Nos filmes de ação existe o clichê do assassino que encontra uma pessoa, mas pretende apenas conversar ou fazer algum acordo, então ele diz: "Fique tranquilo, se eu quisesse te matar, você já estaria morto". Pois bem, isto pode ser uma boa analogia para a nossa situação com os aliens.
Os aliens querem nos destruir? Ora, se eles quisessem, já nem estaríamos aqui. Qualquer civilização que tenha dominado a viagem interestelar possui um nível tecnológico tão superior ao nosso que provavelmente tem meios de nos exterminar rapidamente e sem que possamos oferecer qualquer resistência.
Logo, se ainda estamos aqui, podemos chegar a duas conclusões: ou nunca fomos visitados por aliens, ou quaisquer aliens que nos visitaram não tinham interesse em nos destruir. Guerra contra alienígenas é coisa que só funciona nos filmes.
Agora desenvolvamos a segunda conclusão. Digamos que existem aliens de olho em nós. Qual será a intenção deles? Seguindo a mesma lógica de antes, parece pouco provável que eles estejam interessados em explorar os recursos da Terra, pois, se este fosse o objetivo, eles já teriam nos eliminado, de modo a remover um empecilho, como um agricultor que remove um formigueiro do seu terreno.
Para uma civilização que domina a viagem interestelar, recursos não são um problema. Eles podem explorar e colonizar milhares, até milhões de planetas. Se, todavia, eles tivessem escolhido a Terra para este fim, nós já não estaríamos aqui.
O que então poderia motivar os aliens a nos manter vivos e evoluindo enquanto civilização, aparentemente sem interferências que visem impedir nosso progresso? Uma hipótese é que os aliens pretendem nos estudar, assim como um botânico estudaria alguma nova espécie animal que encontrasse na floresta. Para eles pode ser mais interessante simplesmente nos observar do que tentar tomar o planeta ou nos extinguir.
Outra hipótese é que os aliens desejam a nossa evolução. Esta ideia pode ser embasada pela mesma analogia do "se eu quisesse te matar, você já estaria morto". Se os aliens querem apenas nos observar e estudar, mas não querem nos ver evoluir, então eles deveriam operar uma drástica interferência em nossas capacidades cerebrais.
Ora, a humanidade tem poder cerebral suficiente para querer investigar o universo e desenvolver tecnologia espacial que com o tempo nos tornará uma civilização interplanetária. Por que conseguimos chegar neste estágio? Por que já somos capazes de enviar sondas pelo sistema solar e construir telescópios que vasculham as galáxias? Sabendo que este nosso potencial eventualmente nos levará a níveis ainda mais avançados, os aliens poderiam ter cortado nossas asas, limitado a nossa capacidade de tal maneira que sequer seríamos capazes de questionar a existência deles.
Se os aliens não querem nos exterminar, mas também não querem a nossa evolução, eles não teríam permitido que chegássemos no nível em que estamos. Provavelmente teriam nos barrado há alguns milênios, quando começamos a desenvolver tabelas astronômicas e a filosofar sobre o universo.
Aqui estamos, enviando sondas e já produzimos (e explodimos) bombas nucleares. Nenhuma intervenção radical foi feita. A esta altura, os aliens já teriam nos lobotomizado, já teriam nos resetado geneticamente, nos fazendo voltar ao nível dos neanderthais.
Por que nos deixam continuar? Parece mesmo que querem que continuemos, mas, assim como não intervêm de maneira brusca a fim de nos fazer regredir, também não intervêm para nos fazer evoluir. Se eles quisessem, já estaríamos viajando para outras estrelas, mas talvez, seguindo todo este raciocínio, o princípio da Primeira Diretriz, de Star Trek, seja realmente a postura mais apropriada para seres evoluídos diante de uma civilização como a nossa.
Eles querem nos ver evoluir, mas sem adiantar etapas, passando por todo um curso natural de crises e soluções. Talvez um salto tecnológico gigantesco seja desastroso para nossa civilização no nosso estágio atual de evolução moral, ética e existencial. Seria como dar uma arma de fogo carregada e destravada para uma criança brincar.
Talvez eles nos tratem assim, como um tutor de uma criança, como pais de fato. Eles intervêm de forma sutil, talvez até tenham nos ajudado a evoluir tecnologicamente aqui e ali e também talvez tenham interferido de maneira mais rígida quando viram que estávamos seguindo um curso autodestrutivo.
É assim que pensa a teoria dos alienígenas do passado. Os mitos do dilúvio e de Sodoma e Gomorra, por exemplo, podem dar a entender que a humanidade estava corrompida de tal forma que a melhor solução foi uma catástrofe controlada, algo que resetasse o curso da civilização, permitindo um recomeço. Antes isto do que deixar que toda a civilização se destruísse por conta própria até a extinção.
O episódio da Torre de Babel dá a entender que a humanidade não estava pronta para um salto tecnológico. A Torre poderia permitir avanços no conhecimento da astronomia e levar a tecnologias destrutivas que a civilização daquela época não tinha maturidade para lidar. Obviamente estou aqui especulando, interpretando certos mitos (que não são apenas bíblicos, mas presentes em diversas culturas) sob a lente da teoria dos ancient aliens.
A questão é: se os aliens nos visitam ou já nos visitaram, o menos provável é que tenham intenção de nos destruir, pois, se tivessem, já teriam feito. Também parece que não pretendem impedir nosso progresso e quem sabe até mesmo queiram nos ajudar de forma discreta a alcançar a maturidade.
Um dia, então, quando chegarmos em determinado nível, eles podem nos considerar maduros o suficiente para sermos apresentados à comunidade das civilizações adultas. Um dia a humanidade pode ter o seu bar mitzvá cósmico.
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