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Vingadores: Guerra Infinita ou A Saga de Thanos

Infinity War (2018)
Achei essa capa feinha, muito bagunçada. Em vez de tentar incluir tudo quanto é personagem, se colocasse só o Thanos seria bem mais interessante.

O filme já começa com ação. Sem enroleichon.

A luta do Thanos contra o Hulk foi muito adequada pro começo do filme porque já dava a ideia do nível do Thanos. Mesmo sem as joias, simplesmente com os punhos, ele subjugou o vingador mais forte em segundos, literalmente brincando de boxe. Depois veio o encontro do Stark com o Doutor Estranho que todo fã esperava ver por causa do choque de egos, dois gênios ricos e arrogantes se estranhando. Também foi uma apresentação da armadura nanotecnológica.

Não há longas explicações sobre as novidades, tudo vem em frases casuais e sem enrolação, afinal são muitos personagens e, como diz aquele clichê; "entre no carro, não há tempo para explicações".

Infinity War (2018)

Aí teve uma rápida aparição do Homem Aranha e aquela cena bem esperta de mostrar o sentido de aranha sem dar explicações, simplesmente os pelos do braço subiram e todo mundo com um mínimo de conhecimento sobre o personagem já sacou a ideia. O crossover do Thor com os Guardiões não tem combates e serve mais para tecer a teia que ligará os Guardiões aos Vingadores e acrescentar algumas piadinhas.

Aí veio o núcleo dos "fracotes" e nerfados. No caso, os nerfados foram o Visão e a Feiticeira Escarlate. Supostamente eles estavam entre os mais poderosos, mas tomaram um pau dos filhos de Thanos e estavam sempre numa postura defensiva e de fuga. Aí chegam os fracotes. Bom, o Capitão América é um personagem poderoso, tem a habilidade da Viúva Negra bombada com super força, ele conseguiu lutar contra o Homem de Ferro na Guerra Civil, mas o papel dele na equipe é mais moral.

Os realmente poderosos são Thor, Hulk, Doutor Estranho, Homem de Ferro, Homem Aranha (embora ainda imaturo e despreparado) e também Visão e Feiticeira deveriam estar nesse grupo, mas agora parecem nerfados. Aí tem essa galerinha que não tem superpoderes e são durões e bons de briga, mas, convenhamos, estão a anos luz do poder destes outros.

No caso, a Viúva e o Falcão são apenas uma artista marcial e um cara com asas que fica dando voadora. O Capitão é o meio termo entre aqueles super fortes e estes humanos fodásticos, mas sem poderes. E eis que é o grupo dos fracotes que consegue dar uma surra nos caras que estavam atormentando o Visão e a Feiticeira.

Infinity War (2018)

Aí vem a história de Thanos e Gamora. Esse lance de conflito entre pai e filha é legal, ainda mais porque ela se torna o ponto fraco do invencível Thanos, mas achei meio forçado o primeiro encontro deles. Quer dizer que o Thanos quis adotar uma garota que nunca viu na vida só porque viu nela uma "guerreira"? Ela não fez nada que fosse impressionante, não lutou, não provou a valentia, só chegou no Thanos e disse "Cadê minha mãe?" E ele: "Nossa, temos aqui uma guerreira, quero adotar essa garota e um dia ela vai herdar meu trono". Sei lá...

E outra coisa: por que diabos o Thanos levava um canivetinho na cintura? Não acho que ele precise de uma arma dessas. Talvez pra cortar as unhas... Enfim, essa história dos dois deveria ter sido desenvolvida com mais calma, talvez no segundo filme dos Guardiões. Em um flashback de poucos minutos ficou tudo muito superficial.

Aí termina o primeiro ato que é o das apresentações. Vem o ato intermediário retornando aos mesmos grupos e eles seguindo para seus destinos. Uma parte dos Vingadores se reunindo na Terra em Wakanda, outra indo pra Titã, o Thor indo forjar sua arma. Foi uma sacada muito legal o fato do "anão" forjador ser gigante segundo as proporções humanas. Foi bem inesperado.

Infinity War (2018)

O primeiro ato terminou com o flashback da adoção de Gamora pelo Thanos e esse segundo ato termina com Thanos sacrificando a filha em troca da joia da alma. Já está claro que Thanos é o protagonista do filme, o drama gira em torno dele e a estrutura narrativa é pontuada pelas cenas dele.

Terceiro ato. Começa a batalha na Terra, uma batalha campal, como era de se esperar, com os wakandanos organizados como uma falange romana e os minions de Thanos reunidos caoticamente como bárbaros selvagens. Na Terra fica o núcleo dos personagens mais fracos, porém mais numerosos, encarregados de enfrentar os minions. Em Titã é o núcleo dos superpoderosos contra o próprio Thanos. O Thor, porém, é colocado no cenário da Terra pra desequilibrar a equação já que ele é absurdamente superior aos outros.

Infinity War (2018)

Achei meio improvável que a navezinha do Rocket Raccoon tenha sido capaz de mover os gigantescos anéis em volta da estrela pra ligar a máquina que forjaria o machado do Thor, mas ok, toda a cena da forja é bem fantástica e bonita de ver, ainda mais porque esses anéis são como uma representação da chamada Esfera de Dyson, estrutura teórica imaginada pelo físico Freeman Dyson que supostamente as civilizações mais avançadas usariam para captar energia das estrelas. 

A luta dos fodões contra Thanos foi realmente bem feita, com uma excelente cooperação entre os personagens. Interessante a Mantis ter entrado na fórmula porque finalmente se provou que ela está entre os personagens mais poderosos, afinal conseguiu domar a mente do Thanos que deve ter uma força brutal. Mas claro que alguma coisa (ou alguém, não é, Starlord?) tinha que dar errado, senão o filme acabaria ali mesmo com eles arrancando a manopla. Foi um belo quebra pau.

Quem assistiu Naruto na certa lembrou da cena em que o Madara tacou um meteoro na Terra quando Thanos fez a mesma coisa dando uma "luarada" no Stark. Claro que é uma cena fodástica, mas eu ficava pensando nos detalhes científicos da coisa. Pra uma lua ou seus destroços caírem em um planeta levaria algumas horas. E outra, como pode a atmosfera de Titã ser tão adequada para humanos respirarem numa boa? Aí lembro que é um filme de fantasia e essas perguntas devem ser evitadas né.

Infinity War (2018)

Madara meteor

Notei um detalhe curioso no encontro destes personagens que enfrentaram Thanos: existe uma dinâmica de "hierarquia de machos". O Stark é o típico macho Alpha, que tem uma liderança natural e se sente mais à vontade comandando. O Peter Parker é o macho Beta, submisso e aprendiz do Alpha, que se sente à vontade respeitando a autoridade dele. O Peter Quill é tipo um macho Omega, ele tenta ser um Alpha (tenta enfrentar o Stark e imitar o Thor), mas ninguém o respeita e suas ações costumam causar rejeição dos outros.

O Doutor Estranho é um macho Sigma, tem a autoridade de um Alpha, mas é mais do tipo lobo solitário, não anda em grupos para ser o líder, só lidera quando a situação exige, costuma agir sozinho. Tanto que sua viagem pelas múltiplas realidades em busca de uma solução para o problema do Thanos foi uma jornada solitária.

Aí o Thanos chega em Wakanda. O último e rápido ato. É interessante como ele usa os supremos poderes das joias com delicadeza. Ele apenas imobiliza ou nocauteia quem se aproxima, mas não mata ninguém (a não ser o Visão porque não há opção). Ele não é um cara mau nem sádico. É um visionário louco que acha que está fazendo a coisa certa pelo bem do mundo. Hummm, muitos ditadores genocidas foram assim... 

Aliás, vamos falar desse "plano Thanos". A ideia que o mal do mundo é a superpopulação e que a solução é o extermínio de metade dos seres vivos é tão estúpida e simplista que me admira que esse assunto tenha sido discutido nas reviews do filme pela internet. Tipo, é sério que vocês estão se perguntando se essa pode ser uma boa ideia? É uma ideota. Thanos era "bem intencionado", mas foi o pior solucionador de problemas de todo o universo.

A estratégia dele para ser justo é fazer com que metade dos seres vivos desapareça (leia-se "morra") de forma aleatória, ricos e pobres, etc., sem discriminação. Acontece que não tem como haver justiça nisso porque, antes de tudo, matar já é uma injustiça. Existem ocasiões em que é justificado você matar alguém (autodefesa, por exemplo), mas matar os outros aleatoriamente alegando que é por um "mundo melhor", é um direito que ninguém tem.

Infinity War (2018)

Ah, mas existe a teoria de que todos foram para dentro da joia da alma e vivem num paraíso (veremos se é isso mesmo no próximo filme). Ora, mesmo assim Thanos não tinha o direito de raptar todas essas pessoas contra a vontade delas, tirá-las do convívio de seus queridos e arbitrar sobre seus destinos. Sem contar que simplesmente cortar pela metade a população causa efeitos colaterais imediatos, caos no trânsito, mortes por acidentes. Não tem como nada disso ser considerado um ato justo.

Sebe-se lá por que os roteiristas optaram por esta motivação imbecilóide. Nos quadrinhos, o massacre acontece porque Thanos é apaixonado pela morte e quer impressioná-la. Claro que neste caso também não é uma atitude justificável, mas pelo menos é mais vilanesca, é passional, não é um plano de um estadista ou visionário, é o ato egoísta e inconsequente de um cara que tem acesso ao poder supremo.

O filme acaba mostrando o rosto do Thanos, ele contemplando satisfeito seu novo mundo. No último segundo dos pós créditos, lemos um "Thanos will return". E mais uma vez fica claro que do começo ao fim ele é o protagonista. O filme poderia se chamar "Thanos: Guerra Infinita" ou "A Saga de Thanos".

Apesar de seu plano estúpido, ele foi um belo personagem, lentamente desenvolvido em 10 anos de MCU e que se mostrou também uma obra de arte em termos de CGI, uma combinação perfeita entre a performance do ator e as camadas de efeitos computadorizados. Neste sentido, Thanos é o novo Smeagol.

E falando em pós créditos, claro que o Nick Fury, que há dez anos vem recrutando gente pra Iniciativa Vingadores, deu sua última cartada antes de desaparecer: usando uma espécie de pager cósmico, manda um SMS pra Capitã Marvel que deve ser o plano de emergência da SHIELD. Pelo visto ela vai ser bem poderosa, mais que Hulk, Thor, etc.

Um resumo sobre os personagens mais poderosos: o Hulk broxou; a Feiticeira no começo tava nerfada, mas conseguiu tankar o Thanos por um momento; o Visão foi talvez o mais nerfado de todos, em nenhum momento agiu com o poder que deveria ter; Homem de Ferro e Homem Aranha foram bem com seus vários recursos e o Thor, apesar da surra inicial, tomou um belo boost de poder.

Mas entre todos o Doutor Estranho mostrou estar em outro nível, inclusive superior ao Thanos com algumas joias. Vai por mim, o mago é foda, conseguiu viajar em milhões de realidades alternativas, jogando aquele jogo de novo e de novo e planejando algo cuja repercussão só será entendida no próximo filme.

Tem uma coisa que eu cismo em histórias de superpoderes: as armas de fogo são subestimadas. Ok, os personagens têm poderes legais, estilosos, mas o que seria mais eficiente pra abater um inimigo: sacar umas garras de Wolverine e partir pra cima ou mandar uma rajada de metralhadora ponto 50? As lutas contra o Thanos foram cheias de pirotecnia, combates corpo a corpo, um machado forjado nas estrelas, os truques do Dr. Estranho, as piruetas do Aranha...

Infinity War (2018)

Não teria sido muito mais fácil um sniper (tipo o Rocket Racoon ou a Viúva Negra ou o Soldado Invernal) usar um rifle superpotente pra mandar uma bala mais rápida que o som bem no crânio do vilão? O Thanos nem ia saber de onde veio o tiro, nem teria tempo de reagir e usar os poderes da luva. Mas enfim, se fosse permitido explorar o potencial de armas de fogo, os filmes de super heróis perderiam o sentido, não é mesmo?

Mas vamos falar da melhor review de todas que é a do canal How It Should Have Ended (e nem ganho nada pra falar desse canal, é que as reviews estilo paródia são mesmo muito boas). Eles mostram 5 maneiras fáceis em que os Vingadores poderiam ter derrotado Thanos e no fim o Thor termina com a manopla.

O legal é que acidentalmente ele estala os dedos e causa o desaparecimento de todos os vilões e o Palpatine repete a cena do Nick Fury, mandando mensagem em um pager pra convocar um cara que não iria desaparecer, pois não era vilão, mas também não era herói: Deadpool.

HISHE, Deadpool

Ah, o vídeo do HISHE é esse aqui:



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