Os Poliedros de Platão ou Sólidos de Platão são uma das associações mais antigas entre misticismo e geometria. |
Magia e ciência são em geral inconciliáveis, mas não se engane, muitos dos grandes cientistas tinham alguma familiaridade com a magia ou a linguagem mística, a exemplo de Isaac Newton, que deixou um grande volume de textos herméticos e análises misteriosas da Bíblia, textos que, obviamente, não são muito divulgados pela comunidade científica por não se tratarem de ciência propriamente dita, mas de magia.
Ainda hoje, numa era em que o secularismo é cada vez mais dominante e que, como diria Carl Sagan, abandonamos o "mundo assombrado pelos demônios", há cientistas que enveredam pelo misticismo, até mesmo buscando uma conciliação entre ciência e magia, como Fritjof Capra, autor de O Tao da Física.
Sim, sim, há cientistas que abominam esta mistura e advogam a favor da "pura ciência". Enfim, esta é uma discussão sem fim, como tudo na filosofia e teologia. De toda forma, venho aqui propor um conceito peculiar que abre espaço para uma possível conciliação entre ciência e magia, a geometria espacial.
Todos sabemos que em nosso mundo existem três dimensões visíveis: comprimento, largura e profundidade. Basicamente isto significa que você pode observar o espaço à sua volta olhando para os lados, para cima e para baixo e para o horizonte. A estas três dimensões, ainda podemos acrescentar uma quarta, o tempo, algo que, mesmo que não seja observável com os olhos, pode ser mensurado pelo movimentos dos corpos dentro do espaço tridimensional. Tudo o que existe e se move, move-se no tempo.
Estas quatro dimensões são o limite do que podemos observar por quaisquer meios, seja pelos olhos, por instrumentos científicos ou por cálculos matemáticos. Desta forma, nossa ciência tem um campo de observação limitado às quatro dimensões.
Na teoria, porém, a ciência pode especular sobre dimensões que ultrapassam este limite do universo conhecido. Além das três dimensões do espaço, pode haver uma quarta, uma quinta, sexta, quem sabe até mais. São dimensões que não podemos observar, uma vez que estamos limitados, aprisionados nas três dimensões do nosso espaço, todavia, se tais dimensões existem, elas certamente têm alguma interação e influência em nosso mundo e nossa existência.
Imagine que exista um universo bidimensional, com seres bidimensionais. Para nós, que o observamos de fora, este universo pode parecer uma pizza, porém sem espessura. Uma pizza finíssima e que possui apenas comprimento e largura, como uma folha de papel de proporções cósmicas. Nós, seres tridimensionais, temos o privilégio de conseguir observar este universo plano de fora e perceber que ele é plano e bidimensional, já os seres que vivem neste universo têm uma percepção limitadíssima, pois não conseguem ver acima e abaixo ou ter noção de profundidade. Basicamente só conseguem ver o que está nos lados.
Imaginemos um exemplo mais simples. Se você desenhar um círculo em uma folha de papel e falar para uma formiga bidimensional (obviamente nossas formigas são tridimensionais, mas aqui temos uma formiga hipotética bidimensional) entrar neste círculo sem atravessar a linha de sua circunferência, será uma tarefa impossível, pois a única maneira dela entrar ali é caminhando através da folha e passando para dentro do círculo.
Já você, que é um ser tridimensional e tem a vantagem de estar em uma dimensão além, pode simplesmente pegar aquela formiga, levantá-la para fora do papel, e colocá-la dentro do círculo sem que ela tenha que atravessar a linha. Ela foi magicamente teleportada graças à intervenção de uma força de uma dimensão superior.
Quem está em uma dimensão superior, consegue ver e interagir com uma dimensão inferior, mas o inverso é mais difícil ou impossível. Imagine então que exista uma quarta dimensão do espaço, ou uma quinta. O que quer que exista nestas dimensões, tem o poder de interagir com o nosso mundo tridimensional (ou quadridimensional, se incluirmos o tempo) e tal interação é impossível de ser observada por nós que estamos limitados às dimensões inferiores, a não ser que...
A não ser que alguma parte de nós faça parte de dimensões superiores. Qual o melhor candidato a isto? A consciência. A consciência é o maior mistério da humanidade e seu verdadeiro potencial é desconhecido. Digamos então que a consciência seja um fenômeno que tem origem em uma quarta ou quinta dimensão do universo, reverberando para as camadas inferiores, para o nosso mundo conhecido. Neste caso, a consciência seria o elo entre todas as dimensões.
A magia, portanto, pode ser um fenômeno em que a consciência obtém acesso aos poderes e "facilidades" que as dimensões superiores têm sobre as três dimensões inferiores, poderes como a clarividência, a capacidade de enxergar o curso do tempo e as suas diversas possibilidades. Os chamados "seres superiores" ou "transcendentes" mencionados em toda a religião e misticismo, podem ser seres literalmente de dimensões superiores no espaço e que, portanto, têm poderes que em muito superam os limitados poderes daqueles que estão presos nas três dimensões.
Para a formiga bidimensional, presa nos limites da folha de papel, aquela mão tridimensional que a teleportou para dentro do círculo é uma entidade superior e de poderes praticamente divinos, poderes estes que existem pelo simples fato da mão existir em uma dimensão a mais do espaço.
Por fim, a ideia das dimensões extras pode também ser uma boa candidata para a teoria de tudo. Ela não só explicaria a magia, como também seria capaz de conciliar as leis até então inconciliáveis de nosso universo tetradimensional. As dimensões superiores podem conciliar tudo, unificar tudo, ciência e magia. O que está acima e o que está abaixo.
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