Game of Thrones (2011-2019) foi o grande campeão entre as séries da HBO. Virou um medidor de padrão de qualidade. Uma série muito bem produzida passou a ser considerada "nível Game of Thrones". Foi uma renascença do gênero de fantasia medieval comparável ao sucesso da trilogia Lord of the Rings uma década antes (2001-2003).
A fortuna que Game of Thrones rendeu garantiu a produção de um spin-off, House of the Dragon (2022-). Curiosamente, esta série foi lançada com poucos dias de diferença de outra relativamente semelhante: The Rings of Power (2022-)¹, que é baseada no universo de Lord of the Rings.
Desta forma, iremos acompanhar uma batalha de dois serviços de streaming, Amazon e HBO, cada qual com seu campeão de fantasia medieval.
Ambas as séries envolvem a fantasia dita "medieval", que não necessariamente se passa na idade média da nossa história, mas que apresenta um mundo com alguma semelhança ao que o imaginário popular tem da idade média, com castelos, cavaleiros e, do ponto de vista fantástico, dragões.
HotD, assim como GoT, não é para quem tem gatilho com cenas de violência. |
Além destas semelhanças, ambas as séries se diferenciam em outros aspectos. House of the Dragon, seguindo o tom de Game of Thrones e dos livros de George R. R. Martin, é uma série adulta, com sexo explícito e muita violência até ao nível do gore. Rings of Power, seguindo o tom mais infantil e family friendly que vem desde a obra literária de Tolkien, é mais contida em termos de violência e provavelmente jamais terá sexo explícito, contentando-se apenas com sugestões e uma tensão sexual pairando no ar entre alguns personagens.
Em termos de crítica e score, parece claro que House of the Dragon começou na frente. No momento, está com pontuação de 8,8 no IMDb contra 6,8 de Rings of Power. Também basta assistir ao primeiro episódio de cada série que fica evidente a diferença de qualidade. E olha que Rings of Power teve um investimento colossal. Cada episódio custa em média 60 milhões de dólares, enquanto House of the Dragon tem um orçamento de cerca de 20 milhões por episódio.
Basta observarmos a maneira como são feitos os takes de câmera e os cortes. Neste aspecto, House of the Dragon parece bastante superior, parece ter o toque de direção e edição mais profissional, mais criativo, com ângulos de câmera inteligentes, um uso maior de recursos como gruas e drones para takes panorâmicos, trilhos para movimentação acompanhando os personagens e câmeras colocadas em locais inesperados, como em uma cena de duelo de cavaleiros em que a câmera parece posicionada na base da lança do cavaleiro, oferecendo uma visão diferenciada do combate.
Em Rings of Power não temos este tipo de brincadeira com a câmera. A câmera parece mais estática, com takes semelhante ao de uma novela, onde mostram ora o cenário, ora os rostos dos atores se alternando durante os diálogos.
Também em termos de roteiro a filha de Game of Thrones parece mais profunda e densa e, somado à boa atuação do elenco, produz um apego mais fácil aos personagens. Os personagens de Rings of Power, ao menos nestes dois episódios iniciais, parecem não ter muito carisma e não são interessantes.
Enfim, a série está indo muito bem em cada detalhe. É fruto de um trabalho caprichado de todos os envolvidos, do roteiro, direção, filmagem, figurino, cenários, CGI e até os figurantes que povoam este mundo fictício.
Is this Jojo reference? |
É no final do terceiro episódio que a série realmente mostra a que veio, com sua primeira grande cena de batalha. As batalhas sempre foram um forte de Game of Thrones e agora elas estão de volta. O Daemon Targaryen (interpretado pelo Matt Smith) brilhou muito nesta cena, mostrando o quão badass e estrategista pode ser. Além disso a atuação do Matt Smith está impecável. Ele sabe administrar até o silêncio, transmitindo a aura arrogante e hostil de Daemon.
Sendo assim, até o momento, devo dizer que House of Dragon está ganhando de braçada de Rings of Power.
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