Adam Sandler é amado por uns e odiado por outros pelo mesmo motivo: ele não tem medo de exagerar na piada. Ele é o tio do churrasco que, além de já ser naturalmente inconveniente, ainda fica pior depois de umas doses de cerveja. É nesse estágio, o do tio semi-embriagado, que Adam Sandler se encontra.
As piadas dele podem ofender pessoas de todos os tipos, da senhorinha religiosa ao jovem militante politicamente correto. Em alguns casos, ele beira a ilegalidade. Este é o caso de That's my Boy (2012), talvez o mais ousado filme do Adam Sandler, porque envolve um protagonista que engravidou a professora na adolescência.
Isso mesmo, a história começa com Donny Berger, uma versão adolescente do Adam Sandler que aos 13 anos tem um caso com a professora de 22. Um dia os dois são flagrados transando e claro que a moça é condenada à prisão. Só que ela egravidou, então coube ao moleque criar o filho.
Obviamente, Donny foi um pai bastante imaturo e irresponsável e pra piorar ele se tornou uma celebridade, aclamado como um jovem pegador, "transão". Tudo isso contribuiu para seu filho (que Donny, em sua infantilidade, deu o nome de Han Solo) tivesse muita vergonha dele e se afastou do pai, seguindo sua própria vida.
Agora quarentão, falido e com a fama esquecida, Donny recebe uma proposta de um produtor de TV: ele ganhará 50.000 dólares se realizar um encontro com seu filho e a mãe que está na cadeia. Então Donny vai atrás do filho, que vinha levando uma vida bem sucedida, enquanto escondia o segredo de que era filho do escandaloso relacionamento de um adolescente com a professora.
Donny é um tarado incorrigível, a ponto dele se masturbar com a foto de uma velhinha. |
O resto da história é a fórmula de sempre do Adam Sandler. Seu personagem é bem debochado, até com o próprio filho, e mesmo assim todas as pessoas simpatizam com ele. Ao mesmo tempo, um laço familiar vai sendo construído. Isso também é algo que Adam Sandler gosta de desenvolver: apesar de toda esculhambação, existe uma lição na história, sobre os laços entre as pessoas e tal.
Este tema do adolescente que tem um crush ou mesmo sentimentos eróticos com uma professora mais velha é obviamente problemático, mas não é exatamente algo estranho a uma parte do público masculino, pois muitos homens confessam que na adolescência tinham estes sentimentos por professoras, modelos de Playboy, atrizes, etc.
Claro que geralmente isto não passava de algo platônico na cabeça adolescente cheia de hormônios, mas o Adam Sandler levou a coisa ao limite, criando uma situação que nenhuma família gostaria de viver. A piada está justamente nisso. Donny não é um modelo a ser seguido. Lembrem-se disso, crianças.
É também parte da fórmula do Adam Sandler inserir coadjuvantes bem pitorescos e que muitas vezes são mais engraçados que os protagonistas. É o caso da Champale, interpretada pela comediante Luenell, que topa qualquer brincadeira. Ela é uma dançarina de bar gorducha que está sempre com os peitos à mostra e consegue comer enquanto dança.
O público parece não ter curtido a piada, pois o filme teve prejuízo (com um orçamento de 70 milhões e receita de 57 milhões) e recebeu muitas classificações negativas. Mas Adam Sandler é isso aí. Ele é um cientista da comédia e faz experimentos, buscando na tentativa e erro a dose certa (ou errada) de humor.
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