Qaligrafia
Séries, livros, games, filmes e eteceteras 🧙‍♂️

New World após dois anos

New World

Venho acompanhando o New World¹ desde o comecinho lá em 2021. Depois da hype inicial e de uma onda de decepções, o jogo nunca se recuperou da grande queda no número de players. Agora ele existe como um MMORPG bem nichado, como tantos outros, frequentado por um público de cerca de 15-20 mil players diários. 

Muitos que abandonaram o New World cultivam até hoje um ranço, um sentimento de decepção nunca superado, mas aqueles que continuam jogando parecem bastante satisfeitos, pois não se pode negar que a Amazon não desistiu do jogo e continua periodicamente lançando novidades. Agora em 2023² adotaram o sistema de temporadas, com passe de batalha e grandes updates a cada três meses. Tiveram até mesmo a ousadia de lançar uma DLC paga e de fato boa parte dos players mais devotos comprou a DLC.

Realmente o New World agora pode ser dividido em antes e depois desta DLC, pois ela traz uma mudança significativa na experiência do jogador. Primeiro, a DLC dá acesso à tão esperada montaria, que até o momento consiste em três tipos de criaturas com suas respectivas skins: cavalos, lobos e leões. A montaria melhora muito a qualidade de vida, pois aumenta consideravelmente a velocidade de locomoção (basta testar uma corrida entre um jogador a pé e outro a cavalo para ver a diferença) e ainda tem um bônus que é a possibilidade de escalar certas rochas que não é possível alcançar a pé.

New World mount

A região que outrora era o ponto inicial de todo novo jogador, Primeira Luz, passou por um rework, se tornando Última Luz. Agora é a área mais endgame do jogo, com criaturas de elite bem poderosas e um bioma estilo terra selvagem visualmente agradável, com criaturas novas como mamutes, gorilas e lagartos gigantes, praticamente dinossauros. Não demorou para que os jogadores organizassem rotas de baús nesta nova área.

Na certa a grande melhoria fornecida pela DLC é o aumento do level cap. Agora é possível chegar ao nível 65, bem como ao gear score 700 e, olha, estes 5 níveis a mais, somados a este novo gear score, fazem uma diferença enorme. O Thorpe, por exemplo, boss final da dungeon Nas Profundezas, é bastante desafiador para players no level 60. Ele mete medo, é uma esponja de ataques e pode derrubar jogadores com um hit. Se você o enfrenta no level 65 e gear score máximo, por outro lado, o Thorpe parece de papel e é facilmente derrotado. Essa é a diferença que faz a DLC.

Sim, neste aspecto o jogo se tornou pay to win, pois quem compra o acesso ao level 65 adquire uma superioridade de poder significante comparada a quem permanece preso no level 60. O fato é que boa parte dos players decide comprar a DLC afim de não ficar para trás e, convenhamos, se você joga diariamente, se está gostando do jogo, realmente compensa adquirir a DLC.

Assim, New World segue melhorando pouco a pouco, a cada novo update, a cada temporada. Inevitavelmente, chega em um ponto no endgame em que você realmente sente que "zerou" o jogo e ficará num hiato até o próximo grande update, de modo que, como muitos MMOs, é um tipo de jogo para o qual você retorna de forma sazonal, dando um tempo e voltando de novo e de novo. 

E assim tenho feito. Vou e volto e devo continuar assim enquanto houver conteúdo novo. Estou satisfeito com o rumo que o New World tomou, com as melhorias feitas até agora. Devo parar de vez algum dia? Provavelmente. Afinal em 2024 está chegando o Throne and Liberty, que tem sido o MMO que mais acompanho ultimamente e que estou ansioso para conhecer.

Algo me diz que o Throne and Liberty me fará aposentar o New World de vez.

Notas:



Palavras-chave:

À deusa Melancolia

Se a Melancolia fosse uma deusa,
certamente eu seria seu devoto.
Ao seu altar eu levaria arroxeadas rosas
em uma noite minguante com neblina e fria brisa.
Olharia as estrelas, deitado em uma rocha,
até adormecer no aconchego do seu colo.
Ouviria em meus sonhos uma música tão triste
que me faria sorrir satisfeito com seu ritmo,
ela transformar-me-ia em um pássaro noturmo
e eu deixaria a Terra, indo para outro mundo.
Veria coisas incríveis, cores, vidas tão diversas,
a evolução dos povos através de longas eras,
a riqueza do universo, abundante em beleza,
tantas coisas formidáveis! E enfim encontraria
tua fonte encantada, ó deusa Melancolia.

(19,11,2023)


O conforto da tristeza

Muitos temem a tristeza, fogem dela, a rejeitam. Os masoquistas a procuram, porém como uma forma de punição. Alguns, no entanto, veem beleza na tristeza, a beleza incompreendida de uma flor alienígena. O seu frio é aconchegante, em sua penumbra noturna posso descansar os olhos. A tristeza para mim confunde-se com o relaxamento, um estado de calma como o da vigília antes do sono. Ela conserva minha energia e evita que eu me degrade com o calor das fortes emoções. Além disso, quem ama a tristeza nada teme. A alegria é sempre acompanhada do temor que algo ou alguém a roube ou a destrua. É um tesouro cobiçado. A tristeza, ao contrário, é um tesouro envolto em mistério e que muitos evitam e rejeitam. Ninguém vai querer roubar sua tristeza, ninguém vai invejá-la. Só não deixe que o mundo perceba que a tristeza é a sua paz, pois a paz, esta sim, todos querem roubar.

(13,11,2023)

O mundo em que vivo

Eu não estou no mundo, aqui fora. Estou em mim, no universo interior, o lar onírico, o abrigo dos meus pensamentos. Aqui fora eu sou apenas um diplomata, um enviado para me representar, enquanto o meu eu completo vive em seu próprio ecossistema habitado por lembranças, fantasmas, fragmentos, reflexos e aspectos do meu ser. Neste mundo, nunca há sol de meio dia, nem mesmo o vespertino. Na maior parte do tempo é nublado, com uma leve neblina a gotejar, criando orvalho nas plantas, reluzindo entre a komorebi que atravessa a folhagem. À noite a chuva se intensifica e embala meu sono. É assim na capital, na cidade onde a mente reina, um mundo noir, misturando a penumbra e as cores do neon. Há, porém, outros biomas. O deserto do eremita, contendo dunas e cavernas nas rochas, um mundo próprio para o recolhimento, um mundo de fuga. À noite, o deserto é o melhor lugar para contemplar as estrelas. O bosque do mago, do druida, um bioma multicolorido e variegado, tomado pela imaginação e a loucura. Em algum lugar do bosque há um pântano e ali vive uma criatura. Há também campos floridos e árvores gigantescas e ancestrais, guardiãs de uma longa memória e portadoras do saber. O oceano é um mundo de forças primitivas, misteriosas, e nas suas profundezas encontra-se um abismo. No continente há montanhas e uns poucos vulcões que parecem já não estar ativos, tendo sua ira aplacada ou recolhida nas profundezas do ventre da terra. Há tanto a se explorar, tanto a se conhecer, mas quanto mais eu caminho, mais o horizonte se estica e reconfigura. E pensar que isto é apenas um fragmento, um fractal, do vasto campo quântico que consiste na consciência cósmica.

(02,11,2023)