Um dos grandes dramas e desejos dos adolescentes, em sua aventura de iniciação nos relacionamentos amorosos, é a necessidade de beijar na boca. Isso é tão big deal que existe até termo para quem ainda não beijou, o BV (boca virgem). É pra isso, então, que foi inventada a barraca do beijo.
Joey King estrela esses dois filmes (e há promessa de fazerem um terceiro) que basicamente consistem nisso: jovens no high school querendo beijar na boca e usando a barraca do beijo como mediadora.
Em meio a essa farra do beijo (e os personagens principais, coadjuvantes e figurantes beijam muito nesse filme), acontecem os dramas pessoais da protagonista Elle. Pra começar, ela tem uma amizade ao mesmo tempo fofa e levemente abusiva com um garoto que nasceu no mesmo dia que ela, o Lee.
Elle e Lee (que combinam até nos nomes) inventaram na infância umas regrinhas para a amizade e assim passaram a vida numa relação de mútua dependência, mais unidos que irmãos, porém também rígida em certos momentos.
Quando Elle se apaixona pelo irmão gostosão de Lee, o Noah (Jacob Elordi, que acabou namorando de verdade a Joey King), é que fica claro como as regras da dupla são draconianas, pois a menina ficou sofrendo e namorando escondida, já que era uma das regras que eles não podiam namorar parentes.
Há momentos em que tanto Lee quanto Noah se comportam bem escrotos, mas é até interessante, porque mostra que são personagens humanos, que erram, ainda mais na adolescência, quando o caráter ainda está em formação.
Para completar a história, tem um lance musical também, pois a Elle gosta de participar de competições de dança.
Enfim, é um romance clichê adolescente. O casal tem seus dramas no início, namorando escondidos, depois enfrentam ciuminhos, separação, reencontro, essas coisas de novela. E pelo visto essa fórmula continua popular, pois rendeu bastante audiência na Netflix, que logo produziu uma sequência e já planeta um terceiro filme.
A Joey King agora ganhou uma visibilidade enorme com estes filmes, mas poucos sabem que ela já está nessa carreira há tempos. Já participou de séries desde 2006, quando tinha 7 anos, já esteve no filme do Batman de 2012, no Mágico de Oz de 2013, no Independence Day de 2016 e até foi uma supervilã por um dia na série do Flash em 2016, a Magenta.
Em A Barraca do Beijo 1 (2018), 2 (2020) e 3 (2021), ela finalmente teve o papel de protagonista do show, dando um grande salto na carreira. Também foi protagonista em The Act (2019), quando encarou a máquina de raspar e atuou carequíssima.
Inclusive, quando ela gravou o terceiro filme da Barraca do Beijo, encerrando a trilogia e o arco da personagem, ainda estava careca, de modo que gravou o filme inteiro usando uma peruca. Já nas cenas finais, ela aparece de cabelo curto, quando seu cabelo natural já estava crescendo e aproveitaram para usar este novo visual na personagem.
Não é todo mundo que fica bem de cabeça raspada, mas nela a careca deu muito certo. Não sei se esse comentário vai soar meio estranho, mas ela tem um belo crânio.
A trilogia da Barraca do Beijo funcionou como um teste para a Netflix avaliar o interesse de seu público pelo gênero de romance adolescente. É uma história com fórmula bem tradicional neste gênero: um garoto e uma garota passando por encontros e desencontros amorosos, festas na piscina e rolés com os amigos.
A franquia foi um sucesso em termos de audiência, sinal de que de fato existe um grande público (em geral adolescente e jovem-adulto) na Netflix interessado neste tipo de filme. Só o final da trilogia foi decepcionante para este mesmo público, pois deixaram o romance em aberto, ou seja, não teve o clássico final feliz em que o casal finalmente supera os problemas e fica junto.
É isto que as pessoas que curtem romance adolescente esperam, que seu casal shippado dê certo. Neste caso, o roteirista resolveu dar uma de Nolan e criar um final Inception, em que pode ser ou pode não ser. Aí estragou a brincadeira.
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