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Os spin-offs de The Walking Dead

The Walking Dead

The Walking Dead foi um dos maiores fenômenos de cultura pop dos últimos 20 anos, comparável a Game of Thrones e provavelmente ainda mais influente que este.

Tudo começou na série em quadrinhos escrita pelo Robert Kirkman e publicada pela Image Comics a partir de 2003. A série completa teve 193 episódios, tendo sua última edição em 2019. No final de 2010 foi lançada a primeira temporada da série televisiva pela AMC e o sucesso foi aumentando ano após ano.

Mais do que os quadrinhos, a série de TV realmente ganhou o mundo, se tornou uma das mais comentadas no mundo nerd, referenciada em cosplays e eventos de zombie walk. A zombie walk, aliás, é um bom exemplo da influência de TWD. Zumbis existem desde os primórdios do cinema, mas foi depois de TWD que essa coisa de uma galera se reunir fantasiada de zumbi e sair marchando pelas ruas, a zombie walk, ganhou uma proporção considerável e se tornou uma espécie de tradição no meio nerd.

Devido ao sucesso, naturalmente a AMC tentou esticar ao máximo o número de temporadas, o que acabou causando um certo desgaste, sem contar que algumas decisões no roteiro decepcionaram os fãs nas últimas temporadas. De toda forma, o sucesso persistiu, tanto que a franquia se ramificou em vários spin-offs.

Um dia ainda pretendo reassistir TWD inteira e escrever uma devida resenha, mas aqui vamos nos ater aos derivados.

Fear The Walking Dead (2015-2023)

O primeiro spin-off foi Fear The Walking Dead (2015-2023)¹ que conseguiu sobreviver por incríveis 8 temporadas, um número realmente impressionante para um spin-off. Confesso que não sei se a série melhorou depois do começo, pois dropei no final da segunda temporada. Para mim a série foi bem desinteressante.

The Walking Dead: World Beyond (2020-2021)

Depois veio World Beyond (2020-2021), que durou apenas 2 temporadas (eu dropei no final da primeira). A ideia era mostrar uma nova geração crescendo no mundo pós-apocalíptico, mas não é fácil fazer um grupo de adolescentes parecer badass e interessante como costumam ser os personagens da franquia.

Enquanto em TWD temos protagonistas extremamente badasses, quase super heróis, e em Fear TWD a história gira em torno de uma família também casca grossa, World Beyond parece criar uma caricatura de "geração Z". Os protagonistas são jovens adultos bem molengas e desajeitados. 

Alexa Mansour; The Walking Dead World Beyond (2020-2021).jpg
Esta expressão revirando os olhos e a cara de tédio são frequentes na série.

Eles se mostram bastante atrapalhados para lidar com seus primeiros zumbis, o que dá até uma sensação de vergonha alheia. Pra piorar, a atuação insossa dos atores também não ajuda. O problema não é serem jovens. TWD teve personagens adolescentes e até crianças que eram bem durões e com atuações convincentes. O Carl é um bom exemplo. Os atores também pareciam mais imersos no papel. Em World Beyond há um clima de tédio e aborrecimento que torna impossível criarmos empatia pelos personagens.

Tales of the Walking Dead (2022)

Tales of the Walking Dead (2022), que teve apenas 1 temporada de 6 episódios, veio com uma proposta diferente de ser uma antologia contando um conto diferente a cada episódio e até mesmo com certo tom de comédia. O primeiro episódio foi estrelado por ninguém menos que o Terry Crews, já dando uma pista de qual seria o tom da série. A história não é boa, mas qualquer coisa com o Terry Crews é assistível.

A verdade é que o único episódio com um roteiro interessante é o 4, intitulado "Amy/ Dr. Everett". Nele um cientista estuda os zumbis como se fizesse um documentário sobre a vida animal. O cara não está bem da cabeça, tem uma visão misantrópica muito forte, a ponto de deixar pessoas serem mortas por zumbis só para não "interferir no curso da natureza". Para contrastar com este cinismo dele, temos Amy, que é mais empática, porém menos preparada para lidar com os perigos. O final tem um plot twist bem tocante.

Outra série com o mesmo formato está programada para vir futuramente: More Tales from The Walking Dead.

The Walking Dead: Dead City (2023-)

Dead City (2023-), que até agora teve 1 temporada, mas promete uma próxima, traz de volta dois dos maiores personagens da franquia, Maggie (Lauren Cohan) e Negan (Jeffrey Dean Morgan), apostando na popularidade e carisma de ambos, principalmente do Negan, o vilão que os fãs da série amam odiar. A primeira temporada foi apenas um aquecimento e promete entregar mais, então pretendo continuar acompanhando.

The Walking Dead: Daryl Dixon (2023-)

Daryl Dixon (2023-), que também só teve 1 temporada, mas promete continuar, traz de volta ninguém menos que o personagem mais querido de toda a franquia, o Daryl (Norman Reedus). É curioso que o Daryl tenha feito tanto sucesso, levando em conta que ele sequer existia nos quadrinhos. Ele veio em TWD como quem não quer nada e conquistou corações. 

Daryl faz o tipo de cara independente, mas leal e que se sacrifica para ajudar aqueles que são importantes para ele. Com um jeitão reservado, badass, alguém que sabe sobreviver a qualquer custo e ainda com um curioso carisma, se tornou o favorito da franquia.

No spin-off ele foi parar na França (que aliás é onde a pandemia zumbi começou) e acaba criando laços com algumas pessoas, incluindo um garoto, Laurent, que parece que vai ter uma grande importância na trama. 

A mãe de Laurent morreu e virou zumbi ainda durante o trabalho de parto, o que criou uma situação muito peculiar e que pode ter afetado Laurent de formas misteriosas. Será que ele se tornou imune à infecção zumbi? Será que ele é uma espécie de híbrido? Adotado em uma comunidade de freiras, ele é visto como uma espécie de escolhido com uma missão divina. Bom, veremos se é mesmo nos próximos episódios. De toda forma, quem leva a série nas costas é obviamente o Daryl.

O roteiro realmente se dedicou a aprofundar o personagem. The Walking Dead já havia deixado bem claro que Daryl é o que é por causa de sua criação com um pai abusivo, o que fez dele alguém deslocado no mundo, que não sabe o que é ter laços. Ele é por natureza um solitário.

Ao longo de sua história ele foi descobrindo aquela máxima de "família são as pessoas que conhecemos pelo caminho". Ele conheceu Carol, com quem criou um forte laço, e agora nesta série ele conheceu Isabelle e Laurent, criando com este, mesmo com hesitação, um sentimento paterno.

A biografia do Daryl também é aprofundada, pois ele menciona que seu avô lutou e morreu na França durante a Segunda Guerra. Este fato acaba servindo para dar raízes ao personagem, algo que ele nunca teve com sua família original, com um pai que arruinou tudo. No final da temporada ele acaba se deparando com o túmulo do avô, o que consolida esta sensação de que na França ele estava criando raízes, de que aquela terra fazia parte de sua história.

Todos estes detalhes, o túmulo do avô, a relação que criou com Laurent e Isabelle e com uma comunidade inteira de sobreviventes, foi ligando o Daryl àquela terra, rompendo a barreira da sua solidão e deslocamento. Só que ele ainda pretende voltar para os EUA em busca da Carol e a temporada termina com este dilema entre ir ou ficar.

E a Carol também não vai ficar esperando passivamente por ele. No finalzinho vemos que ela também está buscando pistas do paradeiro do Daryl, de modo que na próxima temporada os dois devem seguir um em busca do outro. Meu palpite é que a Isabelle vai acabar morrendo, pois é a maneira mais comum dos roteiristas resolverem casos assim em que alguém está dividido entre duas pessoas.

Bom, o Daryl se manteve fiel à Carol o tempo todo, mas a Isabelle certamente está a fim dele. Convenhamos que não tem como comparar a Carol com a Isabelle, pois a relação de Daryl e Carol tem um longo e sólido desenvolvimento. A Isabelle vai acabar saindo do caminho de alguma forma. 

Mas aí tem o garoto e ele é importante para a jornada do Daryl, pois é o filho que ele não pode abandonar para não repetir os erros do seu pai. Em sua catarse, o Daryl vai dar a Laurent o cuidado que ele próprio não teve. Então no final deve se estabelecer esta família feita pelo Daryl, Carol e Laurent, enquanto a Isabelle vai sair de cena. Veremos.

The Walking Dead: The Ones Who Live (2024-)

Por fim, temos The Ones Who Live (2024-) que traz o núcleo da franquia, o casal Rick Grimes (Andrew Lincoln) e Michonne (Dani Gurira). O mundo pós-apocalíptico está sendo dominado pela organização Civic Republic Military e Rick é capturado e recrutado por eles. Enquanto trabalha para a CRM ele só pensa em voltar para a Michonne. Quando os dois pombinhos se reencontram, lutam para fugir das garras do CRM. A história fecha seu ciclo no fim da primeira temporada e deve parar por aí.

Notas:


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