Lucy é um filme de super-herói, então é preciso ter em mente que é bom manter ligada a suspensão de descrença para melhor aproveitar a aventura. A premissa da história é baseada em um mito pseudocientífico: aquele clichê de que o cérebro só usa 10% de sua capacidade. Assim, vemos a protagonista Lucy adquirir superpoderes por meio de uma droga que a permite usar gradativamente e exponencialmente o potencial do cérebro.
A ficção científica e de super-heróis costuma ter uma natureza mais transumanista, ou seja, seres humanos se tornam algo além do humano, seja robôs, mutantes ou pessoas que adquiriram poderes impossíveis para a natureza humana.
Em Lucy, ao contrário, o que vemos é uma humana que obtém acesso a todo o potencial da humanidade. Ela alcança a forma humana suprema, o estágio máximo da evolução. Não é transumanismo, mas "uberumanismo". Lucy é uma ubermensch, é o que todo ser humano poderia ser se usasse seu potencial por inteiro.
E por isso precisamos de muuuita suspensão de descrença, já que, segundo o filme, se usássemos 100% do cérebro, teríamos um domínio transcendente sobre o tempo e o espaço. No fim, Lucy praticamente se torna um ser divino (e também um pen drive).
Desde os contos mais antigos da humanidade, os heróis e pessoas extraordinárias são uma inspiração para nós. Eles não são superpoderosos para nos envergonhar ou causar inveja, mas para nos motivar a descobrir o nosso melhor.
Além disso, ao celebrar os heróis, estamos na verdade celebrando a humanidade em si. Lucy é uma aventura de admiração do cérebro humano. O cérebro é, até o momento, a estrutura mais complexa e fantástica que conhecemos em todo o universo, logo, merece ser apreciado como algo mítico.
E de bônus, também podemos apreciar a beleza da Scarlett Johansson.
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