A série clássica de Star Trek se tornou um verdadeiro fenômeno cult e nerd, um dos maiores ícones da cultura de ficção espacial, inspirando gerações. Ao mesmo tempo, por ter sido produzida nos anos 60, hoje os efeitos visuais parecem evidentemente datados e toscos. O exemplo mais conhecido disso é a luta entre Kirk e o reptiliano Gorn.
Hoje essa cena é motivo de piada e meme e com razão, pois vemos um homem em fantasia de réptil, com movimentos exageradamente lentos numa luta que parece uma lerda coreografia. Esta impressão, porém, só acontece assim quando vemos a cena recortada. Quando assisti o episódio (19 da primeira temporada), algo mudou pra mim.
No começo fiquei com aquela atitude de "Ora, vejam só, finalmente cheguei nessa parte que virou meme", mas o enredo foi prendendo minha atenção. A história envolve uma civilização avançadíssima, os metrons, que coloca Kir e Gorn em um asteroide para lutarem até a morte. A intenção dos metrons é intermediar um conflito de território entre humanos e esses reptilianos e escolheu a luta de campeões como método.
Nesta arena, os dois terão de usar elementos do ambiente para forjar suas armas. Ao longo do episódio, vemos como Kirk precisa constantemente fugir de Gorn e toda tentativa de confronto prova que o bicho é forte mesmo. O lagartão aguenta paulada, pedrada, consegue levantar pedras enormes. Isto, somado à música tensa e ao jogo de câmera, vai criando uma aura de perigo e o tosco homem lagarto deixa de parecer uma piada e se torna mesmo um adversário poderoso.
O melhor ainda está por vir. Como uma espécie de Bear Grylls ou MacGyver do espaço, Kirk vai usar da engenhosidade e seus conhecimentos científicos para coletar elementos como nitrato de potássio, enxofre, carvão e diamantes e, com um bambu, montar um canhão rudimentar para derrubar o lagarto. É o triunfo da inteligência sobre a força bruta.
No fim, ainda vemos a manifestação de um metron, um exemplo de que existem civilizações tão avançadas na galáxia que têm poderes praticamente divinos. Vez ou outra a tripulação da Enterprise se depara com algum alien assim, como no episódio anterior em que encontram Gothos, um ser capaz de transformar a matéria e criar um planeta inteiro. E Gothos é apenas uma criança ainda em evolução. Seus pais, que aparecem no fim do episódio, parecem entidades incorpóreas e veem os humanos como meros pets.
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