foi ao ar Star Wars: Forces of Destiny (2017-2018) e, no Disney Channel, Star Wars: Resistance (2018-2019). Por fim, temos Star Wars: Rebels (2014-2018).

Lego Star Wars: All-Stars (2018)

Existe todo um novo mundo zoeiro (e não canônico) de Star Wars na versão Lego, nas animações Lego Star Wars: Revenge of the Bricks (2005), The Quest for R2-D2 (2009), Bombad Bouny (2010), The Padawan Menace (2011), The Empire Strikes Out (2012), The Yoda Chronicles (2013-2014), Droid Tales (2015), The Resistance Rises (2016), The Freemaker Adventures (2016-2017) e All-Stars (2018). Ufa!

Interessante que essas animações chegam a construir uma mitologia bem legal de Star Wars, porém não são canônicas, ou seja, não são reconhecidas como parte da história oficial dos filmes. Um bom exemplo é o jedi Baird Kantoo, que foi o primeiro a criar um sabre de luz e que também criou uma versão overpower chamada sabre kyber. Essa arma é realmente incrível, pois dispara feixes de luz que podem cortar naves ao meio e potencialmente até planetas. Uau!

Edição em maio de 2024:

A esta altura já estou ficando desatualizado, pois com o advento do streaming Disney Plus, novas séries surgiram e ainda não vi nenhuma destas: O Mandaloriano (2019-), Star Wars: The Bad Bath (2021-), Obi-Wan Kenobi (2022) e Ahsoka (2023-).


Novos mutantes volume 2, 1-13 (2003-2004)

Quando comecei a ler o volume 2, lançado em 2003 em 13 números, só conseguia pensar em uma coisa: como o desenho é horrível!

O roteiro é de uma dupla (precisa mesmo de duas pessoas pra escrever um roteiro de uma revista tão ruim?), Nunzio Defilippis e Christina Weir. E o sofrível desenho é de Keron Grant. Sinceramente, se eu tivesse de escolher entre o famigerado Rob Liefeld e esse tal de Keron Grant, não hesitaria em ficar com a arte tosca, porém digerível, do Liefeld. A "arte" desse Grant é totalmente sem sal, parece mais uns bonecos palitos.

Eis alguns exemplos:

Ugly drawing by Keron Grant (New Mutants)
O que diabos ele fez com esse rosto? Olhos vidrados e uma boca deformada.

Ugly drawing by Keron Grant (New Mutants)
Xavier está parecendo um boneco de posto.

Ugly drawing by Keron Grant (New Mutants)
Mais olhos vidrados.

Ugly drawing by Keron Grant (New Mutants)
E essas roupas quadriculadas.



Não bastando os desenhos preguiçosos e horríveis, o roteiro também é bem sem graça. Não há muita ação e procuram mais mostrar o dia a dia na escola Xavier e explorar a mensagem da aceitação, algo que sempre existiu nas revistas dos mutantes, só que a coisa é feita de uma forma tão forçação de barra, tipo, do nada uma personagem se identifica como "sou uma imigrante lésbica". Quem em uma situação comum se apresenta para os outros usando rótulos sociais? É uma tentativa preguiçosa de incluir uma mensagem sobre preconceito que acaba ficando muito fake.

Ugly drawing by Keron Grant (New Mutants)

No número 5 o desenho muda para Mark A. Robinson, o que dá uma evoluída de horrível para apenas feio.

Ugly drawing by Mark A. Robinson (New Mutants)
Esse boneco palito aí é o Logan.

Depois no número 7 o desenho ficou com Carlo Barberi, evoluindo de feio para simplesmente ok. Mas me dá um nervoso o fato dele sempre desenhar os pés dos personagens desproporcionalmente enormes. 

New Mutants by Carlo Barberi

No número 12 entrou Khary Randolph no desenho, um desenhista também ok. E no número 13 finalmente acaba o martírio que foi essa revista.

New Mutants by Khary Randolph

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