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Pax Dei, retrospectiva e expectativa

Pax Dei

O mundo dos games consiste em um vasto ecossistema feito de studios gigantescos que dominam o mercado e inúmeros desenvolvedores indies que buscam ocupar um espacinho. 

Eis que em 2019 mais um studio surgiu, o Mainframe Industries, com escritórios em Helsinki, Reykjavik e Paris. Não tem o porte de um studio gigantesco, mas também não tem a inexperiência de um indie, pois seus fundadores são veteranos da indústria que já trabalharam em empresas como a CCP Games (Eve Online), Remedy (Control), Next Games (The Walking Dead: Our World) e Blizzard (WoW).

Os membros fundadores são veteranos no mundo dos games e da tecnologia, entre eles: Börkur Einarsson, Kjartan Pierre Emilsson, Thor Gunnarsson, Fridrik Haraldsson, Reynir Hardarson, Sulka Haro, Kristján Valur Jónsson, Jyrki, Korpi-Anttila, Saku Lehtinen, Ansu Lönnberg, Eetu Martola, Vigfús Ómarsson, Jón Helgi Thórarinsson. Sim, pelos nomes nota-se que temos aí uma galera nórdica

Em seu lançamento em 2019, o studio recebeu 2 milhões de euros de investidores como Maki.vc, Play Ventures, Crowberry Capital e Sisu Game Ventures. A Mainframe tem uma proposta voltada ao cloud gaming, uma tecnologia que torna possível um jogo ser acessado em vários tipos de dispositivo, do PC ao mobile ou mesmo a TV da sala. 

Cloud gaming certamente é o futuro, mas no momento está ainda dando seus primeiros passos e só os mais ousados e visionários investem nisso. A Mainframe então se propõe ser a primeira a lançar um MMO baseado em cloud gaming, um MMO realmente multiplataforma.

Em 2020 o studio recebeu mais 7.6 milhões de euros de investidores como Andreessen Horowitz e a Riot Games. Em 2021 veio mais uma rodada de investimentos, com nada menos que 20 milhões de euros.

Em março de 2023 a empresa anunciou o desenvolvimento do Pax Dei, tendo esta inovadora proposta de ser um MMO baseado em cloud gaming. Em sua fase Alfa deve rodar apenas em PC, mas o plano é que se torne totalmente multiplataforma. Além desta grande vantagem, um jogo rodando na nuvem deve exigir menos do dispositivo do usuário final e permite um ritmo de atualizações bem mais ágil, pois as alterações no código devem acontecer mais no servidor do que no cliente, poupando um enorme tráfego de dados entre servidores e clientes. 

Enfim, cloud gaming é um dos embriões do futuro metaverso, de modo que o Pax Dei está sendo um MMO pioneiro e visionário. O estilo do jogo é bem adequado a um pioneiro, pois trata-se de um sandbox. O mundo virtual será em parte construído pelos próprios players e a economia será desenvolvida pelo trabalho de coleta e crafting de todos. 

É um jogo para quem quer explorar, não seguir uma linha reta de missões pré-programadas; investir livremente seu tempo no jogo para o que der na telha. Não existem NPCs te dando missões para fazer, mas à medida em que explora você pode se deparar com pistas em um livro ou em alguma cerâmica do cenário, criando uma narrativa diegética, em que o próprio mundo oferece mais detalhes para a história.

A expansão deste mundo ao longo do desenvolvimento do jogo também pode ganhar uma coerência narrativa. Por exemplo, uma dungeon que você explorou quando começou a jogar pode no futuro ganhar uma expansão, de modo que você tem um incentivo para voltar a explorar o lugar e ver o que há de novo.

Nas palavras do game designer Pétur Örn Þórarinsson:

“We don’t intend to just like expand outwards. More often than not, we want to expand inward, actually making the dungeons deeper [...] you’ve been playing for four years, and then something happened to the world. Now you have a reason to go back [...] because there was this door at the bottom of the dungeon [that is now suddenly open] or an underground lake that is cleared [...] or a bridge that has been broken. Something has changed, and now you have another reason to go there and actually go deeper than you did before.”

Obviamente este tipo de gameplay não é para todo mundo, já que há pessoas que gostam de ter um senso de missão e que NPCs digam o que elas devem fazer. As almas mais espontâneas e criativas, porém, vão adorar essa liberdade.

O que me conquistou no Pax Dei mesmo sem ainda ter jogado

Pax Dei foi para mim amor à primeira vista literalmente, pois foi o visual que me encantou assim que foram divulgadas as primeiras imagens e vídeos lá no começo de 2023. O New World, feito na estranha Azoth Engine, é lindo. O Throne and Liberty, feito na Unreal Engine 4, é mais lindo ainda. O Pax Dei então, feito na Unreal Engine 5, conta com recursos gráficos de ponta, entrando para a seleta lista de MMOs com o visual mais moderno e belo.

De fato até o momento não há nenhum MMO ativo em Unreal Engine 5. Aqueles que usam esta engine ainda estão em desenvolvimento, como Ashes of Creation, Dune Awakening e o próprio Pax Dei que, devido ao early access, será o primeiro MMO com esta qualidade gráfica a surgir no mercado.

Além do visual, também senti logo de cara que o Pax Dei levaria a sério o conteúdo intelectual, a mitologia, as histórias dentro do jogo. A própria proposta estética, com um visual cheio de verossimilhança medieval, sugeria isto. 

Pude confirmar esta impressão ao explorar o Discord oficial onde há artigos detalhados sobre a lore e o conteúdo mais RPG do jogo. Pax Dei é descrito como uma "low fantasy" em um mundo paralelo, um mundo que não é este nosso, mas que tem elementos que fazem referência ao nosso mundo medieval e seu folclore.

O interesse dos desenvolvedores em atrair players que gostam deste conteúdo fica bem claro nestas convidativas palavras: 

"I am sure that there are a lot of potential historians, cartographers, archaeologists, and record-keepers out there who are itching to dive in and shine within the Pax Dei community". 

Oh yes, baby. Eis me aqui.

É dito que haverá easter eggs com referências a "historical figures, works of fiction, legends, films, and even other games". Inclusive vou até chutar aqui uma teoria: Pax Dei deve se passar no mesmo mundo de Eve Online, no seu passado remoto. Sim, pois alguns dos principais fundadores da Mainframe vieram de anos de trabalho no futurista Eve Online.

Há planos de inserir livros colecionáveis ou até craftáveis neste mundo. No Discord há pistas de que em futuros updates será possível montar uma livraria na casa do player e que livros vão até mesmo fazer parte da economia do jogo, ou seja, alguns livros terão utilidade valiosa, não se resumindo a peças decorativas.

"Yes... We love books
The concept of books
The role of books
The power of books
The promise of books
The magic of books
The mistery of books

Books!"

Além de beleza e livros, este mundo também terá outro elemento que me interessa: magia. A magia neste jogo não vai se resumir a você empunhar um cajado e soltar raios. Será um conhecimento que o personagem vai adquirindo. Parece que nas dungeons mais profundas (e também mais perigosas) você poderá encontrar conhecimentos mágicos esquecidos. 

Haverá um sistema de spells para encantar equipamentos, por exemplo, mas parece que a magia será algo que somente players dados à busca e exploração vão conseguir se especializar. E é assim que tem que ser.

Existe a Divine magic e a Demonic magic, equivalente à mão direita e mão esquerda da cultura mágica em nosso mundo. Também existe a Druidic magic, que seria o caminho do meio. A Shamanic magic, por sua vez, lida com invocação de criaturas espirituais.

O player começa em uma região chamada Gallia e todos os nomes neste mundo têm uma história e uma importância. Regiões, rios e até montanhas terão nomes. Além disso, players também podem nomear certas áreas, casas, vilas, castelos, aquilo que construírem. Isto é muito legal e abre espaço para a criatividade.

Agora dia 18 será lançado o early access e eu mal posso esperar para mergulhar neste novo mundo.


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