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The Gray Man e a renascença dos filmes de ação

The Gray Man (2022)

O cinema de ação está mais vivo do que nunca. Depois de sua renascença, trazida pelo John Wick¹, cada vez mais tem surgido bons filmes de brucutu, com tiro e porradaria bem ao estilo anos 90, porém, em certos aspectos, eu diria que até melhor que os anos 90.

Podemos marcar o ano de 2014 como o renascimento do cinema de ação, não apenas por causa de John Wick, mas também de Capitão América 2. De um lado temos os Irmãos Russo e do outro o Chad Stahelski. São estes os grandes nomes desta nova era da ação.

Enquanto o Chad Stahelski tem se concentrado na sua cria favorita, a franquia John Wick, os Irmãos Russo fizeram carreira na Marvel e depois lançaram uma franquia própria, Extraction², que até o momento teve dois filmes (2020,2023).

Dito isto, temos The Gray Man (2022), também dos Russo. Na Marvel eles fizeram amizade com alguns atores que depois acabaram participando de outros projetos. É o caso do Chris Hemsworth, o Thor da Marvel, que se tornou o protagonista brucutu de Extraction; e em The Gray Man temos o Chris Evans, o Capitão América, que atua como o vilão da história.

É interessante ver como o Chris Evans, que encarnou o sério e bom moço Capitão, agora performa um vilão bem desprezível, um sádico com um jeitão infantil e um bigodinho. Ele consegue convencer no papel.

Temos também a Ana de Armas, que encarna uma agente badass e curiosamente sem qualquer traço de sensualidade, algo que os diretores costumam aproveitar nos filmes com ela. Tem também o Wagner Moura, que teve o privilégio de ficar pertinho da Ana de Armas. A caracterização dele ficou tão boa que durante o filme eu nem me dei conta que era ele.

A grande estrela, porém, é o Ryan Gosling, interpretando o misterioso agente Six. Convenhamos que é impossível fazer um filme com o Ryan Gosling sem que ele roube a cena. Ele conseguiu roubar a cena até no filme da Barbie, contrariando as expectativas do roteiro que tentou fazer do Ken um personagem desprezível. O carisma do ator fez todo mundo amar o Ken.

julia butters turkey sandwich

Ryan Gosling, que já fez romance, comédia, musica, drama e sci-fi, agora encarna o puro brucutu e com um ar de Léon, pois ele é o assassino que se afeiçoa a uma garota e a protege como se fosse sua filha. Para quem sente que já viu esta atriz (Julia Butters) em algum lugar, ela foi aquela garotinha que contracenou com o DiCaprio em Once Upon a Time in... Hollywood (2019)³ e que no Oscar de 2020 mostrou que levava um sanduíche na bolsa, virando meme por um momento.

The Gray Man é melhor do que eu esperava. Realmente capricha na ação e com uma característica bem peculiar dos Irmãos Russo que é não extrapolar na suspensão de descrença. É uma ação sem absurdos e os personagens são humanos de verdade, que sentem dor quando se machucam, ficam cansados e tal. Mesmo assim, o protagonista Six é um cara fora do comum, inventivo como o MacGyver e casca grossa como o Jason Bourne.

Notas:


Palavras-chave:

No Man's Sky, Starfield, New World e Cyberpunk, os 4 cavaleiros do apocalipse gamer

No Man's Sky (2016)

Existem alguns jogos que começam com o pé errado no lançamento, em grande parte por culpa da própria desenvolvedora e de um marketing errado. Um grande exemplo foi No Man's Sky em 2016. Este jogo fez tantas promessas não cumpridas, especialmente a promessa de um mundo multiplayer. Isto foi o que mais irritou a comunidade, pois todos estavam esperando se deparar com players voando e pousando por aí, o que daria uma imersiva sensação de vida naquele universo.

Além disto, o jogo tinha problemas de bugs e a geração procedural dos mundos não parecia ser suficiente para superar a sensação de repetitividade, de que a cada novo planeta você encontrava sempre as mesmas coisas. Com o tempo, porém, a Hello Games conseguiu se redimir.

Ao longo dos anos, novos updates foram polindo o No Man's Sky e acrescentando mais conteúdos, enriquecendo o jogo, além de inserir uma instância multiplayer. Assim, este jogo envelheceu como vinho, ficando cada vez melhor, de modo que hoje em dia sua comunidade está bastante satisfeita e No Man's Sky se tornou um dos mais elogiados jogos de exploração espacial, até mesmo um modelo para o gênero.

Starfield (2023)

É curioso ver como NMS, que a princípio enfrentou uma onda de hate, agora vem sendo usado como parâmetro de um bom jogo espacial. Agora em 2023 veio Starfield, novo jogo da Bethesda, e as comparações com NMS foram inevitáveis. Em vários aspectos o NMS se mostrou melhor, como no fato de se poder voar livremente pelos planetas com as naves e veículos terrestres, a riqueza dos biomas e a real sensação de mundo aberto, pois NMS tem pouquíssimas telas de loading, enquanto Starfield tem loading até para se entrar em uma sala dentro de um edifício.

A verdade é que Starfield não tem a mesma proposta de NMS. Não é um jogo focado em exploração espacial, mas em história e interação com os personagens. Quem, como eu, gosta de explorar mundos, não vai ter muito prazer em Starfield. Inclusive a capacidade de carregar loot é limitadíssima, algo bem irritante para jogadores dados à exploração. Eu quero sair catando e colecionando tudo o que encontro, mas não dá.

Starfield é para quem curte diálogos, a imersão no roleplay. Inclusive dá até para flertar com os personagens e estabelecer um relacionamento. É um jogo interessante para streamers justamente por causa deste roleplay.

Joguei pouco de Starfield, mas assisti a algumas horas de streaming, o suficiente para concluir que não é meu tipo de jogo. Todavia, acho que houve um hate exagerado da comunidade, pois o jogo está bonito, rico em detalhes e com uma história bem elaborada. De toda forma, assim como NMS, Starfield vai precisar de tempo para ser polido e acrescentar as features que a comunidade deseja. Não duvido que ele terá a mesma redenção que NMS teve.

New World (2021)

Outro caso de grande hype seguida de decepção foi o New World, um MMORPG que joguei por algumas centenas de horas e já escrevi muito sobre ele aqui. No mês de lançamento, ele chegou a bater 900 mil players diários. Os grandes streamers estavam todos jogando, havia aquele clima de empolgação com o retorno do gênero MMORPG. Parecia até que teríamos uma nova era de ouro dos MMOs.

Então vieram as decepções. New World foi lançado precocemente, veio mal polido, cheio de bugs irritantes e com um conteúdo limitado. Tornou-se uma piada interna do jogo falar que ele não tem montaria, um recurso básico na maioria dos MMOs, e também dos mobs que são muito parecidos em todo o mapa. Era mesmo entediante explorar o mapa e encontrar por toda parte sempre os mesmos modelos de criaturas - piratas, zumbis, fantasmas... 

A gota d'água porém foi um exploit que a comunidade considera imperdoável: a duplicação de itens. Players folgados começaram a se aproveitar deste bug, duplicando materiais, fazendo fortuna, manipulando o mercado, tendo uma injusta vantagem competitiva contra os demais. Somando todos estes problemas, o jogo perdeu 90% de seu público no primeiro semestre e nunca mais o recuperou.

New World tem tentado se redimir. Em 2023 os devs programaram todo um calendário de atualizações, incluindo a tão solicitada montaria. Aos pouco o jogo está melhorando, enriquecendo, mas parece que a confiança perdida não será restaurada tão fácil, pois o New World se fixou em certa quantidade de players (uns 15 ou 20 mil diários) e daí não saiu mais.

Cyberpunk 2077 (2020)

Além destes três, temos outro caso recente de jogo que foi uma grande hype-decepção: o Cyberpunk 2077.

Sendo produto da CD Projekt RED, aclamada desenvolvedora da série The Witcher, Cyberpunk era uma grande promessa, com a proposta grandiosa de trazer um mundo aberto cheio de vida, uma grande cidade repleta de NPCs e sem telas de loading, com edifícios, ruas e becos plenamente exploráveis. De fato, já no lançamento Night City era enorme e deslumbrante. Esta promessa foi mesmo entregue. O problema de Cyberpunk foi mais no polimento, pois o jogo veio extremamente bugado.

A grande decepção veio por causa disto, os bugs, crashes, a péssima otimização que deixava o jogo pesado até em computadores de última geração. A cidade era repleta de NPCs, mas muitos deles repetidos e se comportando de maneira tosca, fazendo a famosa T-pose. Cyberpunk 2077 virou motivo de piada.

Então se passaram dois anos e a cada patch o jogo foi ficando melhor. Veio o grande patch 1.0, depois o 2.0 e agora a expansão Phantom Liberty. Em seu estado atual, já pode-se dizer que Cyberpunk 2077 se redimiu. Finalmente o jogo mostra seu verdadeiro potencial, está polido, rico em conteúdo e também otimizado. 

Foram acrescentadas as tecnologias de ray tracing e DLSS que extraem o máximo de beleza dos gráficos. Pude constatar isto vendo algumas gameplays, pois para usufruir do máximo de beleza deste jogo é preciso ter um computador robusto. O comportamento da luz, refletindo nos carros, nos pisos de cerâmica, nas janelas, é realmente formidável.

Quanto a mim, jogo com uma modesta (para os padrões atuais) RTX 2060 Super. Ela atende aos requisitos mínimos e de fato consigo jogar com os gráficos no máximo, mas as configurações de ray tracing ficam no mínimo a fim de conseguir uns 45-50 FPS. Mesmo assim, no meu humilde PC o jogo está rodando liso e com gráficos decentes. Parece realmente otimizado.

Enfim, destes quatro jogos, dois já se redimiram totalmente, No Man's Sky e Cyberpunk 2077. Estes outrora cavaleiros do apocalipse tornaram-se anjos queridos pelo seu público gamer. New World está seguindo numa lenta jornada de redenção, aprimorando-se a cada update, enquanto o Starfield, o mais novo dos quatro, também vai precisar de uns bons anos para melhorar.

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Teclado Vinik VX Hydra com LED

Teclado Vinik VX Hydra

Como um vampiro que se preze, sou um adepto da luz baixa, de manter o mínimo de iluminação possível no ambiente. De noite então, gosto do escurinho iluminado apenas pelas telas da TV, do PC, do Kindle, etc. O único problema é digitar desse escurinho, então finalmente adotei um teclado com LED.

Já usei muitos teclados nessa vida. Os primeiros que usei, há uns vinte anos, eram da época do saudoso PC bege claro, teclados sem marca específica e que simplesmente vinham junto do PC que a gente comprava. Com o tempo fui me tornando mais exigente, principalmente por causa da misofonia que me fez procurar teclados mais silenciosos, que fazem menos tec-tec.

Um dos primeiros experimentos que fiz foi com um teclado flexível. Ele é exatamente isto, literalmente flexível, montado em uma capa de borracha que pode ser enrolada como um pergaminho. É o mais silencioso de todos, mas por outro lado as teclas são muito duras e não é nada prático digitar nesse troço. Logo larguei.

Então experimentei o mini teclado TC154¹, mas não gostei do layout das teclas. Depois veio o TC142², que me satisfez por um tempo. Depois veio o KB M60BK³, com teclas côncavas, algo que nunca experimentei antes. Não gostei nada deste teclado e acabei voltando pro anterior, mesmo já estando desgastado.

Enfim pela primeira vez adotei um teclado sem fio, o MK295⁴ da Logi, que vem com um mouse também sem fio. Ambos são bem silenciosos. O mouse a princípio não era tão silencioso quanto outro que eu já vinha usando, o M110s⁵, mas curiosamente com o tempo os botões foram de fato ficando mais silenciosos.

Eu já havia resolvido o problema do ruído, mas ainda restava outro probleminha: digitar no escuro. A luz do monitor de fato ilumina o teclado se a tela for majoritariamente branca, mas há ocasiões em que a tela fica mais escura e acabo digitando mais devagar por ter que ficar achando as teclas. Era a vez de dar uma chance ao LED.

Não me importo com essa coisa de setup gamer RGB, com a estética gamer. Só me importa a funcionalidade, desempenho, custo-benefício, etc. Inclusive comprei um gabinete novo e o único critério era que fosse mais espaçoso que o anterior, de modo a distribuir melhor as peças e ser melhor ventilado. Ele veio com um LED frontal, mas sequer liguei os fios.

No caso do teclado, o LED realmente tem uma utilidade. Trata-se de um Vinik VX Hydra. Pela primeira vez em duas décadas como usuário de PC, estou usando um teclado com LED. E creio que é algo que não vou mais largar enquanto for preciso usar teclado nesta vida (teclados vão acabar algum dia, seja com a popularização de teclados virtuais no metaverso ou com a "digitação telepática" por meio de dispositivos como o Neuralink⁶.

No caso, ele veio com um LED azul que pode ser ligado e desligado na tecla Scroll Lock e só ligo à noite mesmo. Então a magia acontece. As letras vazadas nas teclas ficam iluminadas por baixo, bastante destacadas no escuro. De bônus, este teclado, mesmo tendo teclas semi mecânicas, não produz muito ruído, de modo a não incomodar minha misofonia.

Teclado Vinik VX Hydra

Notas:






6. Vale lembrar que estes dias o Elon Musk anunciou o memorável fato de que pela primeira vez implantaram o Neuralink em um humano.