Há alguns anos (ou vários anos, depende do ponto de vista), lembro de ter visto na TV uma reportagem sobre as "gírias do momento" entre a garotada. Foram entrevistados alunos em uma escola e um deles falou de um tal "ascaminoflower", explicando vagamente que era como chamavam determinado tipo de pessoa. Nem lembro o significado exato.
O fato é que, para aquela galera, a gíria estava viva e eles a usavam como se fosse um código já estabelecido e quem sabe até que duraria para a vida toda. Não durou. Por onde anda o ascaminoflower?
Gírias e neologismos costumam ser criados com mais frequência por jovens, pois é uma maneira de se diferenciar. Existe esta contradição de desejos na psique dos jovens: querem se enturmar, fazer parte de algo, algum grupo, uma identidade coletiva, ao mesmo tempo em que querem se destacar como pessoas únicas, com uma marca própria.
A gíria de certa forma atende a ambos os desejos, pois com ela você se torna um estranho para aqueles que não fazem parte da tribo que adotou o linguajar, logo, se torna um ser marcante, enquanto se mescla à tribo, enturmando-se. O uso da gíria faz parte das ferramentas para se enturmar.
Poucas são as gírias que sobrevivem ao tempo, pois elas por natureza existem para atender a determinados grupos em determinadas épocas. No momento em que estão em voga, existe até uma certa arrogância das pessoas que adotam a gíria, julgando aqueles que não a conhecem ou usam como caretas, ou mesmo como petulantes. "Como você ousa não adotar o nosso código?"
Então o código fica obsoleto e a própria gíria se torna careta.
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