Qaligrafia
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Compreensão

Fala-se que o mundo precisa de mais amor. O que é amor? Uma palavra umbrella, que pode significar tantas coisas que acaba sendo vaga. Amor é um sentimento? Sentimentos não podem ser voluntariamente controlados. Você não sente algo porque quer sentir, é um processo inconsciente. 

Não é disso que o mundo precisa para ter paz e boa convivência. Precisa de algo mais racional, a compreensão. Compreensão é uma das atitudes mais raras entre as pessoas. Primeiro porque exige um esforço de pensamento. Para compreender alguém, você precisa elaborar a intrincada trama de noções sobre a pessoa, interpretando-a, considerando seus atos e possíveis intenções e motivações. 

Compreender é, antes de julgar, fazer um esforço para tentar responder às perguntas: "Por que essa pessoa agiu assim? Por que ela é como é?". Isso envolve a chamada empatia, que, ao contrário do que se pensa, não é uma atitude sentimental (como o chamado amor). Empatia é um exercício lógico, pois consiste em se colocar no lugar do outro para entender o seu ponto de vista.

Em segundo lugar, a compreensão é rara porque é racional e a racionalidade é rara. A maior parte dos nossos pensamentos e atitudes tem origem no caldeirão irracional da mente. Fazemos e falamos coisas sem pensar muito, movidos por uma mistura caótica de sentimentos que não podemos decifrar. Logo, como compreender os outros se antes disso somos levados pelos abismos da nossa mente a julgá-los conforme nossa impressão subjetiva e inconsciente?

A compreensão suplantaria preconceitos, rixas e desentendimentos, mas talvez nunca alcancemos este estágio de controle da mente quase robótico. Talvez seja nossa sina humana para sempre existir guiados pelo caos obscuro dos sentimentos. 

Todavia, um esforço para a prática de compreensão pode funcionar como um guia, como o arreio que doma e direciona um cavalo, como o labirinto que limita o minotauro, a força apolínea que contrabalanceia o dionisíaco.

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