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Ensaio sobre o extremismo

The Simpsons angry mob

Vários motivos podem levar uma pessoa a se radicalizar em aspectos políticos, religiosos, ideológicos, etc. Às vezes basta um evento, um momento específico na vida que leva a uma forte conversão, às vezes pode ser um longo processo de doutrinação ou evolução de pensamentos outrora moderados. A pessoa pode ter sido radicalizada por influências externas, por amigos, colegas de faculdade, professores, gurus, às vezes até um namorado ou namorada. Também há casos em que há alguma predisposição psicológica ou quem sabe até genética. Enfim, há causas e causas.

O fato é que o extremismo costuma representar a menor parcela da população. Não à toa se chama extremismo. Imagine uma mesa. Os extremos da mesa, as pontas e quinas, constituem a menor área de toda a sua superfície. A maioria das pessoas está no mediano, em áreas mais próximas ao centro. 

Um bom motivo para isto é o pragmatismo. Para ser extremista, é precisa dedicar tempo e esforço. O radical, o fundamentalista, o fanático emprega muita energia naquilo que ele supervaloriza. É preciso estudar, militar, se dedicar à causa. É um esforço que a maioria nas pessoas não tem tempo ou interesse em fazer.

Todavia, estas pessoas comuns reagem ao extremismo e geralmente no sentido oposto. A militância, o proselitismo dos extremistas, só é eficiente em pessoas que já têm a tendência para o extremismo e que com ele se identificam. As pessoas medianas, usando o julgamento do senso comum, ficam escandalizadas com a histeria e histrionismo dos radicais e, quando se deparam com um comportamento deste tipo, procuram se afastar.

É irônico, portanto, que o evangelismo extremista produz um efeito reverso no cidadão comum. Grupos religiosos que ficam insistindo em discutir religião acabam levando esta pessoa a ter aversão ao tema e quem sabe até pender mais para o ateísmo ou a irreligiosidade. 

Um grupo político que está sempre vociferando contra os adversários e alardeando contra supostas conspirações cai em descrédito e faz com que a pessoa mediana prefira simpatizar com o grupo adversário, caso este se mostre menos passional. No caso de ambos rivais serem semelhantes no comportamento dramático, a tendência é que ambos empurrem o indivíduo médio para o centro.

Assim, o extremismo tem uma tendência intrínseca ao isolamento, à marginalização auto imposta, o que é irônico, pois o sonho do extremista é que todos adiram à sua causa. No entanto, pode haver certos momentos em que o zeitgeist favorece a radicalização, quando circunstâncias históricas criam o ambiente perfeito para a voz do extremista ecoar. Um exemplo bem conhecido foi a ascensão do nazismo na década de 1930.

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