Todos nós, neste mundo errado,
temos algo quebrado.
Somos peças imperfeitas
cobertas de ferrugem e poeira.
Após tantos tombos,
acumulamos trincas e pontas
e tornamo-nos cortantes,
difíceis de manipular.
Uma alma não é argila
que suavemente se molda.
É uma rocha a ser esculpida
com os golpes do martelo da vida.
Há uma beleza nisso,
na rigidez marmórea do ser,
na plasticidade de algo tão denso.
A alma é tão pesada que vive tensa
como um Atlas a carregar o orbe do ser.
Ao mesmo tempo parece tão delicada,
leve como uma pluma,
levada no rio sem rumo.
(02,06,2020)
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