Qaligrafia
Séries, livros, games, filmes e eteceteras 🧙‍♂️

Inexplicável

Eu não me explico. 
Eu não preciso explicar-me. 
Quem há de entender, entenderá.
Haverá quem se identifique.
Para aqueles a quem sou um estranho,
explicações serão desnecessárias,
como palavras em outro idioma
a quem não é capaz de decifrá-las.

(23,01,2024)

Renascimento

Quando cheguei, você já estava aqui. 
Encontrei sua casa arrasada e você em perigo, 
definhando, esquálido, assustado e perdido. 
Você veio antes de mim. A casa era sua, 
mas você me criou para que eu a assuma, 
para ser seu herdeiro, para defendê-lo. 

Descanse, então, descanse. 
Deixe que eu carregue os fardos. 
Construirei um jardim de sonhos 
onde você poderá aposentar-se. 
Recolha-se aos Campos Elísios, 
enquanto eu administrarei o Hades. 
Você não precisa mais encarar o Abismo. 
Encarregar-me-ei desta delicada arte. 
Domei teu Minotauro, guiado por Ariadne,
e decifrei a Esfinge no topo do penhasco.

Prometa, porém, isto:
jamais volte à superfície.
Seu lugar é recolhido
em meu ninho uterino.
Ali hei eu de nutri-lo,
protegê-lo dos perigos.
De ti nasci, sou teu filho,
agora são invertidos
os papéis que assumimos.
Adotar-te-ei, querido.
Eu serei o teu abrigo.

(23,01,2024)

Trocadilhos clínicos

Dei ácido acetilsalicílico
a seu tio Sales, o Cínico,
e para ocê que tá mole
vai um Paracetamol.

(22,01,2024)

Experiência

Existem coisas que já nem começo mais,
porque já sei como vão terminar.
É o preço de estar calejado,
de já não conhecer novidades,
de ter vivido vários ciclos.
Com o tempo vamos aprendendo
a poupar o tempo.
A economia da vida.
Ajustamos a sintonia fina,
eliminando os excessos e ruídos.
Não é algo, porém, de que me orgulhe.
Às vezes sinto falta do caos da juventude.

(22,01,2024)

Cyberpunk e as frases feitas do Schwarza em The Running Man

The Running Man (1987)

O cyberpunk, que nada mais é do que um subgênero do sci-fi distópico, pode ter sua data de início atrelada ao lançamento do livro Neuromancer, em 1984. Obviamente, ele já existia em sua forma embrionária décadas antes disto, mas é na década de 80 que o cyberpunk se estabelece.

Antes mesmo do Neuromancer, em 1982, o cinema já nos apresentou uma importante obra proto-cyberpunk, o Blade Runner, adaptação do livro Do Androids Dream of Electric Sheep?, de 1968. A trilogia Robocop (1987-1993) também forneceu uma grande contribuição estética na representação deste mundo futurista marcado pelo "high tech, low life". Por fim, em 1999, o cyberpunk chegou ao seu auge no cinema com The Matrix.

Além das obras-primas, o cyberpunk também enveredou por um caminho mais tosco, com uns filmes meio galhofa e roteiros sem pé nem cabeça. É o caso de The Running Man (1987), um filme que, apesar da tosqueira, merece um lugar na galeria dos grandes pais do cyberpunk no cinema.

Richard Dawson, Arnold Schwarzenegger; The Running Man (1987)

Trata-se de uma adaptação do livro homônimo publicado por Stephen King em 1982. A história se passa no que seria o futuro da humanidade em 2017, com os EUA se tornando um estado fortemente totalitário após o colapso da economia global. A fim de pacificar a população, é promovido um entretenimento televisivo ao estilo dos antigos gladiadores, onde criminosos literalmente têm de correr por suas vidas, fugindo de mercenários. Se no fim da caçada o sujeito sobreviver, até ganha o perdão de seus crimes e uma viagem para algum paraíso tropical.

Arnold Schwarzenegger encarna o protagonista Ben Richards, um policial que se recusa a obedecer às ordens para chacinar uma multidão em protesto, de modo que não só perde seu cargo como é vítima de uma armação, sofrendo assassinato de reputação, sendo injustamente condenado, tornando-se um pária e fugitivo. 

É inclusive bem profético como Ben é criminalizado por meio de manipulação digital de imagens, forjando crimes que ele não cometeu. Sim, este filme de 1987 previu a tecnologia do deep fake.


Devido a seu físico e habilidades atléticas, Richards chama atenção de Damon Killian, o magnata da ICS Corporation, responsável pelo programa The Running Man. Killian consegue que Richards seja capturado e forçado a participar do reality show de sobrevivência, quando terá que enfrentar mercenários que são venerados pelo público como superstars.

O filme tem os elementos que acabariam se consagrando como uma marca de muitas histórias cyberpunk: o mundo decadente misturando alta tecnologia e baixas condições de vida para a maioria da população (high tech, low life); uma mescla quimérica entre o governo totalitário e megacorporações monopolistas; um tom satírico de crítica social, expondo o comportamento ridicularmente cruel das pessoas e instituições nesta sociedade; violência explícita e humor negro; uma certa estética futurista na forma como as pessoas se vestem, na ambientação cheia de neon contrastando com a escuridão noturna.

Cyberpunk 2077 (2020); The Running Man (1987)
Falando em estética, é curiosa a semelhança entre a apresentadora de TV no filme de 1987 e a outra do game Cyberpunk 2077, de 2020. 33 anos separam estas duas personagens. 

Curiosamente, boa parte destas características foi deixada de lado em Matrix, o filme que considero o mais influente representante do cyberpunk no cinema. Matrix abandonou a sátira, o humor negro, a estética exagerada e super colorida, assumindo um ar mais sério e até contemplativo, mais zen. De certa forma Matrix matou o cyberpunk zoeiro e os filmes que vieram depois, inspirados em Matrix, tentaram adotar um estilo igualmente sério.

Já no caso dos games, temos um renascimento desse cyberpunk oitentista, voltado para a sátira, o humor e a galhofa. É o caso da franquia Borderlands e outros jogos como High on Life (2022) e até mesmo Cyberpunk 2077 (2020) que, mesmo sendo no geral bem sério ao estilo Matrix, também tem seus momentos de humor negro, muito sarcasmo e diálogos cheios de palavrões e zoeira.

Mas voltando a The Running Man, existe um elemento peculiar que diferencia este filme de qualquer outra obra cyberpunk: o Arnold Schwarzenegger. Ele inevitavelmente acrescentou sua marca, seu ingrediente característico e que na verdade combinou com o estilo satírico do cyberpunk, pois ele fica a todo momento soltando suas frases de efeito, tirando onda com a morte dos adversários. Aliás, este é certamente um dos filmes em que o Schwarza solta a maior quantidade de frasismos e trocadilhos.

Alguns exemplos:

- "Uplink, underground! Uplink, underground! If you guys don't shut up, I'm gonna uplink your ass, and you'll be underground!"

- "Killian, here's your Subzero, now plain zero" (depois de matar o mercenário Subzero).

- "Aw, he had to split" (falando do mercenário Buzzsaw, depois que Richards o serrou ao meio com uma motosserra).

- "What a hothead" (depois que ele explode o mercenário Fireball).

E, claro, ele também mandou a sua clássica: "I'll be back".

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Mesmice, beleza e feiura

Vi um cozinheiro de rua com destreza fatiando frutas e verduras, preparando pratos com agilidade e arte, deixando a salivar os seus clientes. Era uma cena bela, pelo menos em partes. A dança de suas mãos e da faca, as fatias de frutas saltitando no ar, o prato adornado com as formas e cores da natureza. 

O contraste para toda esta beleza era o próprio cozinheiro, um homem sem o privilégio de bons atributos físicos; um homem feio, quase grotesco. Ninguém, todavia, se importava com sua feiura, uma vez que de suas mãos saia algo atraente. Ele dominava uma arte que agrada aos olhos e ao paladar.

A beleza existe em toda parte, como o lótus que cresce no lamaçal. Ela está misturada à feiura, destacando-se pelo contraste. Nada nem ninguém é totalmente belo. A beleza consiste em detalhes. Para apreciar a beleza, é preciso concentrar-se, separar o artista de sua arte. Afinal, mesmo monstros podem produzir beleza.

A beleza é rara, assim como a feiura. Ambas existem cercadas por um oceano de mesmice. Quando se encontram, mutualmente enfatizam-se. Quando concentram-se, na mesmice se diluem.

A imensa escuridão do abismo cósmico é a mesmice do universo, contrastada pela beleza das estrelas. O mundo é belo em seus detalhes, assim como a humanidade. Somos em parte mesmice, beleza e feiura. Cabe a cada um de nós calibrar o olhar a fim de escolher aquilo que prefere ver.

(18,01,2024)

Nostalgia e esperança

Por meio da nostalgia vivemos o que já aconteceu e por meio da esperança vivemos o que não aconteceu. A esperança é a nostalgia do futuro, é lembrar algo que ainda não veio, é ter saudades do amanhã. A nostalgia ampara-se no fato, no concreto, enquanto a esperança imagina, cria o que não existiu. Eis o que torna a esperança mais sublime que a nostalgia. Esta tem pés, aquela tem asas; uma extrai memórias da realidade, a outra molda a realidade. Assim vivo de nostalgia e esperança. Confesso, porém, que tenho mais apreço pela esperança, pois o ontem é o rascunho do amanhã e o que vivi é o carvão que queimo na chama da esperança.

(16,01,2024)

Areia ao vento

O semeador semeia universos
como quem joga areia ao vento.
Cada universo é um grão
perdido na imensidão,
vagando a esmo no espaço e no tempo.

(11,01,2024)

Melancólicalegria

Desde a infância, eu sempre fui um tanto melancólico, inclusive conheci esta palavra muito cedo e à primeira vista me apeguei a ela. Na adolescência veio a depressão e a melancolia se intensificou, mesclou-se à tristeza, de modo que ambas se tornaram indistinguíveis. 

Foram necessários muitos anos, décadas, até que eu conseguisse separar a tristeza da melancolia. Finalmente encontrei a pureza deste sentimento e percebi como ele é confortável, é a cama em que repouso minha mente, é meu habitat, um constante estado mental que existe no limbo entre a tristeza e a contemplação.

Não quero, no entanto, desprezar a alegria. Como um alquimista, busco a fórmula ideal, a melhor combinação de elementos. Uma pitada de alegria é necessária, alguns efêmeros momentos de riso. Eis a fórmula de que sou feito: melancolia e zoeira, contemplação e besteirol. Melancólicalegria.

(11,01,2024)

O que vejo

Olhando para a escuridão estrelada, o que vejo? Uma floresta sombria? Sim, há uma floresta sombria lá fora, mas não só isso. Há também doces paraísos, o céu, o inferno e o limbo. O universo não é singular, mas plural.

Neste instante, quantos mundos estão em guerra? Quantos planetas foram aniquilados? Também em tantos outros a vida floresce e evolui. Há monstros e seres sublimes.

Olhando para a escuridão estrelada, eu vejo a vida, a consciência. Este infinito abismo cósmico também nos olha de volta. Lá do outro lado há olhos voltados em nossa direção. Alguns deles nem sabem que estamos aqui, mas ainda assim estamos todos comungando desta mesma mesa, a mesa da contemplação.

(10,01,2024)

Top Gun: Maverik, a sequência que superou o original

Top Gun: Maverick (2022)

Top Gun original, de 1986, não é exatamente um grande filme. É um típico "filme Sessão da Tarde", com ação e aventura sem se importar em ganhar Oscar, apenas visando o entretenimento. No IMDb ele tem a pontuação entre 6 e 7, uma avaliação mediana. 

É inegável, todavia, que Top Gun marcou uma geração, é um ícone entre os filmes de temática militar/aeronáutica e de tal forma virou parte da cultura pop que até mesmo popularizou o visual "piloto de Ray Ban".

Eis que quase quatro décadas depois, surge uma inesperada sequência, Top Gun: Maverick (2022), com o retorno do excêntrico piloto Maverick, interpretado pelo Tom Cruise. Bem que poderia ser apenas um fan service para os nostálgicos, mas foi mais do que isto. Trata-se de uma obra atemporal e que, assim como John Wick, faz parte da renascença do gênero de ação.

Tudo deu certo em Top Gun: Maverick. O elenco trabalhou muito bem, dos veteranos aos jovens; a fotografia é de qualidade; as cenas de voo mais ainda, pois foram feitas com aviões reais, voando de verdade no céu, sem tela verde. O bom e velho efeito prático. Isto com certeza é um diferencial hoje em dia com tanto CGI nos filmes.

Além disso, ele consegue ser mais do que um filme de ação, pois desenvolve uma tocante relação entre Maverick e o jovem piloto Rooster, filho de Goose, que fora o melhor amigo de Maverick, mas morreu durante uma missão. A relação entre Maverick e Rooster começa tensa, mas acaba se tornando uma jornada de redenção, com uma satisfatória catarse.

Os nostálgicos do filme de 1986 são agraciados com o devido fan service em Top Gun: Maverick, mas este último pode tranquilamente ser assistido por pessoas de qualquer geração que nunca viram o original. Apesar de ser uma sequência, ele forma uma história completa em si e que não ficará datada, pois não pretende se dirigir a uma geração específica. Top Gun: Maverick é atemporal.

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Rebel Moon, o Jupiter Ascending do Zack Snyder

Rebel Moon (2023)

Depois do grande sucesso de Matrix (1999), muito se esperava da dupla Wachowski. Em 2012 lançaram Cloud Atlas, que tinha uma ousada proposta de roteiro entrelaçando várias linhas temporais. Era pra ser algo grandioso e marcante. Não foi. Depois em 2015 veio Jupiter Ascending, novamente tentando oferecer um novo e fabuloso universo com o selo Wachowski de criatividade, mas acabou sendo um filme esquecível, o mais fraco da filmografia da dupla.

Vendo Rebel Moon, fiquei com esta mesma impressão. Havia uma expectativa de que esse seria o grande momento do Zack Snyder criar seu próprio universo fictício, um mundo realmente autoral e no qual ele imprimiria toda sua assinatura. Bom, de fato ele fez isto e até demais. Em Rebel Moon uma das assinaturas do diretor ficou exaustivamente enfatizada: o slow motion. É tanto slow motion que cansa e estraga o ritmo da ação.

Era pra ser um filme de ação e aventura, pois a premissa envolve uma guerreira recrutando pessoas habilidosas para enfrentar um império do mal. E sim, a história toda é claramente uma homenagem a Star Wars, mesmo porque Zack Snyder originalmente escreveu o roteiro com o fim de ser uma história no universo Star Wars, mas o projeto foi engavetado (para não dizer "recusado" pela Lucasfilm) por anos e só agora o tio Snyder teve a oportunidade de retomá-lo.

No fim das contas trata-se de um filme morno e também insosso, já que não oferece uma ideia original e sim somente uma imitação  homenagem a Star Wars.

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Nobody, um ótimo filme de ação genérico

Nobody (2021)

Um pacato pai de família tem sua casa invadida, o que desperta nele um lado que ele manteve escondido por anos. Agora ele se envolve em uma saga de vingança e pancadaria, comprando briga até mesmo com a perigosa máfia russa.

É, parece a sinopse de um monte de filmes genéricos de ação, mas Nobody (2021) consegue executar esta premissa com maestria. O filme é dirigido por Ilya Naishuller, um russo que ainda está iniciando na carreira e tem uma pequena filmografia, mas que pelo visto leva jeito para o gênero de ação e brucutu, pois soube aplicar a boa e velha fórmula de modo a proporcionar puro entretenimento.

O ator protagonista Bob Odenkirk, eternizado como o Saul Goodman do universo de Breaking Bad, não faz o typecast de brucutu. Ao contrário, ele encaixa no papel de um sujeito pacato e covarde, como foi o Saul, e que, ao se meter em encrenca, tem que usar a lábia e não os punhos. Em Nobody, ao contrário, ele usa os punhos e é incrivelmente convincente.

Bob Odenkirk; Nobody (2021)

Bom, é claro que em filmes de ação é importante ligar a suspensão de descrença, pois inevitavelmente há cenas bem exageradas e a capacidade de sobrevivência do personagem em meio a tiroteios e pancadaria tem um nível sobre-humano, mas mesmo com o exagero, um bom filme de ação consegue nos convencer de que o protagonista é humano, mas um humano badass.

Hutch Mansell, o protagonista, que se apresenta simplesmente como Nobody, era um assassino de aluguel do governo dos EUA, contratado para trabalhos sujos. Ele fez sua fama como um cara temível, lendário, até que resolveu se aposentar e levar uma vida aparentemente tranquila de pai de família. Então acontecem eventos que despertam seu lado assassino e novamente ele vai mostrar do que é capaz.

Existe realmente algo de John Wick na história, pois a trama se desenrola porque Hutch dá uma bela surra no filho de um mafioso russo, sem saber quem ele era, de modo que acidentalmente comprou briga com a máfia. Então vemos um homem sozinho atravessar toda a onda de capangas até chegar no chefão.

Destaque também para o Christopher Lloyd, o famoso Dr. Brown de De Volta Para o Futuro, que aqui interpreta o pai de Hutch, um velho tão badass quanto o filho.

Christopher Lloyd, Bob Odenkirk; Nobody (2021)

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A eterna Melancolia

Não sou um corpo, sou um cérebro. Meu cérebro possui um corpo, a sua carapaça, o seu veículo. Tudo no corpo existe em função do cérebro, uma máquina trabalhando para nutri-lo, para dar a ele as ferramentas motoras e sensoriais com as quais pode interagir com o mundo. 

Foram tantos anos para o cérebro chegar à sua forma atual. Tantas experimentações, tanta tentativa e erro; vidas e mais vidas nascendo, multiplicando-se, lutando, morrendo; um ciclo de milhões de eras até nos tornarmos o que somos, um fragmento da consciência do universo.

Por que então somos assim? Por que sorrimos e choramos? O que as emoções têm de importante no grande escopo da nossa jornada cósmica? Temos algo que as máquinas não têm, que talvez nunca terão, algo que parece um defeito, um bug em nosso software, ainda assim tão formidável.

Reafirmo meus votos com a Melancolia. Pairando entre as estrelas, contemplando a grande saga da existência, penso e sinto que há espaço para uma visão melancólica do mundo. A Melancolia é minha Perséfone.

Que tramas ela deve tecer na minha rede de neurônios? Que aspectos do mundo ela me permite enxergar? A luz da alegria nos cega para a realidade, enquanto a melancólica penumbra oferece uma melhor definição das formas, da luz, da sombra e da profundidade. 

A Melancolia me faz sentir saudades do universo. Olho bilhões de anos como uma fagulha que num momento foi acesa e logo desapareceu. O nascer e morrer de estrelas é como o infinitesimal vibrar das menores partículas na duração incalculável do infinito.

Sentirei saudades, universo, quando tudo passar. De fato, em minha imaginação que transcende as quatro dimensões, eu já vi o teu fim como o fim de um breve momento de alegria, permanecendo apenas a imutável e paciente melancolia cósmica.

(05,01,2024)