Nos tempos de faculdade tive um certo professor que era muito culto e inteligente e, numa conversa com ele, me mostrou o encadernado de um livro que ele estava escrevendo. Eu peguei o volume e dei uma folheada, devolvendo com o comentário: "Muito bom". Percebi no rosto dele o sentimento de desconforto, mas na verdade na época eu não entendi completamente aquela expressão. Só muitos anos depois.
Ah, a presunção dos vinte anos. Eu tinha esta atitude de quem acha que sabe mais do que realmente sabe. E a forma como folheei o livro, fazendo um lacônico comentário, transpirava esta arrogância da juventude. Não posso dizer que hoje eu não tenha minha dose de arrogância. Pelo menos hoje tenho ciência dela e de tantas outras coisas.
Na juventude nos falta este olhar crítico de si mesmo, o que é irônico, pois também há muita insegurança e uma constante autodepreciação no íntimo, mas isto é diferente da autocrítica e percepção de seus limites que a maturidade pode trazer (e ainda assim há muitos que jamais desenvolvem isto no passar dos anos).
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