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Do PC à VR: a evolução do computador até o metaverso

Macintosh

Os primeiros computadores eram enormes e caríssimos, até que surgiram versões mais compactas que cabiam em cima de um birô (daí o nome desktop). Não à toa este computador ganhou o apelido de PC (Personal Computer), indicando que finalmente o aparelho estava se tornando comum, quase tanto quanto uma televisão.

Primeiro o PC foi se integrando aos ambientes de trabalho, o que foi habituando a população ao seu uso. Depois se tornou também um brinquedo, algo para se entreter em casa e, por fim, virou uma ferramenta de comunicação e acesso instantâneo por meio da internet.

Celso Portiolli

Kelly Key meme

Na era dos PCs, usar o computador era um ritual. Você tinha que ir para a mesa onde ficava sentado por alguns minutos ou horas diante do monitor, usando o aparelho para trabalho, estudo, diversão e conversar com as pessoas.

O PC se tornou tão comum quanto um eletrodoméstico nas casas da classe média pra cima. Nas famílias pobres, porém, ele nunca chegou a ser acessível. Para preencher estas lacunas surgiram as lan houses, onde as pessoas podiam usar emprestado um PC.

O fato é que, embora relativamente acessível, o PC ainda tinha uma limitação, pois não era portátil, não dava pra levar no bolso. Os primeiros esforços para transformar o computador em um instrumento portátil foram o notebook (também chamado laptop, pois você podia usar apoiado em seu colo) e o tablet, mas ainda não era o ideal. Ainda eram aparelhos grandes demais e não era prático ficar andando por aí com um notebook ou mesmo um tablet. Tais aparelhos serviam para certas conveniências, mas não para o dia a dia.

Homeless with smartphone

Enfim veio o smartphone e este aparelhinho conseguiu integrar definitivamente o computador na sociedade, mesmo nas classes mais baixas. Existem smartphones de luxo, mas também versões mais acessíveis, bem mais baratas que um PC, de modo que é comum haver smartphones em famílias de baixa renda. Ele conseguiu entrar nas casas onde o PC falhou.

O smartphone pode ser levado no bolso, pode ficar constantemente ligado, servindo como telefone e como uma versão básica de PC. Com ele, não há mais necessidade do ritual de sentar diante de uma mesa e ficar limitado àquele espaço para poder usar um computador. Agora você usa o computador diversas vezes ao dia, cada vez que saca ele do bolso pra se distrair enquanto espera em uma fila, ou até quando fica assistindo vídeos antes de dormir.

VR glass

A promessa agora é que entraremos em uma nova fase da vida digital que é o metaverso. Curiosamente, estamos passando pelas mesmas etapas do computador. A experiência completa com o metaverso requer os óculos de realidade virtual, a VR, acontece que esse troço hoje em dia ainda é um trambolho grande e pesado. 

Os óculos VR não são uma coisa que você possa levar no bolso, muito menos usar enquanto anda na rua, de modo que o momento de experiência com o metaverso é parecido com o antigo ritual de sentar diante de uma mesa com o computador. Você só usa o VR em casa, e usa por pouco tempo, pois ele é cansativo, é desconfortável pelo tamanho e peso.

Google Glass

O metaverso só terá sua versão da era dos smartphones quando os óculos se tornarem realmente portáteis, semelhantes a óculos normais. A Google já vislumbrava este futuro em 2006, quando começou o projeto do Google Glass, mas ainda era muito cedo e o projeto foi descontinuado. Obviamente, a busca por óculos de VR compactos continua, mas levará um tempo até chegarmos neste nível. 

O fato é que a transição está começando e já existem no mercado smartglasses que não são muito diferentes de óculos normais, como o Razer Anzu e o Echo Frames. Naturalmente, ainda contêm recursos bem limitados e se resumem a servir como substitutos para os fones de ouvido e controle das funções de aplicativos do celular.

Echo Frames

Razer Anzu

Apple Glasses

A Apple promete repetir a revolução causada pelo iPhone, agora com os Apple Glasses, que devem ser lançados em 2023. O caminho para a era dos aparelhos vestíveis já está traçado. Os óculos vão substituir o smartphone, ou pelo menos acabar com a necessidade de tirar o smartphone do bolso.

Em algum momento os óculos de VR se tornarão práticos e acessíveis. Eles serão os substitutos dos smartphones e tornarão o computador e a internet onipresentes, pois, enquanto o celular você mantém no bolso e usa uma vez ou outra, os óculos ficarão a todo momento no seu rosto, mesclando o mundo físico ao digital.

Também será preciso uma evolução no acesso à internet. Os smartphones já fizeram isto. No PC, era preciso ter uma linha telefônica para acessar a internet, depois veio a assinatura da internet banda larga. Era um custo a mais no orçamento das famílias, não era pra todo mundo. No smartphone, a internet se tornou bem mais barata com os planos das operadoras de celular. 

Obviamente a velocidade da rede e a quantidade de dados costuma ser bem menor do que a banda larga do PC, mas o importante é que hoje até as famílias de baixa renda conseguem acessar a internet. Sem contar que é cada vez mais comum a presença de Wi-Fi gratuito nas cidades.

Para o metaverso realmente emplacar, será necessário, portanto, também uma internet acessível e de banda larga, pois o ambiente virtual do metaverso é pesado, produz muitos dados. Aí entra a internet 5G e possivelmente também o Starlink, que no futuro deve fornecer internet também para os smartglasses.

Satisfeitas estas duas condições (banda larga e óculos VR acessíveis), aí sim teremos o ambiente ideal para o florescimento do metaverso. Assim como o PC na sua era primitiva, o metaverso será primeiro implementado nos ambientes de trabalho, depois se popularizando nas casas e enfim se tornando ubíquo e o carro-chefe da "internet dos corpos", quando você estará constantemente vestindo um computador, no caso os óculos VR.

Meta VR
Esta é uma representação de um vídeo promocional do Meta. Aqui vemos um homem usando um par de óculos de VR aparentemente comuns.

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