Ao longo da década experimentei uma meia dúzia de filmes do terror sul-coreano. O que mais me marcou foi o brilhante Oldboy (2003), que teve um remake hollywoodiano irrelevante em 2013. Também do mesmo diretor vi o Mr. Vingança (2002) e Lady Vingança (2005). Eles formam a Trilogia da Vingança deste cineasta.
Vi alguns menos famosos como Bedevilled (2010), I Saw the Devil (2010) e A Tale of Two Sisters (2003), simplesmente traduzido para o português como Medo, e que também teve um remake ocidental bem paia chamado The Uninvited (2009). Por fim, à lista acrescento Sede de Sangue (2009), que desenvolve uma versão bem peculiar de história de vampiro.
Agora, para encerrar essa década, vi o premiado Parasita (2019), filme que ganhou os holofotes na premiação do Oscar e chamou atenção para o cinema coreano.
Diferente dos outros listados acima, Parasita não tem um tom de terror do início ao fim. No começo parece uma espécie de comédia ou sátira social, pois mostra como uma família pobre consegue malandramente ir se apoderando da casa de uma família rica, como verdadeiros parasitas sociais.
A coisa vai evoluindo de modo que há uma tensão constante destes empregados para que seus segredos e tramoias não sejam descobertos pelos patrões. Assim o filme muda para um tom de suspense. Por fim, no clímax (e atenção para o spoiler), acontece uma trágica cena de assassinatos durante uma festa, quando as tensões entre as classes sociais extravasam. No finalzinho, o garoto sobrevivente sonha em estudar e trabalhar duro para ficar rico e comprar aquela casa.
É claramente uma parábola sobre as desigualdades sociais e como se desenvolve uma relação parasitária entre as classes, uma dependência humilhante e problemática. Curiosamente, no final o garoto pobre cultiva o sonho meritocrático de enriquecer para enfim chegar na posição em que vivem seus patrões. O final deixa em aberto se ele conseguiu isso ou se tudo continuou como um sonho frustrado.
Um detalhe interessante é a pedra da sorte. O garoto pobre Ki Woo é o fio condutor de toda a trama. Ele consegue emprego na casa rica por indicação de um amigo e este amigo também lhe presenteia com uma pedra que traria sorte e prosperidade. Ki Woo se apega a essa pedra e credita a ela a sorte de ter conseguido um emprego fácil que abriu a porta para que toda a sua família fosse se infiltrando na casa rica.
No momento de crise, ele leva a pedra para a casa rica e acaba sendo golpeado na cabeça com ela. Por fim, ele decide levar a pedra de volta para a natureza, depositando-a em um rio. Acredita então que a partir daí começará sua jornada para realizar o sonho de enriquecer.
O elemento mais surreal é o fato de ter um cara vivendo no porão da mansão por vários anos sem que os donos da casa jamais percebam. Um parasita alojado nas entranhas da casa, alimentando-se do que pode roubar. Apesar de parecer surreal, é um fenômeno que de fato existe no mundo e podem-se contar centenas ou milhares de pessoas que vivem assim secretamente escondidas nos porões e sótãos.
O elemento mais surreal é o fato de ter um cara vivendo no porão da mansão por vários anos sem que os donos da casa jamais percebam. Um parasita alojado nas entranhas da casa, alimentando-se do que pode roubar. Apesar de parecer surreal, é um fenômeno que de fato existe no mundo e podem-se contar centenas ou milhares de pessoas que vivem assim secretamente escondidas nos porões e sótãos.
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