Assim como você, também sou feito de muitos. Uma multidão vive em mim. Alguns eus são pedaços, fragmentos de pessoas, projeções daquelas que conheci, que me influenciaram, que me fizeram bem ou mal e deixaram em mim estas partículas, estas cópias imperfeitas delas mesmas. Alguns são criações imaginárias, brincadeiras da mente, fantasmas do subconsciente. Outros são mais que fragmentos, são seres completos, complexos, nascidos e nutridos dentro desta cidade, não, deste universo que é a mente. Alguns são fortes, heroicos, impressionantes, outros são frágeis e precisam de proteção, refugiando-se nas sombras. Há gênios e tolos vivendo em mim, fadas e monstros. Como conciliar tantas vidas em um só corpo? Como chegar a um acordo? Quem fica na superfície, quem habita as profundezas? Como manter coeso esse vaso feito de tantos cacos colados pelo amálgama dourado do amor-próprio? Às vezes parece que a qualquer momento a estrutura irá desmoronar ou que a pessoa errada irá tomar a liderança do bando. Existir é uma busca constante de equilíbrio. E pensar que esta trama intrincada e delicada do eu é apenas o átomo de outra trama ainda mais vasta...
(22,10,2021)
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