Existem jogos de coleta e construção, como Minecraft e Terraria, e existem jogos de exploração e navegação, como Sea of Thieves. Spiritfarer (2020) tem tudo isso e muito mais.
À primeira vista parece um jogo simples. É um plataforma 2D com um visual meio "joguinho de flash", mas é bastante rico em conteúdo. Sobre o visual e ambientação, é bem relaxante, com uma protagonista feminina simpática e animações constantes que dão bastante vida aos personagens.
Os NPCs estão sempre se movendo e realizando alguma atividade no navio. Eles também dormem em suas casinhas, o que dá mais impressão de que são criaturas vivas. A protagonista, Stella, possui diversas animações para cada tipo de atividade que realiza e até quando está ociosa ela não fica simplesmente parada respirando, mas brinca de ioiô, se espreguiça, e o gato que é seu companheiro também está sempre brincando e rolando.
São pequenos detalhes que enriquecem a experiência visual do jogo e mostram que foi desenvolvido com carinho e atenção. Aliás, carinho e atenção são palavras importantes em Spiritfared. Como diversos jogos do gênero de coleta e sobrevivência, você deve cuidar da saúde dos NPCs do seu navio, alimentando-os de vez em quando. Eles, porém, rejeitam a comida se você oferecer sempre o mesmo prato, então tem que variar as receitas, experimentar novas combinações de alimentos. O cardápio culinário é vasto e é sempre empolgante descobrir uma receita nova.
O cuidado com os NPCs não para na alimentação. Eles têm uma vida emocional, cada um tem coisas que o incomodam ou o agradam. Ficam felizes quando você realiza uma quest e, quando estão abatidos (ao interagir você pode ver todo o status de saúde física e mental deles), você pode animá-los com um fofo abraço. Isso mesmo, você pode abraçar os NPCs.
Além de interagir com os NPCs e fazer suas quests, há muitas atividades no jogo. Você comanda um navio e deve explorar um imenso mapa, descobrindo cidades, tesouros e loots, ilhas com recursos como madeira e minérios, construindo instalações diversas no navio para forjar os minérios, serrar a lenha, pescar, cozinhar, produzir tecidos, cultivar hortas e até uma cerquinha para criar ovelhas. Você nunca vai ficar sem ter o que fazer.
Uma coisa que pode ser meio chatinha são alguns diálogos em formas de balões que são bem longos, mas, se você curte a história, vai apreciar estas conversas. Há um elemento metroidvania, pois é preciso conquistar certas habilidades, como o pulo duplo, que vão ajudar bastante a personagem a acessar áreas difíceis. Também o próprio navio precisa ser aprimorado para obter mais acesso, como o upgrade com quebrador de gelo que permite que você navegue em mares gelados.
Além de tudo isso, o jogo é cheio de referências mitológicas particularmente associadas à morte. Já começa com Stella encontrando Caronte, o barqueiro do mundo dos mortos, e o nome Stella (estrela) também faz referência ao fato de que os mortos, segundo antigas mitologias, se transformam em estrelas. Segundo a sinopse oficial, o jogo fala sobre a morte, porém de uma forma leve e simbólica.
Por ser bem comportado, sem violência e também educativo, Spiritfarer é um bom jogo para crianças, mas os adultos que curtem exploração, coleta e sobrevivência também têm garantidas várias horas de diversão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário