Posso me considerar um geek de tecnologia desde criança, quando conheci o clássico Atari e ao longo dos anos outros consoles. Na verdade nunca tive um console. Na infância e adolescência eu fui experimentando nas saudosas locadoras e fliperamas. Depois de adulto, quando já tinha capacidade de comprar um console, nunca priorizei isso e acabei me tornando um dos chamados "PC gamers", preferindo jogar em computador com um teclado e mouse.
Não que não tenha curiosidade de experimentar os consoles atuais, mas confesso que ainda não bateu vontade suficiente pra eu fazer isso, pois estou muito satisfeito com meus joguinhos da Steam no PC, mas um dia devo ir atrás de um console mais por dever de consciência, pois acho que é um mundo que tenho que conhecer.
O fato é que, mesmo não sendo um consumidor faminto de tecnologia informática, sempre me mantive informado, tanto que cheguei a fazer um curso de hardware e há pelo menos uma década eu mesmo cuido de meu computador, monto e desmonto quando necessário, enfim, me viro. Há alguns anos, então, quando a tecnologia SSD começou a bombar, fiquei curioso se eu deveria fazer esse upgrade, mas também é algo que nunca achei urgente de se fazer e fui adiando.
Então continuei como um usuário do velho HD, o tijolo de metal que antigamente algumas pessoas chamavam de winchester ou disco rígido. É literalmente um disco rígido. Já abri vários HDs velhos pra apreciar o disquinho de metal liso como um espelho e que tem uma agulha móvel sobre ele para fazer as leituras e gravações. Já foi uma tecnologia impressionante, mas convenhamos que hoje parece um troço bem arcaico, já que usa um processo mecanicamente comparável ao dos discos de vinil tocados em vitrolas.
Nunca senti a necessidade de trocar um HD por SSD forçado por questões de desempenho, já que não costumo usar aplicativos pesados e até os jogos mais pesados que já rodei funcionam ok no meu PC com uma modesta placa de vídeo e um processador i5. Sim, está longe de ser um PC gamer, mas é o suficiente para meus hábitos. Quando passei a usar o levíssimo Xubuntu em vez do Windows 10 então, a necessidade de mais desempenho diminuiu bastante.
Por exemplo, com essa configuração já rodei um Tomb Rider (aquele de 2013), um Cities Skylines, um Left 4 Dead 2, um Team Fortress 2 (mas esse nem conta porque é um jogo maravilhosamente otimizado, como outros da Valve). No entanto teve alguns jogos que aparentemente possuíam os mesmos requisitos de sistema desses que mencionei e que rodavam terrivelmente no meu computador, como foi o caso de Outlast. Quando estava usando HD era simplesmente impossível jogar. Mesmo na configuração mínima ele ficava com uns 5 FPS.
Eis que finalmente me bateu a vontade de comprar o trocinho. Comprei um de 120 GB, o menor de todos, afinal sempre usei um HD extra para armazenamentos, de modo que o SSD ficaria só pra rodar o sistema e aplicativos mesmo. Hoje em dia já é bem mais barato se comparado a 2, 3 anos atrás e muito em breve vão levar os HDs a caírem em desuso. Já era hora mesmo de eu me atualizar.
A primeira diferença já se nota no boot, a inicialização do sistema, que acontece realmente na metade do tempo. Tarefas como transferência de arquivos são visivelmente mais rápidas. Por exemplo, quando fui instalar um backup do Team Fortress, que tem uns 15 GB de tamanho, a leitura dos dados ficava em torno de 200-500 MB/s, o que é de 5 a 10 vezes mais rápido que um HD. E quando resolvi experimentar o Outlast e ele rodou tranquilo, ficou provada na prática a diferença. Um jogo que antes, com o mesmo computador, rodava em câmera lenta, depois com a substituição de uma única peça funcionou normal.
Fiz outro teste também que parece deixar bem clara a diferença: abri um livro em PDF. PDFs são documentos pesados, pois cada página é como uma imagem e não simplesmente texto. Livros escaneados em PDF sempre demoraram para abrir no meu computador. Tenho um dicionário, por exemplo, de 1000 páginas e uns 200 MB de tamanho. Quando abria ele no velho HD e ficava rolando as páginas, cada página chegava a levar uns 3 a 5 segundos para carregar. Fiz o mesmo no SSD e cada página abria em pouco menos de um segundo. O troço funciona mesmo!
Enfim, sinto que agora saí da idade da pedra da informática, a idade do tijolo de metal do HD. O SSD é diferente não só no desempenho, mas até fisicamente. É uma caixinha de plástico tão levinha (umas 30 gramas). É um pen drive mais gordinho. Não esquenta como o HD, consome bem menos energia e não produz ruído algum, bem diferente do HD que tem um típico som de "turbina" por causa do disco girando.
Edição em março de 2022
No finalzinho de 2021 finalmente fiz outro upgrade, agora com um SSD NVMe. Diferente do HD e do SSD, que se conectam com cabos Sata, o NVMe é plugado direto na placa-mãe, num barramento PCIe, do ladinho da placa de vídeo.
Nos meus testes, o NVMe tem uma taxa de transferência de cerca de 1600 MB/s, enquanto o velho HD chega a cerca de 115 MB/s e o SSD fica por volta de 560 MB/s. Ou seja, se quando instalei o SSD eu saí da idade da pedra, com o NVMe entrei na era espacial.
Edição em fevereiro de 2024
Aquele meu primeiro modesto NVMe tinha uma taxa de leitura/gravação de 1800/1200 MB/s. Foi uma diferença gritante em relação ao antigo SSD e mais ainda ao HD. Por dois anos joguei New World com ele, um jogo pesado e mal otimizado.
Eis que em junho de 2023 troquei por um Kingston com velocidade de 3000 MB/s. Assim como o anterior, ele tem 250 Gb de espaço, o que dava pra instalar o Windows e pelo menos um jogo pesado. Só tive um probleminha. Ele é um PCIe de quarta geração, enquanto minha placa-mãe tem um slot de terceira geração. Isso significa que ele ainda é capaz de aceitar a peça, mas não desfruta de seu máximo desempenho. Desta forma, o NVMe acabou rodando por volta da metade de sua velocidade, mas ok, mesmo com esta limitação, ainda era ligeiramente mais rápido que o NVMe anterior.
Agora em 2024 finalmente fiz um upgrade na placa-mãe e esta tem dois slots M2. Resolvi também comprar mais um NVMe, agora da Lexar, com leitura/gravação de 3500/3000 MB/s e, o mais importante, com 1 Tb de espaço!
Olha, esse 1 Tb faz uma diferença enorme. Estes dias tive de desinstalar o New World porque estava voltando o jogar o Cyberpunk 2077 e simplesmente não cabia os dois no armazenamento de 250 Gb. Eu só podia jogar um jogo por vez. Sem contar que, como gosto de fazer capturas de vídeo da gameplay, rapidamente eu esgotava o espaço por causa dos arquivos de vídeo.
Então agora com um NVMe de 1 Tb e cerca de 3000 MB/s de velocidade, sinto que estou bem confortável em termos de desempenho. Hoje em dia já existe NVMe até de 7000 MB/s, mas isso é para quem realmente quer chegar ao limite do desempenho. 3000 MB/s ainda é uma velocidade bastante satisfatória que otimiza qualquer jogo e aplicativo.
Inclusive voltei a fazer o teste do PDF, abrindo um dicionário de uns 180 Mb e as páginas rolam com fluidez, carregando instantaneamente. Ainda lembro quando, na idade da pedra do HD, eu tinha que esperar alguns segundos para cada página carregar.
Um erro que cometi lá em 2021, com o Adata, é que eu não usava dissipador de calor. Com o passar dos meses, a vida útil da peça realmente declinou, tanto que a velocidade foi caindo nos benchmarks. Comprei então um dissipador que usei no Adata e depois no Kingston.
Já a placa-mãe nova (uma Gigabyte B660M), veio com um dissipador em um dos slots, de modo que instalei este dissipador no Lexar, enquanto o Kingston já tinha o seu. Venho usando o Kingston só para backup de arquivos de instalação de jogos, de modo que, quando formato o PC, posso rapidamente restaurar meus jogos da Steam.
Com dissipador, as peças ficam em torno de 40-45 graus, mesmo estando perto da CPU e da placa de vídeo, regiões que geram muito calor. Obviamente ainda uso outros discos para manter arquivos separados do disco do sistema, inclusive um velho e surrado HD.
O fato é que, uma vez que você experimenta um NVMe, jamais vai querer voltar para um SSD, muitos menos um HD. É outra qualidade de vida em termos de carregamento de arquivos, páginas, jogos.