Qaligrafia
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Hipergrafia

Hipergrafia

Fui uma criança com as emoções instáveis. Normalmente era bem introvertido e vivia no meu mundo imaginário, mas quando irritado ou magoado ficava histérico, gritava, chorava alto. Eram sinais de autismo, mas naquela época ninguém nem sabia que isso existia.

Apesar de introvertido, eu era uma criança muito faladeira, o que se pode chamar de hiperlalia. Todavia, eu não dominava a arte da conversação, não sabia socializar. Eu falava praticamente sozinho. Lembro quando durante as aulas no ensino fundamental os alunos que sentavam perto de mim ficavam reclamando que eu não parava de falar; também, quando eu ia assistir um filme com a família, incomodavam-se porque eu ficava comentando cada detalhe do filme.

Isso mudou na adolescência após alguns traumas e a própria mudança hormonal e psíquica que a adolescência traz, potencializando certas tendências. No caso, minha metamorfose potencializou a introversão e deixei de ser tão conversador. Esta tendência foi evoluindo até à vida adulta. Hoje tenho uma verdadeira preguiça de falar. É algo que pouco me interessa e na verdade gosto de ser assim. Em um mundo em que tantos querem falar e poucos querem ouvir, é bom ser lacônico.

Por outro lado, o excesso de pensamentos encontrou outra forma de expressão: a escrita. Assim, minha hiperlalia se converteu em hipergrafia, a mania de escrever. Tornar-se escritor, então, foi um processo natural. Hoje escrevo sobre tudo e de todas as maneiras, no papel, nas redes sociais, nos blogs...

A hipergrafia é o que me leva a postar nesse blog. Antes deste, já tive tantos blogs em pouco mais de uma década que nem lembro. Várias vezes pensei em parar com este hábito, mas os dedos ficam ansiosos por digitar. Escrever pra mim é a respiração da mente.

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