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O papel da humanidade na ecologia cósmica

A humanidade não é uma flor que se cheire e o que há de mais perverso neste planeta é produto humano, todavia enxergar apenas este aspecto da nossa presença na Terra é uma forma bastante simplista de entender o próprio planeta e sua natureza.

Somos tentados a entender a humanidade como a vilã do planeta, a grande inimiga da natureza, um vírus, como diria o Agente Smith. No entanto, esquecemos que não somos um invasor na Terra, antes somos produto dela, assim como todos os demais seres que aqui vivem.

A configuração da nossa biosfera é resultado da ação conjunta de todos os seus moradores, dos micróbios aos gigantes marinhos e árvores milenares. Eis que os humanos também têm o seu papel, também participam do ciclo da vida, da água, da matéria orgânica, e mais ainda, nos tornamos a espécie civilizacional e neste aspecto temos o papel mais grandioso de todo o ecossistema.

Ora, se, ou melhor, quando um dia a Terra for visitada novamente por um grande asteroide, é a civilização humana que será capaz de intervir neste evento randômico do implacável cosmo. Ao longo de seus bilhões de anos, a Terra já passou por vários eventos assim, várias catástrofes que dizimaram boa parte do planeta ou até o planeta inteiro e nenhum animal ou planta foi capaz de fazer nada para impedir. 

Eis que então a natureza criou seu campeão, os humanos, dotando-os de inteligência e engenhosidade a ponto de desenvolver a ciência, a tecnologia e meios para mitigar os danos do acaso. A longo prazo, a Terra está mais segura conosco do que sem.

E, pensando numa escala cósmica, nosso papel aqui não se resume a tecnologias de proteção contra apocalípticos meteoros. Também somos a arca de Noé do planeta. Ao nos tornamos interplanetários, também tornamos a própria Terra interplanetária. As plantas e animais que habitarão Marte terão origem na Terra. O rico banco genético do planeta poderá ser perpetuado para além daqui.

Olhando do ponto de vista terrestre, o nosso propósito último enquanto parte do ecossistema é garantir que a história biológica deste planeta não se encerre quando expirar o prazo de validade de seu globo rochoso. A Terra vive diante de uma bomba-relógio, o Sol. Mesmo que sobrevivamos aos próximos meteoros, ainda haverá o Sol a nos engolir um dia. 

Este dia, porém, está longe o suficiente para termos tempo de nos desenvolver e nos tornamos interplanetários, mais ainda, interestelares. Então, ao sair da Terra, levaremos a Terra conosco para outros mundos. Quando o nosso Sol decidir devorar os seus planetas, já estaremos bem longe daqui, já teremos sementes terráqueas espalhadas pela galáxia de modo que a natureza, aquela que nos criou, continuará se expandindo e evoluindo por eras sem fim.

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