Qaligrafia
Séries, livros, games, filmes e eteceteras 🧙‍♂️

O Paradoxo de Fermi e o solitário da balada

Guy alone at a bar

Levando em conta o tamanho formidável do universo e quantidade gigantesca de estrelas e sistemas planetários, as estatísticas são favoráveis à formação de diversos mundos com vida e mesmo civilizações avançadas. É com base nisto que surge o Paradoxo de Fermi: se é tão provável haver vida inteligente lá fora, por que até agora não tivemos contato com nenhuma?

Primeiro, é bom levar em conta o fato de que não temos notícia de contato alienígena em nossa história oficial. Não podemos descartar a hipótese de que governos, líderes mundiais e inteligências militares estejam guardando este segredo há décadas ou séculos. Também há interpretações alternativas da história que apontam indícios de visitação alienígena no passado.

Mas ok, digamos que realmente nunca nenhum alien deu as caras por aqui. O que aconteceu? Uma teoria bem sinistra a respeito é a da "floresta sombria". Usando a analogia de que você se perca numa floresta sombria: mesmo supondo que possa haver outras pessoas nas redondezas, você gritaria, tentaria chamar atenção pra ver se alguém aparece, ou ficaria quietinho, temendo que, caso revele a sua presença, poderá atrair bandidos, psicopatas ou predadores? Por via das dúvidas, como você não sabe que tipo de pessoas pode encontrar na floresta, é mais seguro permanecer discreto.

Esta talvez seja a lógica das civilizações avançadas. Temendo chamar atenção de povos mais poderosos e mais perigosos, é melhor ficar em silêncio e evitar o contato. Neste caso, é possível até que aliens já tenham nos visitado ou mesmo estejam nos observando agora, mas por uma questão de cautela preferem fazer isso no modo "stealth".

Acho, porém, que esta explicação é muito generalizante. Não é possível que todos os povos interplanetários cheguem a essa mesma conclusão. Ora, nós aqui na Terra não adotamos a cautela da floresta sombria, já mandamos sinais para o espaço e não estamos nem um pouco preocupados em esconder a nossa presença. Deve haver muitos povos por aí ansiosos por ter a experiência intercultural de encontrar outras civilizações.

Por isso imagino uma analogia diferente: a do contato entre as pessoas numa balada. Imagine um bar lotado de gente. Algumas pessoas se reúnem em grupos, pois já são conhecidas (as civilizações alienígenas que já se conhecem e estabeleceram uma diplomacia), tem uns bêbados brigões que arrumam confusão (as civilizações belicosas, invasores, predadores, etc.), tem gente que se conhece pela primeira vez ali numa conversa casual (as civilizações que estabelecem o primeiro contato) e tem os solitários que, por timidez, falta de habilidade social ou de atrativos, acabam ficando sozinhos na balada. Ninguém os nota, ninguém os aborda. São praticamente invisíveis no meio daquele monte de gente que está curtindo a noite.

Pode ser o caso da Terra. Se neste braço da galáxia em que estamos existem algumas dezenas, quem sabe centenas de civilizações, é possível que até o momento nós não nos mostramos interessantes ou conspícuos o suficiente para atrair a atenção de outros povos. Talvez alguns até já tenham constatado nossa existência, mas preferiram fazer suas viagens em direção a outros mundos mais chamativos.

Estamos aqui sentados num canto escuro do bar, esperando uma dama de vermelho vir em nossa direção com um cigarro na mão perguntando se temos fogo, mas a esta altura a dama de vermelho já está bem ocupada com outros cavalheiros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário