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As três versões de Lost in Space (1965-2019)

Lost in Space (1965-1968)

A série original de Lost in Space começou um ano antes de Star Trek, em 1965, e durou três temporadas, até 1968 (enquanto Star Trek, também com 3 temporadas, terminou em 1969). É inevitável comparar as duas séries. Star Trek é mais ambiciosa e macrocósmica, abordando a exploração do vasto universo e até o multiverso. Lost in Space é microcósmica, focada na experiência de uma família em determinado ponto do espaço.

Lost in Space (1965-1968)

A motivação para a viagem espacial da família Robinson é a superpopulação, um tema que já preocupava o mundo na década de 60. Aliás, ainda comparando com Star Trek, nessa série também se chegou a abordar o tema da superpopulação. Escrevi outro post sobre isso (aqui).

Lost in Space (1965-1968)

No caso de Lost in Space, é elaborado um programa espacial colonizador na direção de Alpha Centauri, mas o Dr. Smith, um agente infiltrado de um país inimigo, sabota a nave e é assim que ele e a família ficam literalmente Perdidos no Espaço e vivendo loucas aventuras em um planeta alienígena.

Lost in Space (1965-1968)

A história começa no futurístico ano de 1997 e é recheada de sci-fi porn, ou seja, não economiza nos elementos fantásticos e tecnologias futuristas. Durante a viagem, a família fica em cápsulas criogênicas, um conceito bem avançado para a época. A nave possuí um veículo para locomoção na terra e vários outros gadgets, como um foguete portátil do tipo Rocketeer. O principal brinquedo tecnológico é o robô B9 que se tornou o mascote da série.

Lost in Space (1965-1968)

Em 1998 foi feito um reboot em um filme bem com a cara dos anos 90. Diferente da série clássica que tem o clima otimista da família feliz dos anos 60, o filme é sombrio, com uns cenários e maquiagens que até lembram Matrix (que seria lançado no ano seguinte).

Aliás, os efeitos especiais são impressionantes para a época e ainda hoje continuam apreciáveis, principalmente as naves e a ambientação espacial. Já as criaturas de CGI, como o Dr. Smith que vira uma espécie de aranha gigante e um macaquinho alien que se torna o mascote da família, são bem tosquinhos.

A motivação para a viagem espacial é um pouco diferente: não mais a superpopulação e sim a escassez de recursos naturais, um tema bem típico dos anos 90 quando se falava em destruição da camada de ozônio e crise do petróleo.

Lost in Space (1998)

O filme já começa chamando atenção para um ator que na época estava bombando: o galã Matt LeBlanc, o Joey da série Friends. Ele atua como o piloto badass Don e mantém o seu typecast de sempre, um cara bonitão e de pouco cérebro, sempre dando em cima de uma garota.

Matt LeBlanc in Lost in Space (1998)

Apesar dele ser o Joey de sempre, seu lado badass ficou realmente muito bom. Além dele, temos o Gary Oldman fazendo suas garyoldmanzices, suas caras e bocas e trejeitos exagerados, no papel do vilão Smith.

Gary Oldman in Lost in Space (1998)

Aí em 2019 eis que surge um novo reboot em uma série da Netflix. O trailer prometia entregar uma versão bem moderna e fantástica, principalmente por atualizar o visual do robô que agora tem um atraente rosto cheio de luzinhas coloridas. No entanto, não entregou o que prometeu.


Lost in Space (2019-)

Pra começar, a família Robinson foi nerfada. Eles se tornaram personagens bem insossos e desinteressantes. O garoto Will, que no filme de 1998 é um verdadeiro gênio e hacker, agora é só um menino meio nerd com uns conhecimentos aleatórios sobre ciência.

A Penny de 1998 também tinha mais personalidade, era meio gótica rebelde, enquanto essa nova Penny é só uma garota comportadinha da família. Também não temos nada equivalente ao Don estiloso do Matt LeBlanc. Em resumo, o filme da década de 90 foi um reboot bem melhor que essa série.

Até as aventuras espaciais são mais fraquinhas. Encontram umas criaturinhas aqui e ali, mas preferem focar o perigo sempre na tosca Dra. Smith. Ah sim, o que falar dessa versão do Dr. Smith? É uma vilã extremamente detestável. Mas não é detestável no bom sentido. Não é um "vilão que a gente ama odiar". A Dra. Smith é desagradável em cada expressão facial, em cada palavra e atitude.

Parece uma personagem criada com puro sadismo e amargura, pois nos causa uma sensação ruim, como a que temos ao encontrar uma pessoa com "baixo astral", aquele tipo de pessoa vampiresca que nos suga a energia. Não sei se foi a forma como construíram o arco dela ou se é algo da própria atriz, só sei que achei essa vilã bem irritante.

Lost in Space (2019-)

Quanto ao robô, a mudança de visual prometia apresentar uma criatura atualizada para nossos tempos, uma inteligência artificial mais avançada, só que na prática esse robô é bem bobinho, pra não dizer estúpido. É muito lento para aprender coisas simples e tão ingênuo que está sempre sendo enganado pelas pessoas.

Lost in Space (2019-)
Uma das vilãs mais detestáveis que já vi.

Em muitas histórias sci-fi, o robô funciona como um mascote. Ele é o doguinho, o personagem fofo. E todos sabemos que os doguinhos não devem ser maltratados. Não é o que acontece nessa série. No filme de 1998, o robô ataca a família Robinson, mas o menino Will consegue libertar seu código da programação ofensiva e se torna seu amigo. Na série Will usa e abusa do robô e ainda manda que ele se mate (isso mesmo), quebrando bruscamente a relação de confiança que eles tinham desenvolvido. Onde já se viu matar o doguinho da história?

Enfim, fizeram tudo errado. A família não tem carisma, a vilã só inspira ranço, o robô nem é interessante e a história não ousa na fantasia e aventura. A única coisa que eu diria que ficou bem legal é a beleza estética dos cenários. Há realmente uma grande diversidade de biomas e ambientes naquele planeta alienígena que são bonitos de se ver. Então terminemos aqui apreciando alguns destes cenários.

Lost in Space (2019-)

Lost in Space (2019-)

Lost in Space (2019-)

Lost in Space (2019-)

Lost in Space (2019-)

Lost in Space (2019-)

Lost in Space (2019-)

Lost in Space (2019-)

Lost in Space (2019-)

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