Neil Blomkamp é um cineasta sul-africano que se destacou escrevendo e dirigindo o filme Distrito 9 (2009) e em Elysium ele retorna com uma estética semelhante. Em ambos os filmes, temos uma distopia futurista, retratando um mundo decadente, com uma explosão de pobreza e de classes marginalizadas.
Em Distrito 9, entre as vítimas de marginalização, está uma população alienígena que fortuitamente foi parar na Terra, tendo que viver em guetos e sofrer preconceitos e miséria. Em Elysium, todos os habitantes da Terra se tornam marginais, pois, diante da poluição e degradação das cidades, os mais ricos se refugiam numa nova nação construída em uma imensa estrutura espacial, a Elysium.
O próprio nome remonta ao "paraíso" da mitologia grega, os Campos Elísios, onde viviam heróis e deuses em condição privilegiada. Da mesma forma, no filme os humanos que vivem lá gozam de fartura e acesso às melhores tecnologias, especialmente uma plataforma capaz de automaticamente realizar diagnósticos e tratamentos médicos avançadíssimos, garantindo uma longevidade e saúde perpétua aos seus usuários.
Na Terra, os humanos vivem na miséria, no subemprego e tendo acesso a tecnologia sucateada. Ocasionalmente, alguns rebeldes tentam chegar até a cidade celestial em investidas suicidas, mas os rumos de toda essa civilização dividida em duas castas vão mudar por causa da intervenção heroica de Max (Matt Damon), um pobre e renegado habitante da Terra que se vê envolvido num plano de roubo de dados, invasão e golpe de Estado em Elysium.
Como ficção científica, o filme pode revelar algumas incoerências. Por exemplo, Elysium tem uma tecnologia fabulosa de cura e reconstrução do corpo humano, mas não tem um sistema eficiente de segurança, tanto que foi tomado de assalto por um punhado de pessoas.
Também é estranho ver que ainda usam monitores e teclados para operar computadores, uma vez que tudo isto poderia ser feito por uma interface holográfica ou dentro da própria mente, sem necessidade de periféricos. Afinal, já hoje estamos perto de tecnologias deste tipo, algo mais "telepático".
A forma como essa plataforma espacial possui uma atmosfera também é inverossímil. Não existe nenhuma redoma cobrindo a plataforma (o que se nota quando as naves adentram em sua atmosfera sem qualquer barreira). Como um objeto deste tamanho consegue reter o ar de sua atmosfera, uma vez que ele sofre o efeito de diversas forças de repulsão (vento solar, gravidade da Terra, o vácuo do espaço)? Não creio que a microgravidade artificial seja suficiente pra segurar assim o seu próprio ar.
Também é estranho ver que ainda usam monitores e teclados para operar computadores, uma vez que tudo isto poderia ser feito por uma interface holográfica ou dentro da própria mente, sem necessidade de periféricos. Afinal, já hoje estamos perto de tecnologias deste tipo, algo mais "telepático".
A forma como essa plataforma espacial possui uma atmosfera também é inverossímil. Não existe nenhuma redoma cobrindo a plataforma (o que se nota quando as naves adentram em sua atmosfera sem qualquer barreira). Como um objeto deste tamanho consegue reter o ar de sua atmosfera, uma vez que ele sofre o efeito de diversas forças de repulsão (vento solar, gravidade da Terra, o vácuo do espaço)? Não creio que a microgravidade artificial seja suficiente pra segurar assim o seu próprio ar.
Mas, enfim, o próprio Blomkamp deixou claro em entrevista que não tinha intenção de produzir ficção científica ou grandes previsões futuristas. Ele diz que Elysium é sobre o hoje e o agora. De fato, é comum em distopias, apesar de falarem de um suposto futuro, haver a intenção de denunciar o presente. Distrito 9 também foi assim.
Elysium visivelmente critica a política rigorosa contra imigrantes nos Estados Unidos, a segregação da humanidade em classes muito ricas e muito pobres, separadas por um abismo imenso em termos de acesso a tecnologia, cuidados médicos e recursos.
Sendo assim, não é um grande filme de ação; não é um filme para se ver lutas impressionantes envolvendo armas futuristas e explosões. A trama também é relativamente simples e tem um final muito brusco, muito simplificado como se tudo encontrasse uma solução rápida e fácil, ao estilo deus ex machina.
É bom mencionar também a participação de dois atores brasileiros, Alice Braga e Wagner Moura, que interpretam dois dos personagens principais da trama. Também no grande elenco está a atriz Jodie Foster e William Fichtner.
Falando em brasileiros, um detalhe curioso é a forma como as nacionalidades se dividem entre os dois mundos, o de cima e o de baixo. Em Elysium, vemos a personagem de Jodie Foster (Delacourt) falando francês; um dos empresários tem sobrenome britânico (Carlyle) e o presidente tem sobrenome indiano (Patel).
De certa forma, eles representam as nações poderosas de hoje, especialmente na Europa e entre os Tigres Asiáticos. Na Terra, por sua vez, a língua predominante é o espanhol, representando os povos latinos, e há atores latinos como a já mencionada dupla brasileira.
De certa forma, eles representam as nações poderosas de hoje, especialmente na Europa e entre os Tigres Asiáticos. Na Terra, por sua vez, a língua predominante é o espanhol, representando os povos latinos, e há atores latinos como a já mencionada dupla brasileira.
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