Qaligrafia
Séries, livros, games, filmes e eteceteras 🧙‍♂️

Joguinhos roguelike

Crypt of the Necrodancer

Os chamados jogos roguelike têm esse nome por se basearem no clássico Rogue, de 1980, um joguinho de dungeon (masmorra) dos primórdios da computação. Basicamente tem duas características: a morte permanente e a geração aleatória dos cenários.

Ou seja, em cada partida você começa do zero, ou quase isso. Você entra na primeira fase ou cenário e à medida que avança os cenários vão ficando mais difíceis. Normalmente os cenários são dungeons que você explora enquanto enfrenta monstros e encontra tesouros e itens que vão tornando o personagem mais poderoso. No entanto, independente de até onde você consiga chegar e de quanto tenha evoluído seu personagem, se morrer já era. Perde tudo, todos os itens, toda evolução, vai ter que começar com o personagem noob. É um jogo para masoquistas.

Quanto à geração aleatória do cenário, é um recurso que acrescenta dificuldade extra, já que você nunca vai poder decorar a dungeon e sempre terá surpresas. Isto também pode tornar o jogo menos entediante pelo mesmo motivo da imprevisibilidade.

No entanto essa rigorosa penalidade da morte geralmente é compensada com alguns progressos que sobrevivem a cada partida. Por exemplo, você pode acumular certos pontos especiais que serão usados pra comprar melhorias, como aumentar a vida ou acrescentar novos itens ao cenário, então a cada partida você não começa exatamente do zero, mas com um personagem noob levemente melhorado.

Não sou lá muito fã de roguelike porque gosto de curtir uma build de personagem, como acontece em MMORPGs ou RPGs. É prazeroso perceber que as horas investidas em um jogo são recompensadas com um personagem cada vez melhor, que avança em nível, em poder, em habilidades, em riqueza e coleciona itens e conquistas e cada vez que você entrar no jogo vai poder usar esse personagem com tudo que ele tem direito. No roguelike você é um eterno noob e são poucos os progressos permanentes.

Rogue Legacy (2013)

Mas vez ou outra descubro um roguelike que acaba me agradando. Geralmente são joguinhos indie e que trazem alguma proposta inovadora, algum detalhe diferente que torna o seu estilo único. Um deles foi Rogue Legacy (2013). Como em todo roguelike, o começo é bem sofrido, você morre bastante e passa muita raiva, mas se persistir em jogar vai acumulando melhorias em árvores de habilidades e realmente consegue voltar mais poderoso em cada partida. A princípio você tem a sensação de que está no jogo mais difícil do mundo, porque o iniciante sofre mesmo. Mas acredite, com o tempo você vai conseguir personagens bem fodões.

A ideia inovadora é a forma como os personagens são gerados. Se seu personagem morre, morre mesmo e jamais você vai voltar a usá-lo. O que acontece é que estes personagens têm descendentes e você passa a usar os filhos, netos, bisnetos, com direito a alguma herança deixada pelos anteriores. Além disso cada personagem tem seu próprio conjunto de peculiaridades, de qualidades, defeitos e trejeitos, de modo que a ideia de aleatoriedade própria do roguelike chega aqui a outro nível, afetando os próprios personagens.

Risk of Rain (2013)

Risk of Rain (2013) é pura chuva de balas, realmente frenético. O primeiro jogo é um plataforma 2D pixelado, um visual bem simples e retrô. Em 2019 lançaram o Risk of Rain 2 totalmente remodelado, agora como um TPS 3D.

Hero Siege (2014)

Hero Siege (2014) foi um dos roguelikes mais divertidos que conheci. Joguei por umas 50 horas e ainda posso voltar a jogar qualquer dia porque ainda faltou muita coisa pra fazer. Possui diversas classes de personagens, algumas desbloqueáveis via DLC, e uma jogabilidade hack 'n slash estilo Diablo, com muuuito loot e bichos pra todo lado. É mais difícil no começo, quando seu personagem ainda é fraquinho, mas com o tempo vai evoluindo e se tornando um verdadeiro badass, chacinando os monstros e bosses.

Crypt of the Necrodancer (2015)

Outro que experimentei recentemente foi Crypt of the NecroDancer (2015), um trocadilho com necromancer (necromante, bruxo) e dancer (dançarino). O grande diferencial é a forte integração da trilha sonora com a ação. De fato, você tem que se mover no ritmo da música, saltando a cada batida. Se você fizer isso direitinho, é recompensado com bônus, se caminhar desajeitado e fora do ritmo, perde os mesmos.

Também tem que aprender o ritmo de movimento de cada monstro de modo que a luta é como uma dança em que você e o monstro vão se aproximando, saltando nos quadradinhos, e você deve saber o salto correto para poder atacar o monstro sem ser atacado no turno dele. É realmente divertido. Com o tempo você vai desbloqueando melhorias e também personagens, cada qual com suas próprias características. Os controles são bem simples. Nada mais que as quatro setas de direção e algumas combinações delas para usar poderes.

Steredenn (2015)

Eu adoro joguinhos de nave no formato 2D clássico. É o caso de Steredenn (2015), que tem um belo visual e jogabilidade satisfatória, maaas é roguelike, o que pra mim é um tanto chato, pois não há um acúmulo de progressos, os upgrades se perdem todos na morte e é preciso começar as fases tuuudo de novo. A única vantagem é que com o progresso você desbloqueia naves melhores.

Dungeon Souls (2016)

Dungeon Souls (2016) tem um visual pixelado bonitinho e parece uma versão minimalista de Diablo. Há diversas classes de personagens, mas você precisa ir desbloqueando à medida que joga. O que desequilibra bastante a dificuldade é um boss que aparece sempre que você completa os portais de um cenário. Ele muitas vezes surge em cima de você e mal dá tempo pra fugir, aí é morrer e começar tudo de novo.

Minit (2018)

Minit (2018) tem um visual bem minimalista, preto e branco e pixelado. É um RPG básico em que você sai explorando o cenário, realiza missões para NPCs e encontra itens que vão facilitando sua aventura. O elemento roguelike está no fato de haver um timer e sempre que o tempo acaba você morre, mas não perde as missões e itens que conseguiu até então, apenas volta para casa e tem que repetir todo o percurso que estava fazendo. Isso logo se torna bem repetitivo, que é justamente o que não curto em roguelikes.

Neon Abyss (2020)

Neon Abyss (2020) tem um belo visual pixelado com temática cyberpunk e música eletrônica. A jogabilidade é relativamente simples: você explora salas em uma dungeon, até enfrentar o boss. Nas salas vai coletando itens, armas e companions que começam na forma de ovo até chocarem. Estes companions são acumuláveis e realizam funções diversas, ajudando bastante no combate. Sendo roguelike, você perde tudo isso ao morrer, mas com o progresso pode ir desbloqueando bônus e personagens permanentemente, fazendo com que a cada nova aventura você comece mais preparado.

Vampire Survivors (2021)

Vampire Survivors (2021) é um jogo pixelado bem feinho, mas que mal foi lançado e já é uma espécie de cult, com uma comunidade dedicada de players, uma wiki e tutoriais e gameplays no Youtube. É extremamente viciante.

Bem no estilo Hero Siege, você vai enfrentando ondas de bichos, aquirindo e evoluindo seus itens, de modo que no endgame de uma partida a tela está lotada de criaturas e seu personagem também está poderosíssimo, spamando projéteis pra todo lado. 

As partidas duram cerca de meia hora, que é quando está programada a chegada do último boss, um reaper super apelão que te mata quase instantaneamente. Mesmo assim, basta você sobreviver até a chegada do reaper para zerar a fase. 

É possível matar o reaper, o que exige muita estratégia e paciência, de modo que você desbloqueia uma versão jogável dele. Como um bom roguelike, você vai desbloqueando personagens, cada qual com suas peculiaridades. 

Os achievements não são nem muito fáceis nem impossíveis, de modo que com alguma dedicação é possível zerar todas as conquistas. Afinal, um roguelike, como é baseado em morrer e recomeçar várias vezes, precisa estimular a jogabilidade. Tentar zerar os achievements é um bom motivo pra jogar de novo e de novo.

Não costumo gostar de roguelike, mas eventualmente encontro exceções. Este aí eu cheguei a jogar por quase 30 horas, até dar minha missão por encerrada. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário