Em 2012 a CW lançou a série do Arrow, dando início ao que ficou conhecido como arrowverso, um verdadeiro universo compartilhado de séries com personagens da DC. Ao longo dos anos esse universo foi se expandindo rapidamente e celebrando a sua grande diversidade de personagens em crossovers especiais.
Arrow adota um estilo mais sombrio e urbano e os heróis são mais "físicos", trocando socos e performando movimentos acrobáticos. Então em 2014 veio o primeiro spin-off, The Flash, com um estilo bem mais típico dos quadrinhos, explorando superpoderes fantásticos, viagem no tempo e o multiverso.
Legends of Tomorrow surgiu em 2016, seguindo a mesma tendência do Flash e até extrapolando, já que se trata de um grupo de viajantes do tempo e cada episódio é uma aventura bizarra no passado ou no futuro, com personagens os mais inusitados como vikings, homens da caverna, nazistas, Einstein, Elvis Presley, Nixon e por aí vai.
A série teve uma lenta preparação, já que boa parte dos membros da equipe nasceu antes dela. O primeiro membro fundador foi a Canário (Sara Lance), ex-namorada do Oliver Queen, que inclusive esteve com ele lá no naufrágio que fez com que ficassem presos em uma ilha. Ao longo da série do Arrow, Sara foi evoluindo, chegou a morrer e ressuscitar no poço de Lázaro e foi treinada como ninja pela Liga dos Assassinos.
Outro membro foi o Atom (Ray Palmer) que começou na terceira temporada de Arrow e foi aos poucos construindo sua armadura. Na quarta temporada de Arrow conhecemos a Hawkgirl e o Hawkman, bem como o imortal Savage, que será um dos principais vilões da série dos Legends.
Para completar a equipe original, há quatro personagens que vieram da série do Flash: Heat Wave e Captain Cold, que eram originalmente vilões, e o Firestorm, formado pela fusão de Jefferson e o Dr. Stein. Estes oito são convocados pelo viajante do tempo Rip Hunter, e assim nasce o grupo Legends of Tomorrow. O vilão da primeira temporada será o Vandal Savage.
No segundo episódio da segunda temporada, ao viajar para a década de 40, o grupo encontra uma clássica equipe de super heróis da Era de Ouro da DC: a Sociedade da Justiça da América. Outro encontro interessante acontece quando viajam para o Velho Oeste no sexto episódio e encontram Jonah Hex, o pistoleiro sinistro do selo Vertigo.
No sétimo episódio a equipe participa de seu primeiro grande crossover anual com o arrowverso, na saga Invasão. A saga tem um prólogo no final de Supergirl t2e8 (segunda temporada, oitavo episódio) e se desenrola em The Flash t3e08, Arrow t5e08 e Legends of Tomorrow t2e7.
Mantendo a tradição de fazer um crossover anual, em Novembro de 2017 rolou Crise na Terra-X, que teve início em Supergirl t3e8 (terceira temporada, oitavo episódio), seguindo por Arrow t6e8, The Flash t4e8 e concluindo em Legends of Tomorrow t3e8. Nessa saga os heróis se deparam com suas versões malignas da Terra-X, o 53° universo do multiverso DC, um mundo que foi dominado pelo nazismo.
A batalha final entre os heróis do arrowverso e suas versões malignas da Terra-X acontece na série dos Legends e é realmente épica. Esse episódio consegue distribuir o tempo de tela de tantos personagens e a equipe de efeitos especiais caprichou nas cenas de luta. Foi um belo crossover.
Um personagem dos quadrinhos que ganhou vida durante essa saga foi o The Ray que, embora não seja muito conhecido do grande público, existe na DC desde a Era de Ouro. Em 2017 foi produzida uma série animada intitulada Freedom Fighters: The Ray, como um spin-off do arrowverso.
E falando em crossover, no episódio 10 chega um personagem que já teve sua própria série em 2014, Constantine. Era produzida pela NBC e foi cancelada na primeira temporada, mesmo tendo conquistado uma base de fãs. Eis então que na quarta temporada de Arrow o mago detetive retorna, inclusive interpretado pelo mesmo ator da série, Matt Ryan. Cá entre nós, acho que Ryan combina bem mais com o Constantine do que o Keanu Reeves (que o interpretou no filme de 2005).
Após suas visitas em Arrow, Constantine apareceu na série dos Legends e chegou para ficar. Uma vez que o vilão da terceira temporada é o demônio Mallus, ninguém melhor que um exorcista para ajudar os Legends a derrotá-lo.
A presença de Constantine é tão marcante que a quarta temporada é totalmente influenciada por ele. A série deixa de ser uma ficção científica com aventuras de viagem no tempo e ganha um ar místico, algo parecido com a série The Librarians (2014-2018), em que um grupo de magos enfrenta bruxos e demônios, etc.
Nessa temporada Legends of Tomorrow consegue flertar ainda mais com o surreal e com uma pitada de humor. O grande exemplo do nível de nonsense que a série atingiu é o negócio do "mamilo infernal". Tudo começou quando eles viajaram para a época do Woodstock e encontraram um unicórnio do mal. Enquanto Constantine abre um portal para enviar o bicho para o inferno, o unicórnio consegue abocanhar e arrancar o mamilo do nerdão Gary. Tempos depois o mamilo retorna do inferno e, ao devolvê-lo ao corpo, Gary é dominado por forças demoníacas. O mamilo do mal parece um olho demoníaco. Pois é, os roteiristas devem ter viajado no LSD.
Para citar mais uns exemplos da zoeira dessa série, temos uma referência à clássica cena do E.T., uma alien de três peitos (referência a Total Recall) e o grande segredo do brucutu Mick: ele é escritor de romance erótico que conquista uma legião de fãs pela sensibilidade de suas histórias assinadas com o pseudônimo Rebecca Silver. Os brutos também amam.
A despeito das aventuras da equipe viajando no tempo pra lá e pra cá, essa temporada foi especialmente dedicada ao Constantine e nela acompanhamos sua jornada pessoal de culpa e redenção, quando desce literalmente ao inferno para salvar a alma de Ray Palmer.
Curiosamente, nesta temporada não rolou crossover e os Legends ficaram de fora da saga Elseworlds, que envolveu Arrow, The Flash e Supergirl. Por outro lado, o Monitor, que será o principal personagem da Crise nas Infinitas Terras, tem uma breve aparição comendo pipoca em um circo.
O Monitor é nada menos que uma criatura cósmica de poder incalculável, surgida no início do multiverso da DC. Ele surge na saga Elseworlds como um prólogo para algo maior que está por vir. Ou seja, a CW levou ao ar uma das figuras mais importantes de toda a mitologia dos quadrinhos da DC, presenteando o público nerd com um valioso fan service.
Elseworlds na verdade não foi uma grande saga. Foi mais uma brincadeira em que o Flash e o Arrow meio que trocam de corpo, mas a história serviu para ir aos poucos apresentando o Monitor e preparando o terreno para aquela que será a saga mais ambiciosa da CW ou mesmo de toda a história de séries de TV baseadas em quadrinhos: a Crise nas Infinitas Terras está vindo aí, em Dezembro de 2019, e promete chacoalhar o arrowverso de uma forma nunca vista.
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