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A extinção do BV em A Barraca do Beijo

The Kissing Booth (2018)

Um dos grandes dramas e desejos dos adolescentes, em sua aventura de iniciação nos relacionamentos amorosos, é a necessidade de beijar na boca. Isso é tão big deal que existe até termo para quem ainda não beijou, o BV (boca virgem). É pra isso, então, que foi inventada a barraca do beijo.

Joey King estrela esses dois filmes (e há promessa de fazerem um terceiro) que basicamente consistem nisso: jovens no high school querendo beijar na boca e usando a barraca do beijo como mediadora.

Em meio a essa farra do beijo (e os personagens principais, coadjuvantes e figurantes beijam muito nesse filme), acontecem os dramas pessoais da protagonista Elle. Pra começar, ela tem uma amizade ao mesmo tempo fofa e levemente abusiva com um garoto que nasceu no mesmo dia que ela, o Lee.

Elle e Lee (que combinam até nos nomes) inventaram na infância umas regrinhas para a amizade e assim passaram a vida numa relação de mútua dependência, mais unidos que irmãos, porém também rígida em certos momentos. 

Joey King, The Kissing Booth (2018)

Quando Elle se apaixona pelo irmão gostosão de Lee, o Noah (Jacob Elordi, que acabou namorando de verdade a Joey King), é que fica claro como as regras da dupla são draconianas, pois a menina ficou sofrendo e namorando escondida, já que era uma das regras que eles não podiam namorar parentes.

Há momentos em que tanto Lee quanto Noah se comportam bem escrotos, mas é até interessante, porque mostra que são personagens humanos, que erram, ainda mais na adolescência, quando o caráter ainda está em formação.

Para completar a história, tem um lance musical também, pois a Elle gosta de participar de competições de dança.

Enfim, é um romance clichê adolescente. O casal tem seus dramas no início, namorando escondidos, depois enfrentam ciuminhos, separação, reencontro, essas coisas de novela. E pelo visto essa fórmula continua popular, pois rendeu bastante audiência na Netflix, que logo produziu uma sequência e já planeta um terceiro filme.

Joey King, The Kissing Booth (2018)

A Joey King agora ganhou uma visibilidade enorme com estes filmes, mas poucos sabem que ela já está nessa carreira há tempos. Já participou de séries desde 2006, quando tinha 7 anos, já esteve no filme do Batman de 2012, no Mágico de Oz de 2013, no Independence Day de 2016 e até foi uma supervilã por um dia na série do Flash em 2016, a Magenta. 

Em A Barraca do Beijo 1 (2018), 2 (2020) e 3 (2021), ela finalmente teve o papel de protagonista do show, dando um grande salto na carreira. Também foi protagonista em The Act (2019), quando encarou a máquina de raspar e atuou carequíssima. 

Inclusive, quando ela gravou o terceiro filme da Barraca do Beijo, encerrando a trilogia e o arco da personagem, ainda estava careca, de modo que gravou o filme inteiro usando uma peruca. Já nas cenas finais, ela aparece de cabelo curto, quando seu cabelo natural já estava crescendo e aproveitaram para usar este novo visual na personagem.

Não é todo mundo que fica bem de cabeça raspada, mas nela a careca deu muito certo. Não sei se esse comentário vai soar meio estranho, mas ela tem um belo crânio.

Joey King
Uma bela careca.

A trilogia da Barraca do Beijo funcionou como um teste para a Netflix avaliar o interesse de seu público pelo gênero de romance adolescente. É uma história com fórmula bem tradicional neste gênero: um garoto e uma garota passando por encontros e desencontros amorosos, festas na piscina e rolés com os amigos. 

A franquia foi um sucesso em termos de audiência, sinal de que de fato existe um grande público (em geral adolescente e jovem-adulto) na Netflix interessado neste tipo de filme. Só o final da trilogia foi decepcionante para este mesmo público, pois deixaram o romance em aberto, ou seja, não teve o clássico final feliz em que o casal finalmente supera os problemas e fica junto. 

É isto que as pessoas que curtem romance adolescente esperam, que seu casal shippado dê certo. Neste caso, o roteirista resolveu dar uma de Nolan e criar um final Inception, em que pode ser ou pode não ser. Aí estragou a brincadeira.

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