Esta interessante história fantástica e dramática se passa em três camadas. Na vida real e no tempo presente, o pesquisador Tommy Creo (Hugh Jackman) busca a cura do câncer motivado pela esperança de salvar sua esposa, Izzi (Rachel Weisz), de um câncer terminal. Izzi, por sua vez, parece bastante confiante na aceitação da morte.
Durante seu tratamento, ela escrevera um livro contando a história de Tomas, um conquistador espanhol que parte para o Novo Mundo em busca da lendária Árvore da Vida, mencionada no Gênesis e também em mitos maias. Esta é a segunda camada, a história fictícia criada pela personagem, acontecendo no passado medieval.
Por fim, há uma terceira camada da história envolvendo Tom, uma espécie de astronauta num futuro remoto que parte em direção a uma nebulosa para descobrir a fonte da vida em uma estrela prestes a morrer numa explosão supernova. Esta nebulosa é identificada com o deus maia Xibalba, que curiosamente é o deus do submundo, o Senhor da Morte, mas também considerado pelos maias o Primeiro Pai, aquele que morreu para dar início à vida do mundo.
Numa das capas do DVD há uma certa dica sobre o período em que cada camada ocorre, mostrando o ano de 1500 para indicar a época da história medieval envolvendo o explorador espanhol, no centro o ano de 2006 que é a época do cientista Tommy e, no fim da contagem, 2500, o possível século em que o astronauta faz sua viagem rumo a Xibalba. Isto também representa uma visão geral do ciclo da existência: passado, presente e futuro.
O filme, escrito por Darren Aronofsky, revela certa influência do “futurismo transcendentalista” de 2001: Uma Odisseia no Espaço e o autor assumiu ter sido muito influenciado por Matrix, que reinaugurou o gênero de filmes de ficção mesclados com conceitos metafísicos e transumanistas, o homem buscando superar sua condição, inclusive a condição de mortal.
O círculo, como símbolo do renascimento, aparece frequentemente: na aliança de casamento, na estrela, na esfera em que Tom viaja até a estrela, enfim, o círculo, ou anel, é uma representação da Fonte, a origem e fim que o homem está sempre em busca.
A árvore é símbolo da vida, fonte de regeneração, imortalidade e também uma imagem cabalística usada para esquematizar o universo ou a divindade ou mesmo o homem. A torre representa o desafio, o obstáculo que o homem deve enfrentar em sua busca.
Após subir a torre ele tem de enfrentar um mago ou um anjo com uma espada de fogo. É o guardião do segredo, assim como na Bíblia, após expulsos Adão e Eva do jardim, foi posto um anjo com espada de fogo para guardá-lo.
Trata-se, portanto, de um drama sobre a busca do homem pelo sentido da vida, pela imortalidade, por Deus até; busca pela compreensão do Todo e a superação do grande dilema que é a morte.
Não é um filme “religioso” num sentido de propaganda ou doutrinação. Na verdade é uma história transcendental, abordando questões primordiais que todo humano enfrenta, especialmente o mistério da morte. “A morte é uma doença”, diz o cientista Tommy. Ao mesmo tempo, Izzi aceita e entende a morte apenas como parte do ciclo da existência.
Não bastando ser uma história de grandeza cósmica, possui um lindo romance do casal que nem mesmo a sombra da morte é capaz de separar. Um romance que atravessa milênios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário