Nerds têm certas manias. Uma das minhas é organizar todos os filmes e séries que assisto em uma planilha. Comecei isto em 2019, de modo que agora posso constatar como, ao longo de cinco anos, eu consumi tanto conteúdo. A internet nos proporcionou esta facilidade de acesso de modo que em apenas cinco anos eu devo ter assistido mais filmes e séries do que em toda minha vida antes da era da internet.
Só entrei para o mundo do streaming em 2019, quando comecei a assinar a Netflix. No mesmo ano também comecei a assinar o Amazon Prime e em 2021, com a chegada da HBO Max e um plano vitalício com 50% de desconto, não resisti à tentação e também assinei. Confesso que ainda tenho vontade de assinar a Crunchyroll e algum dia pegar pelo menos um mês de Disney Plus pra ficar em dia com o conteúdo de lá, especialmente o X-Men 97 que está fazendo um sucesso fenomenal. Mas estou me segurando, pois 3 serviços já é demais pra mim.
Antes de 2019 eu assistia as coisas por outros meios, garimpando no Youtube ou nos torrents da vida (quem nunca?) e teve uma época até em que assinei TV a cabo (2014 se bem me lembro). Em 2018 tive minha primeira experiência de assinatura com 3 meses de Crunchyroll, mas não levei adiante. Foi em 2019 mesmo que fiz um casamento com o streaming, pois desde então sempre renovei todos os três serviços que assinei.
Eu vivi a era do vídeo k-7, de ir na locadora no fim de semana, levar uns 2 ou 3 filmes e voltar para devolver na segunda-feira. Continuei depois quando em vez de k-7 as locadoras alugavam DVDs, só que a esta altura, ali por volta de 2008, eu já tinha acesso à internet e descobri o mundo dos downloads. Foram então cerca de dez anos garimpando filmes e séries assim de forma artesanal, até que me casei com o streaming e a ele permaneço fiel.
Nas novas gerações, que já têm acesso às facilidades da internet desde a infância, parece ainda ser bem forte a cultura do torrent, pois estes jovens acham inconcebível pagar por algo que podem achar por aí de graça. Eu, todavia, como vivi o mundo antes da normalização da internet, sei como as coisas antes eram mais difíceis, raras e caras, de modo que uma assinatura de streaming hoje em dia me parece um acordo bastante razoável e justo.
Sim, eu posso achar um filme de graça, mas por um valor acessível posso ter acesso a uma imensa biblioteca num site confiável, legalizado, que certamente não veicula malwares e onde posso me sentir prestigiando a produção audiovisual, pois a sobrevivência do streaming significa também a sobrevivência da indústria cinematográfica como um todo. Quanto mais pessoas assinando, mais as plataformas têm recursos para produzir conteúdo original, atraindo mais assinantes e assim o ciclo continua.
Existe ainda outro motivo porque prefiro o streaming: uma certa mania de organização. Gosto do fato de que na Netflix eu tenho registrado um histórico de tudo o que assisti. O Prime também tem isto. Já o Max (antigo HBO) ainda não tem, então melhore, Max. E para complementar esta mania ainda tenho minha planilha e o IMDb. Coisas de nerd.
E como se não bastasse toda essa organização, ainda tenho este blog, que é antes de tudo um hobby, mas também uma válvula de escape para minha hipergrafia e minhas nerdices, pois aqui coleciono as resenhas das coisas que assisto.
Nestes cinco anos vi muitas séries, muuuitas. Entre elas, boa parte tem sido da Marvel e DC, algumas inclusive eu comecei a acompanhar há uns dez anos, como as do arrowverso. Comecei a ver Arrow e The Flash ali no comecinho e quando estas séries chegaram no streaming continuei acompanhando.
Das que já encerraram vi Arrow, Raio Negro, Jessica Jones, Luke Cage, Demolidor, Defenders, Punho de Ferro, Justiceiro, Inumanos, Legion, Gotham, Preacher, Swamp Thing, Krypton, Supergirl, Constantine, Lúcifer, Vixen, Titans, Gothan Knights (esta eu vi bem às pressas e sem dar muita atenção), Legends of Tomorrow, Stargirl. The Flash eu terminei a última temporada agorinha.
Tem algumas que ainda estou aguardando episódios novos para concluir: Manto & Adaga, Fugitivos, Agents of SHIELD, Doom Patrol, Peacemaker, Superman & Lois, Pennyworth, The Sandman.
E também tem as séries da Amazon. The Boys e Invincible são muito boas e continuo acompanhando com interesse, já o spin-off Gen V eu achei bem fraquinho. Tem ainda o Diabolical, que não comecei a assistir, mas tá na fila.
Mas como eu consigo ver tantas séries? Bom, tenho um certo sistema, algo que eu sei que algumas pessoas podem achar estranho ou até um sacrilégio. Eu tenho níveis diferentes de atenção, dependendo de quão interessante a série pode ser pra mim.
Séries como The Boys, por exemplo, eu assisto com atenção completa, em tela cheia (detalhe que não vejo no celular ou na TV, mas no monitor do PC - sou do tempo que a gente sentava em frente ao PC para fazer de tudo, de trabalho a lazer, e ainda hoje tenho este hábito).
Existem séries que assisto com a janela ocupando metade do monitor, enquanto na outra metade divido a atenção com alguma outra coisa, seja ver as redes sociais, jogar xadrez ou mesmo escrever aqui no blog. São séries que ainda gosto, ainda quero acompanhar, mas que não acho que precisem de 100% de atenção.
Este tipo de atenção dividida é algo que já era comum antes da internet. Quem nunca ligou a TV da sala pra ver um filme ou série e ficou andando pra lá e pra cá, fazendo outras coisas, assistindo a TV em pedaços?
No começo eu até dedicava atenção completa às séries do arrowverso, mas com o tempo fui percebendo que não era lá uma narrativa que exigia tanta atenção assim, que dava pra ir acompanhando de uma forma mais descompromissada, e foi assim que consegui ver tantos episódios, pois convenhamos que o arrowverso é enorme.
E mais, existe ainda um terceiro nível de atenção (ou desatenção), que é quando assisto algo na metade da tela e ainda com a velocidade aumentada para 1.25 ou mesmo 1.5. Foi o que fiz com os dois Rebel Moon, por exemplo, afinal convenhamos que colocar um filme do Zack Snyder na velocidade 1.5 é praticamente deixar o filme em velocidade normal, já que ele usa e abusa de slow motion.
Eu sei, eu sei, para alguns isto parece um sacrilégio. "Se não é pra dedicar atenção total, pra que assistir, então?". Acontece que não tenho este sentimento de comprometimento, pois no fim das contas é tudo lazer, é entretenimento, e eu me entretenho da maneira que eu achar melhor.
E tudo na vida é assim. Existem coisas que merecem mais ou menos atenção. Não é uma questão de preto ou branco, de 8 ou 80, mas de gradação, uma escala de tons de cinza. The Flash, por exemplo, eu acompanhei atento por umas 5 temporadas, até chegar ao grande crossover da Crise nas Infinitas Terras, mas depois disto cada temporada foi se tornando mais do mesmo e aí fui reduzindo o nível de atenção, mas não queria dropar, queria ir até o fim.
Agora que terminei de ver The Flash, sinto que encerrei este ciclo, despedi-me da era arrowverso, uma era que termina para dar início ao novo universo do James Gunn.
Agora também existem casos em que perco tanto o interesse que chega a hora de dropar de vez. Tem séries que abandonei depois das primeiras temporadas ou mesmo após alguns episódios. Entre elas teve: Blindspot, Dark, Final Space, Arrested Development, Better Than Us, Cara x Cara, Lost in Space, The Tick, Messiah, Crazy ex Girlfriend (que na verdade eu gostei bastante no começo, mas depois enjoei), Sense8, Altered Carbon, Outlander, Colony, Upload, Desventuras em Série, MacGyver, Fear the Walking Dead e também o World Beyond (os outros spin-offs de TWD estou acompanhando numa boa).
Quanto a Rings of Power, estou num limbo. Eu realmente gostaria de acompanhar a série, mas ela não conseguiu me capturar. Agora vamos ver como ela se sai na segunda temporada e quem sabe eu dê outra chance.
E tem muitas outras que dropei ao longo do caminho, mas mesmo para as séries que dropo costumo escrever alguma resenha, obviamente mais breve e desinteressada do que os resenhões que faço quando gosto muito de algo. Já nem sei quantas resenhas tenho aqui neste blog, mas passam das centenas.
Entre minhas séries mais favoritas de todos os tempos, algumas são: Seinfeld, Legion, Rick and Morty (que ainda pretendo rever desde o início para fazer uma resenha digna), Penny Dreadful (gostei absurdamente dela, mas detestei o spin-off City of Angels, que acabei dropando), Breaking Bad, Justiceiro, Black Mirror, O Gambito da Rainha, a série animada do Lanterna Verde, a versão da Tencent para O Problema dos Três Corpos (a versão da Netflix é mediana), The Boys, Peacemaker, Baby, Z Nation (a série de zumbis mais galhofa de todos os tempos), Better Call Saul, Invincible, The Act, Parks and Recreation, Preacher, Les Misérables, Star Trek, Hannibal, Game of Thrones, House of the Dragon, The Walking Dead, para ficar em alguns exemplos.
Algumas destas favoritas eu até pretendo rever a fim de resenhar adequadamente, pois acho que merecem uma resenha feita com dedicação. Um dia eu consigo retornar a todas elas.
E nem falei aqui dos animes, que eu assisto bem menos do que gostaria. Estou tentando organizar minha maneira de consumir streaming, criar certas rotinas e nestas rotinas separar um espaço devido para filmes, séries e animes.
O fato é que agora estou me tornando cada vez mais seletivo e devo dropar séries com mais facilidade caso não me capturem logo. A era de experimentar de tudo um pouco acabou.
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