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Darling in the Franxx, a mistura de Evangelion com Elfen Lied

Darling in the Franxx (2018)

A produção de animes é vastíssima, maior que qualquer outro mercado de animação do mundo. E uma vez que esta indústria e arte possui décadas de existência, é natural que as produções atuais recebam influências das anteriores. No caso de Darling in the Franxx (2018), qualquer pessoa que tenha um conhecimento razoável de animes notará a influência de Evangelion (1995).

Evangelion (1995)

Evangelion é um daqueles clássicos obrigatórios para quem realmente quer conhecer a história dos animes. É um dos principais do gênero mecha (animes de robôs) e que foi além da simples luta de máquinas gigantes, enveredando pelo mistério, a engenharia genética e até a filosofia.

Nos mechas convencionais, os personagens simplesmente "vestem" ou pilotam seus robôs como se fossem veículos de braços e pernas. Em Evangelion a relação entre o piloto e o robô era mais íntima, orgânica. Há uma conexão neural entre o robô e o usuário. Aliás, aquelas criaturas gigantes nem eram robôs propriamente ditos, mas seres orgânicos gigantescos revestidos por uma armadura robótica.

Pacific Rim (2013)

Essa coisa então de se controlar um robô gigante por meio da própria conexão neural inspirou anos depois o filme americano Pacific Rim (2013), que tem uma visível influência do gênero mecha. A novidade é que os robôs deste filme são sempre controlados por duas pessoas que precisam estabelecer uma conexão entre elas e a máquina, uma sincronização de suas redes neurais. Em Darling in the Franxx esta ideia está de volta. Desta forma, podemos dizer que Darling in the Franxx tem uma influência de Evangelion por tabela, passando por Pacific Rim.

Diferente de Evangelion e Pacific Rim, em Darling in the Franxx é necessário uma compatibilidade sexual entre os dois usuários do robô, por isso se costumam formar casais. Na verdade, este anime está sempre sutilmente (ou nem tanto sutil assim) se referindo a sexo e afirmando o caráter especial desta relação entre duas pessoas.

Pra começar, a posição em que a dupla fica dentro da máquina é bem safadinha. A pessoa da frente, geralmente uma garota, fica como que de quatro, e atrás o outro piloto segura uns manches fixos na bunda da colega. Convenhamos, não tem como não pensar besteira vendo isso.

Darling in the Franxx (2018)

Darling in the Franxx (2018)

Darling in the Franxx (2018)

Darling in the Franxx (2018)

Darling in the Franxx (2018)

E os diálogos com duplo sentido, falar sobre "eu estou crescendo dentro de você" e os gemidos dos personagens enquanto pilotam. Sem contar os ângulos bem safadinhos feitos pelos desenhistas. É o que se chama fan service, ou melhor, ecchi, quando se explora a sensualidade nos animes.

Particularmente gosto do fan service (why not?), mas o anime em si é muito bonito esteticamente, tem um desenho com um belo traço. Além disso a trama é interessante, desenvolvendo aos poucos a história daquele mundo, dos monstros e das cidades com sua avançada tecnologia. Neste caso o anime peca justamente por ser curto demais e acaba precisando acelerar a história no momento em que vai ficando mais interessante.

Darling in the Franxx (2018)

Há ainda um detalhe interessante. O nome do cientista que criou os pilotos dos robôs é Werner Frank e seus robôs recebem o nome de Franxx. É obviamente uma referência ao cientista Frankenstein que no século XIX desenvolveu o primeiro ser vivo artificial na ficção. Tem ainda um detalhezinho aí que nem todos perceberam: no título do anime, os dois xx de Franxx se entrelaçam formando uma espécie de hélice de DNA, uma referência à engenharia genética. 

Darling in the Franxx (2018)

Enfim, nada tenho do que reclamar desse anime. Até os fillers, poucos de fato, são legais porque desenvolvem a relação dos personagens. A única coisa que achei estranho mesmo é o fato dos robôs gigantes mexerem a boca quando falam, o que fica infantil demais, mas ok.

Darling in the Franxx (2018)

A influência de Evangelion também se nota no fato dos pilotos serem nomeados com números, mas tem outra influência que é menos percebida: a de Elfen Lied.

Darling in the Franxx (2018)

Elfen Lied (2004)

Existe um garoto comum, sem grandes atributos, mas que atraiu a atenção de uma garota especial. Essa garota tem o cabelo rosa, uns chifrinhos na cabeça, poderes sobre humanos e desde a infância foi tratada como um monstro, vítima de experimentos de laboratório e por isso desenvolveu uma personalidade muito agressiva e até psicopata. A redenção desta garota se dá pelo elo emocional dela com o garoto, que assim restaura sua humanidade. Estamos falando da Lucy de Elfen Lied, mas essa mesmíssima descrição se encaixa na Zero Two de Darling in the Franxx.

Darling in the Franxx (2018)

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