Estamos em pleno 2023, ano em que o congresso americano fez uma audiência pública sobre OVNIS, ano em que todo mundo tem um TikTok, menos eu. Virei uma múmia digital.
Na verdade, estou sempre me atualizando sobre tecnologia e já brincava de ChatGPT quando pouco se falava disso, mas tem novidades que não me interessam e tem "velhidades" que não largo. É o caso do blog, o bom e velho blog.
Hoje em dia, quando todo mundo busca monetizar sua atividade nas redes sociais, virar "criador de conteúdo" profissional, também sou antiquado ao não dar muita importância a isso, pois no fim das contas isto aqui é um hobby. Mais ainda, é uma necessidade devido à minha hipergrafia.
Hipergrafia é uma condição que consiste em um forte impulso para escrever. Tenho isto desde criança e só foi intensificando ao longo dos anos. Sou lacônico na fala, porém maníaco na escrita. Preciso escrever. Quando vejo filmes, séries, ou mesmo quando experimento algum game, tenho esta necessidade de escrever sobre, o que para mim funciona como uma forma de mastigar e digerir melhor a experiência.
Acontece que meus interesses são relativamente variados. Filmes, séries, games, animes, mangás, quadrinhos, livros, música, poesia, tecnologia, misticismo, etc e tal. Na música, tenho playlists que vão do clássico ao rock, do brega ao eletrônico. Só não tem funk. Me desculpem, mas a batida do funk não dá pra digerir. É um tipo de barulho que afeta minha misofonia, pois tenho esta outra coisa, uma aversão a certos tipos de som.
Mas enfim, cá estou eu falando para as paredes em um blog. Venho postando aqui desde 2018 e já mudei o endereço algumas vezes. Eis que agora sinto a necessidade de um rebranding. Assim nasce o Qaligrafia.
Quanto ao nome, tem alguma história envolvida. Na infância e adolescência eu gostava muito de desenhar, mais do que as crianças em geral, pois cheguei até a produzir umas revistinhas em quadrinhos caseiras, dezenas delas. Houve um período em que criei um pseudônimo para assinar alguns desenhos que fazia: Caleidoscópio.
Não usei esta assinatura por muito tempo. Creio que só alguns meses. Inclusive hoje não tenho mais nenhum desenho que fiz neste período. Eles se perderam por aí. O que, todavia, me chamou atenção foi o fato de que já na tenra juventude eu tinha a percepção de que meus interesses e minha mente eram multifacetados, como um caleidoscópio.
A hipergrafia também se manifesta em meu interesse por constantemente criar neologismos, fundir palavras ou morfemas para criar palavras novas, bem como substituir letras por algo equivalente, apenas com o fim de criar uma nova grafia. Assim imaginei Qaleidoscópio ou Qaleidos como uma versão modificada de Caleidoscópio.
Enfim quebrei a palavra no morfema Qali, que obviamente vem do kalós grego ("belo, bom"), e combinei com grafia, em parte porque no fim das contas é disto que se trata este blog, sobre escrever e escrever.
O resultado final é uma palavra polissêmica, ambígua, pois tanto pode se referir a caligrafia em si, a arte de escrever à mão, como pode ganhar um novo significado neste neologismo que combina o conceito de caleidoscópio com grafia: a arte de escrever sobre assuntos variados; a escrita caleidoscópica. E, por que não, também entender como a arte de escrever sobre a beleza, afinal boa parte do conteúdo deste blog envolve cinema e poesia, duas artes que prezam bastante pela beleza.
Ah, mas tem ainda outro detalhe. Ao buscar um novo nome para o blog, eu não queria apenas algo que tivesse significado, mas que também fosse visualmente agradável para mim. Já que criei a palavra, o mínimo que poderia esperar é que ela tivesse uma estética que eu gostasse.
No caso, existem algumas letras que gosto, visualmente falando, e outras que acho feias ou desinteressantes. Creio que a letra "r" minúscula para mim é a mais feia e também desinteressante. Por outro lado, gosto de letras como f, g, q e algumas outras. Em Qaligrafia, consegui reunir pelo menos três de minhas letras preferidas.
Enfim, é isso. Vida longa ao Qaligrafia.
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