Qaligrafia
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A arte de não ser

Hoje em dia se fala tanto em identidade, em ser algo, ser um rótulo. Qualquer palavra é usada para resumir as pessoas a um título, uma casta. Sou negro, sou branco, sou pansexual, sou imigrante, sou conservador, sou progressista, sou isso, sou aquilo.

Quanto a mim, vivo nesse limbo da complexidade. Sou mestiço, de modo que não me encaixo na polarização de raças. Sou um livre-pensador, de maneira que tenho opiniões com diversos espectros dependendo da questão, sem contar que já mudei de opinião várias vezes e estou disposto a continuar mudando. A metamorfose ambulante.

Não sigo alguma moda, não tenho uma tribo, meus gostos musicais variam de um extremo a outro. Sou o caos.

Logo, é difícil definir quem sou, o que sou. Não sou uma palavra, algo que me agregue a outros semelhantes. A única semelhança que reconheço é a humanidade. No mais, apenas não sou.

Quem sou eu? Não sou.

(02,03,2023)

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